Ensinar empatia às crianças
Todo indivíduo faz diferença.
Jane Goodall
Aspiramos a que uma criança cresça empática?
Ainda que a empatia seja uma inclinação natural do ser
humano, ela depende na infância de estímulo para
desenvolver-se. Como em qualquer situação, o primeiro
passo é o exemplo. Porque as crianças absorvem tudo – as
atitudes positivas e os comportamentos negativos. Logo,
se queremos crianças empáticas, devemos também ser
pessoas empáticas – em casa, na rua, no dia a dia,
deixando que percebam, observem e absorvam de modo
repetido nosso cuidado e atenção com os outros e, ainda,
as consequências de nossas atitudes gentis, atentas,
compassivas.
A habilidade de se colocar no lugar do outro pode também
ser estimulada na primeira infância por meio da
literatura infantil, que é um pilar importante no
desenvolvimento da criança.
Quando a criança tem contato com os cenários diversos da
literatura, ela tem a oportunidade de viver diferentes
experiências, abrindo-se a emoções distintas – medo,
raiva, tristeza, alegria –, integrando-se a contextos
que abordam perspectivas plurais da humanidade, o que
contribui para que ela cresça com mais compreensão,
mais empatia.
Contar histórias para as crianças pequenas e permitir
que cresçam com acesso fácil a livros contribuem de
modo bastante eficaz com o fortalecimento das
habilidades emocionais, portanto da empatia, porque a
identificação com personagens dão o caldo imaginário
necessário para a criança se reconhecer e se colocar no
lugar dos personagens, entender diferenças e conhecer
novas formas de resoluções de conflitos que poderão, por
exemplo, ser reproduzidas nas situações reais.
Por permitir a diversidade, despertando na criança seu
potencial reflexivo e crítico, a literatura, sem
mencionar outros aspectos, é um recurso que, na
infância, favorece o desenvolvimento da empatia.
Notinhas
A empatia – habilidade de se colocar no lugar do outro –
não é uma característica individual que depende somente
de fatores genéticos. Aliás, é sabido hoje que os
fatores ambientais têm influência expressiva para o
desenvolvimento da empatia.
É na primeira infância (período entre os 0 e 6 anos) que
o nosso cérebro passa pelo maior número de conexões
neuronais (sinapses), criando uma janela de oportunidade
para o aprendizado. Assim, se área do cérebro
responsável por habilidades emocionais como a empatia
não é devidamente estimulada na infância, fica mais
difícil desenvolvê-la na vida adulta.
É possível observar, desde o nascimento, comportamentos
que são uma espécie de precursores da empatia, como o
choro reativo de um bebê ao ouvir outra criança
chorando. Mas é a partir do primeiro/segundo ano de vida
que os fatores ambientais – como a interação com os pais
– começam a preponderar no desenvolvimento da empatia.
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