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por Juan Carlos Orozco

 

Saber escutar e enxergar


“Saber escutar e enxergar” veio à reflexão depois de assistir a uma palestra sobre o Evangelho de Jesus, acompanhado de um amigo, ao perceber que algumas pessoas ali presentes, ouvindo o palestrante, tinham seus pensamentos em lugares diversos e os ensinamentos transmitidos não eram assimilados.

Pelo tema da palestra, achava que ela estava direcionada para o meu amigo, que se encontrava em profunda depressão e precisava de ajuda urgente, mas, apesar da habilidade e da destacada eloquência do palestrante, o amigo não se sensibilizou.

Barreiras levantam-se bloqueando a Palavra, com destaque para os sentimentos de orgulho e egoísmo, que cegam para as coisas de Deus, e para a surdez seletiva com aqueles que nos falam, que, dentro do livre-arbítrio, as pessoas somente se voltam para aquilo que julgam ser mais importante, do seu interesse e prioritário.

Muitos escutam a Palavra, entretanto, poucos são os que colocam a lição nos ouvidos. A maioria prefere proferir petições, imaginando que as bênçãos divinas virão sem trabalho, esforço, sacrifício e merecimento.

Jesus disse: “por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, e, vendo, vereis, mas não percebereis”. (Mateus 13: 13-14)

Do ensino por parábolas, Jesus destaca dois sentidos para compreender e perceber: audição e visão.

Saber escutar e ver é de suma importância para compreender, perceber e evoluir intelectual, moral e espiritualmente, principalmente estar em condições de assimilar os ensinamentos, mediante o autoprogresso.

Ouvir e ver conduzem para o interior, estimulando cérebro e coração; falar é direcionado para o exterior; ouvir e ver relacionam-se com aprender, entender, compreender, refletir, assimilar, dentre outros; o falar comunica, externa, ensina, divulga etc.; e os sentidos dos seres humanos são meios de evolução material e espiritual.

“Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”, Jesus assim se expressava quando de seus ensinos, indicando às pessoas que era necessário entender suas palavras, mas que esse entendimento demandaria do ouvinte uma atenção especial, pois não eram apenas palavras retóricas, mas ensinamentos para a vida.

É o alerta que nos informa ser preciso não apenas escutar as orientações propriamente ditas, mas aprender a identificar as oportunidades de crescimento que nos alcançam a existência, em geral manifestadas sob a forma de provas.

“Quem tem ouvidos para ouvir” não perde tempo com lamentações, gemidos ou clamores. Conhece as dificuldades que envolvem os que produzem bons frutos, mas não se detém: trabalha incessantemente, guiando-se pelas elevadas intuições que lhe inspiram os benfeitores espirituais, sem medos, pressas ou retardamentos. Palmilha o caminho da efetiva libertação, transformando-a em reservas de bom ânimo e encorajamento em bálsamos que aliviam as dores do próximo.

Sempre surge o momento ou a circunstância favorável à renovação individual. Tais ocorrências se manifestam nos acontecimentos corriqueiros, no dia a dia da existência, e representam bênçãos oferecidas pela Bondade superior, mas que dependem da capacidade de a pessoa “ver” e “ouvir” para saber aproveitá-las com êxito.

 

Bibliografia:

BÍBLIA SAGRADA.

KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho segundo o Espiritismo. Da 3ª Edição francesa. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

 
 

 

     
     

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