Conta-nos o Prof. Lauro Pastor, residente em Campinas,
amigo de Chico Xavier desde Pedro Leopoldo, que certa
vez, ao visitá-lo, caminhando em sua companhia pelas
ruas da cidade, se depararam com uma procissão. A
igreja-matriz de Pedro Leopoldo ficava, como fica, na
mesma rua onde se ergueu o Centro Espírita “Luiz
Gonzaga”; à época, os católicos organizavam algumas
procissões ditas de desagravo contra os espíritas.
Observando que a procissão, com diversos acompanhantes e
andores, se aproximava, o Prof. Lauro sugeriu a Chico
que apressassem o passo, pois, caso contrário, não
poderiam depois atravessar a rua – a menos que cortassem
a procissão pelo meio, o que seria uma afronta.
Pedindo ao amigo que não se preocupasse, Chico parou na esquina
e, enquanto a procissão seguia o seu roteiro, manteve-se o tempo
todo em atitude de respeito e de oração, ainda convidando o
amigo para que ambos se descobrissem, ou seja, tirassem o chapéu
– sim, porquanto, naqueles idos de 1950, Chico também usava
chapéu.
O Prof. Lauro disse-nos que nunca mais pôde esquecer aquela
lição de tolerância religiosa que lhe foi dada por Chico,
enfatizando ainda que foi dessa maneira que, aos poucos, o
médium venceu a resistência de seus opositores da Doutrina.
Exemplos de Chico Xavier que, nem sempre, em nossa atual
condição evolutiva, temos assimilado; fazemos da religião uma
paixão clubística, sem atinarmos que Jesus não hesitava,
inclusive, de comparecer às sinagogas dos judeus, sem
significar, todavia, que lhes endossasse a ritualística em que
“a pretexto de longas orações, devoravam as casas das viúvas”...
De Histórias de Chico Xavier, elaborada pelo Grupo de
Estudo Allan Kardec.
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