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por Temi Mary Faccio Simionato

 

Templo interno


A humanidade terrena é como um grande organismo coletivo, cujas células somos nós, envolvidos no desequilíbrio, em processo de reajustamento e redenção. Esta passagem transitória é valioso recurso para a ascensão do nosso Espírito e o tempo é o crédito do qual daremos conta, enquanto nosso corpo terrestre for ferramenta preciosa com que a alma deverá servir-se na oficina do progresso.

A diferença entre o que ainda somos e o que deveremos ser é típico de todos que despertam para as exigências da ascensão espiritual. O apóstolo Paulo de Tarso, refletindo sobre semelhante problema, declarou na Epístola aos Romanos, capítulo 7, versículo 19, o seguinte: “Não faço o bem que quero, no entanto o mal que não quero, esse faço”.

É preciso procurarmos fortalecer-nos com a certeza de que, sondando as nossas chagas morais, podemos formar conhecimento mais seguro de nós mesmos, refletindo em nossas fraquezas, sem autocondenação, enfrentando-as e corrigindo-as à custa de nossa retificação, pois somos Espíritos endividados perante a Lei Divina. E isto é uma realidade.

Somente servindo ao próximo com esquecimento de nós mesmos, dissiparemos as trevas do egoísmo que ainda envolvem nossa alma. Raciocinando sobre as nossas deficiências e desequilíbrios, que ainda nos pesam, estaremos curando nossa cegueira do espírito. O que nos faz lembrar de Narcisa, aclarando André Luiz, no livro Os Mensageiros, capítulo 44, psicografado pelo saudoso Francisco Cândido Xavier: “André, meu amigo, nunca te negues, quanto possível, a auxiliar os que sofrem. Ao pé dos enfermos, não olvides que o melhor remédio é a renovação da esperança; se encontrares os falidos e derrotados da sorte, fala-lhes do divino ensejo do futuro; se fores procurado, algum dia, pelos Espíritos desviados e criminosos, não profiras palavras de maldição. Anima, eleva, educa, desperta, sem ferir os que ainda dormem. Deus opera maravilhas por intermédio da boa vontade”.

O amor infinito de Deus nos descerra radiantes caminhos para a nossa elevação, todavia, Sua justiça determina que venhamos a receber, invariavelmente, segundo as nossas obras. Sejamos dignos, desta forma, do perdão Divino, pois nossa alma anseia reajuste e dom renovador. Mas não olvidemos o dever de destruir os espinhos que ajuntamos, porque o progresso não sofre estacionamento e a alma caminha incessantemente atraída pela luz imortal. E é justamente aí que a consciência de aprendiz procurará a justa integração com a vida mais alta, através do esforço interior, da disciplina e do autoaperfeiçoamento.

É importante recordarmos que os grandes orientadores da humanidade não mediram a própria grandeza, senão pela capacidade de regressar aos círculos da ignorância para exemplificarem o amor e a sabedoria, a renúncia e o perdão aos semelhantes. É por isso que precisamos temperar todo impulso de elevação com o sal do entendimento, evitando a precipitação nos despenhadeiros do egoísmo e da vaidade. O céu e o inferno residem dentro de nós e a nossa mente é o campo da consciência desperta, que nos faz entender que Deus estabelece ordem. Por essa razão, precisamos atender e seguir a Sua Lei na prática diária, para assim evoluir e deixar que a luz que há dentro de nós se irradie. É como a semente que se desenvolve e busca nutrientes para crescer e se expandir.

Não há mais dúvidas de que Deus é amor, mas também é justiça que atribui a cada um de nós segundo as nossas escolhas. Sendo amor, concede à consciência extraviada tantas experiências quantas forem necessárias, a fim de nos retificarmos. E sendo justiça, ignora quaisquer privilégios a quem queira impor. Somos todos portadores da planta do Cristo na terra do coração e somente trabalhando no bem encheremos o cálice do coração com o bálsamo do amor Divino, caminhando confiantes. Portanto, é indispensável lavarmos o “vaso do coração” para receber a água viva do Evangelho, abandonando envoltórios inferiores, para vestir os “trajes nupciais” da luz eterna.

Na Doutrina Espírita temos um conjunto de verdades sublimes que se dirigem, de preferência, ao coração humano. É impossível examinar a grandeza suprema com a nossa imperfeição ou mesmo recolhermo-nos às águas puras com o vaso sujo dos nossos raciocínios viciados nos enganos e equívocos de milênios. Primeiramente, deveremos construir o vaso para que, em seguida, possamos alcançar Suas bênçãos. Assim sendo, se torna inadiável reconhecermos que no sentimento reside o controle da vida. Ofereçamos, então, ao Senhor, um coração firme e terno para que as Divinas mãos gravem nele os Seus desígnios. Só assim, poderemos encontrar em todas as estradas o abençoado lugar de cooperadores de Sua vontade. Tudo começa e termina no coração e, ao exteriorizar-se, materializa generosa plantação ao redor dos nossos passos, de vez que onde estiver o nosso tesouro, lá estará o nosso coração. Alcançaremos, então, a posição espiritual da docilidade ativa e operante em todos os lugares e situações, passando a representar para nós, Espíritos imortais que somos, o lugar abençoado de aperfeiçoamento. Desta forma, poderemos nos tornar, um dia, cooperadores da Sua vontade, instituindo um roteiro de coragem ultrapassando as imensidades desses oceanos perigosos e solitários.

Deixamos uma reflexão com a mensagem fraterna de Auta de Souza, no livro Parnaso de Além Túmulo, através de Francisco Cândido Xavier: (...) “volve ao teu templo interno abandonado, a mais alta de todas as capelas, e as respostas mais lúcidas e belas hão de trazer-te alegre” (...) “compreenderás a dor que te domina, sob a linguagem pura e peregrina, da voz de Deus, em luz de redenção”.

 

Bibliografia:

XAVIER, C. Francisco – Vinha de Luz – ditado pelo Espírito Emmanuel – 27ª edição – Editora FEB – Rio de Janeiro/RJ/ lição 29 – 2011.

XAVIER, C. Francisco – Estante da Vida – ditado pelo Espírito Irmão X - 10ª edição – Editora FEB – Brasília/DF/ lições 30 e 31 – 2018.


 

 

     
     

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