Um minuto
com Chico Xavier

por Regina Stella Spagnuolo

   

Castro Alves voltou a escrever, pelas mãos de Chico Xavier, no Encontro da Boa Vontade, realizado em 17 de outubro de 1990 no Centro Espírita União. Era a 16ª vez consecutiva que Chico participava desse encontro anual, realizado pelo casal Nena e Francisco Galves em favor da difusão do livro espírita. Emmanuel foi o autor da obra lançada nessa noite, Excursão de Paz. Mais de duas mil pessoas prestigiaram o lançamento, vindas do interior do estado, da capital e também de outros estados. O médium autografou 1.738 exemplares e cumprimentou a todos com sua natural afabilidade, permanecendo firme até às 6h30 da manhã.

Em sua Rogativa, Castro Alves falou da guerra que pairava sobre o Golfo Pérsico e espraiava-se na amplidão. O poeta pede a Jesus que nos livre desse mal. “Sei que o conflito iminente pode surgir de repente!...” afirma o poeta, relembrando o seu próprio passado na Guerra das Cruzadas. E ante o desequilíbrio dos irmãos do mundo, Jesus aconselha: “Quando a vida se desmanda precisamos cultivar mais trabalho, mais perdão e mais amor!...”

Vejamos o que nos diz o poema:


No Golfo Pérsico é noite...

Revejo a nuvem da guerra,

Pairando, acima da Terra,

A espalhar-se na amplidão...

No bojo dos grandes barcos,

Em mesas enfileiradas,

Ouço frases cochichadas

Exprimindo inquietação.

Nos guerreiros veteranos,

Há silêncio, não há voz...

E vendo luz ao meu lado

Entro na bênção da prece,

Pedindo a Deus

Fortaleça a todos nós.

Fitando o Alto, eis que imploro:

- “Ah! meu Pai, por que meu Deus,

Por que deste tanto ódio

Aos teus filhos e irmãos meus?”

Sem que ninguém saiba de onde,

A voz dos Céus nos responde:

- “A todos damos amor!...”

Invoco então Jesus Cristo,

Amado Mestre e Senhor:

“Jesus, ante o teu Natal,

Livra-nos sempre do mal!”

E o Mestre disse em voz alta:

“Para o Bem nada nos falta

Amparai-vos uns aos outros,

Amai-vos qual vos amei!...

Sei que o conflito iminente

Pode surgir de repente!...”

De espírito transformado

Operando mentalmente

Volto ao meu próprio passado...

Vejo a Guerra das Cruzadas,

Homens munidos de espadas

Montam soberbos corcéis;

Crianças abandonadas

Procuram mães desoladas

Sofrendo golpes cruéis!...

Eis-me também nas Cruzadas...

A guerra é longa e sangrenta,

O Homem não se contenta,

Crê no ódio, mais e mais;

Nada suprime a matança,

Morre a paz sem esperança,

Gerando embates fatais...

A batalha continua!...

Volto a Jesus e pergunto:

Como agir? Dize Senhor,

Perante o desequilíbrio

De nossos irmãos do mundo,

Rogamos que nos definas

Com Tuas Lições Divinas:

Que fazer perante a Lei?

Fala, entretanto, o Senhor:

“Quando a vida se desmanda

Precisamos cultivar mais trabalho,

Mais perdão e mais amor!...”

A guerra prossegue intensa!...

Os homens nos lembram feras

No caminho de outras eras

Sem Luz, sem Paz e sem Crença...

E em vilarejo distante,

Embora vitorioso,

O Rei Luís cai exangue

E morre em poeira e sangue

Ferindo o mundo cristão!...

Tantas lembranças amargas!...

Afasto-me do terror

Sempre o ódio em tantas cenas!...

Para ilações mais serenas

Em torno do horrível evento

Coração em sofrimento

Mergulhado em grande dor!

Quero pensar livremente,

Não suporto a grande luta:

Retiro-me quando escuto

Alguém a dizer-me, claro:

- “Em Deus não há desamparo!...”

O mensageiro da Luz

Pedia-me paz e fé,

Na bênção do Herói da Cruz!...

Consciente, ansioso e aflito

Procuro guardar-me em prece,

Na paz de que necessito!...

Vejo em torno a Natureza,

Tudo é Esperança e Beleza!...

O vento brinca na areia...

Noto onde o solo se alteia,

Terra verde e céu de anil!

A dor quase me enlouquece,

Mas em paz reflito em prece:

- Deus nos preserve o Brasil.

 

Do livro Lições de Sabedoria, de Marlene Rossi Severino Nobre.



 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita