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por Wellington Balbo

 

O progresso e suas necessidades, antes ilusórias, depois reais


Eu costumo comentar em casa que o complicado de reencarnar é passar pela fase da infância e adolescência.

Embora, por razões óbvias, seja um momento necessário ao Espírito, não é uma fase bacana porque o Espírito encontra-se meio adormecido, sem suas mais reais condições bem desenvolvidas.

Claro que tomo como base a minha própria experiência, não obstante uma infância e adolescência feliz, percebo, hoje, aos 44 anos, que aparentemente "dormi" boa parte desse tempo (infância e adolescência), pois não tinha noções de muitas coisas que hoje tenho.

Em "A Lei de Progresso" lá na questão 777 de “O Livro dos Espíritos”, Kardec faz uma indagação muito interessante aos Espíritos envolvendo o estado natural do Espírito, se assim podemos colocar, a infância do Espírito.

No estado natural, o Espírito não tem tantas necessidades, portanto não cria tribulações para si, mas com o passar do tempo e o seu adiantamento vem a civilização e as necessidades aumentam, de modo que, em nova fase, o Espírito se vê angustiado diante das “necessidades” que se apresentam, pois quer supri-las, nem sempre consegue, ou, então, julga de forma equivocada e toma aquilo que é supérfluo como algo extremamente importante e, por isso, sofre.

Vejamos, por exemplo, a questão que envolve os telefones celulares. Recordo-me que no início dos anos 1990 os celulares eram algo supérfluo, pois a maioria das pessoas possuía o telefone fixo e assim se comunicavam, sendo, portanto, uma ferramenta que supria as necessidades daquela época.

Mas, a despeito de ser algo supérfluo, vi muita gente sofrendo, já naquele início da era dos celulares, porque não tinha o aparelho.

Queriam de todas as formas um aparelho celular e viam naquilo uma necessidade, todavia, o celular, embora marcasse um avanço, ainda não poderia ser denominado como elemento de grande importância.

Hoje, porém, com o progresso tecnológico do conhecimento e sua interação com a vida cotidiana, o aparelho celular tornou-se uma necessidade, inclusive para o desempenho da atividade profissional.

Atualmente, com as inúmeras mudanças da legislação trabalhista e das relações de forma geral, o já citado aparelho celular é uma necessidade real e não mais uma necessidade ilusória para atender meros caprichos.

Vejamos que a própria pergunta de Kardec mostra que esta fase de agonia na criação de necessidades é uma transição para que o Espírito possa desenvolver-se e desfrutar da paz junto ao processo civilizatório e o progresso.

Sendo o progresso uma Lei que a ninguém é dado barrar, teremos, por lógica, que sair da infância, mas ao sair da infância nos deparamos com inúmeras necessidades que, num primeiro momento, causam angústia, porém, depois, já acomodados num degrau um pouco mais alto da existência, aprendemos a conviver com os benefícios do progresso de forma interiormente pacífica.

Tarefa fácil?

Não. Mas venceremos, certamente, mais esta etapa de angústia e aflição para, então, gozar de uma vida mais bacana e feliz, em equilíbrio no que concerne ao progresso e suas infinitas possibilidades.
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita