O cego de Jericó
A oração é o fio invisível que nos liga a esse
universo infinito. É através desse recurso que
agradecemos, louvamos e exteriorizamos nossas
rogativas ao Pai celestial, Senhor da Vida e dos
Mundos.
Mas, quando fazemos nossas orações, será que
sabemos pedir? Somos justos buscando o
necessário para nós?
Essa é uma questão delicada por oferecer
oportunidades sem limites aos que pedem. E, por
isso, os excessos e os abusos acontecem das mais
variadas formas, mesmo porque o gesto de pedir é
o que a grande maioria das pessoas faz.
Aquele que exercita a consciência, e é justo em
sua vida, certamente não tornará esse momento um
momento de exploração, indo além de sua
prioridade, de sua necessidade.
Nesta mensagem de Humberto de Campos enviada
pela psicografia ao médium Francisco Cândido
Xavier, temos a expressão do equilíbrio da parte
do necessitado em fazer a rogativa a Jesus,
quando pediu-lhe a atenção e a sua bênção.
'O cego de Jericó':
"O cego de Jericó é das grandes figuras dos
ensinamentos evangélicos. Informa-nos a
narrativa de Lucas que o infeliz andava pelo
caminho, mendigando.... Sentindo a aproximação
do Mestre, põe-se a gritar, implorando
misericórdia.
Irritam-se os populares, em face de tão
insistentes rogativas. Tentam impedi-lo,
recomendando-lhe calar as solicitações. Jesus,
contudo, ouve-lhe a súplica, aproxima-se dele e
interroga com amor:
– Que queres que te faça?
À frente do magnânimo dispensador dos bens
divinos, recebendo liberdade tão ampla, o
pedinte sincero responde apenas isto:
– Senhor, que eu veja!
O propósito desse cego honesto e humilde deveria
ser o nosso em todas as circunstâncias da vida.
Mergulhados na carne ou fora dela, somos, às
vezes, esse mendigo de Jericó, esmolando às
margens da estrada comum. Chama-nos a vida, o
trabalho apela para nós, abençoa-nos a luz do
conhecimento, mas permanecemos indecisos, sem
coragem de marchar para a realização elevada que
nos compete atingir. E, quando surge a
oportunidade de nosso encontro espiritual com o
Cristo, além de sentirmos que o mundo se volta
contra nós induzindo-nos à indiferença, é muito
raro sabermos pedir sensatamente.
Por isso mesmo, é muito valiosa a recordação do
personagem mencionado no versículo de Lucas,
porquanto não é preciso comparecermos diante do
Mestre com volumosa bagagem de rogativas. Basta
lhe pedirmos o dom de ver, com a exata
compreensão das particularidades do caminho
evolutivo. Que o Senhor, portanto, nos faça
enxergar todos os fenômenos e situações, pessoas
e coisas, com amor e justiça, e possuiremos o
necessário à nossa alegria imortal".