Um pouco melhor
Lisboa, 16 de Novembro de 2019, Associação de
Comerciantes de Lisboa, 1º Seminário de Medicina e
Espiritualidade, organização da Associação
Médico-Espírita de Lisboa (AME-Lisboa), apoio da
Federação Espírita Portuguesa (FEP), tema “Desafios do
Ser e da Dor”.
Sábado de manhãzinha foi preciso levantar bem cedo.
Apetecia dar mais uma volta na cama, mas estava
combinado. Outros esperavam a minha boleia em direcção a
Lisboa. Lá andamos 1h na estrada, em busca de algo. Não
é para qualquer um, é preciso ter gosto naquilo de que
se gosta (sorrisos), pensei, ao encontrar cerca de 200
pessoas de várias regiões de Portugal, desde Quarteira (Algarve)
até ao Porto, que me tenha apercebido.
Entramos, e logo nos chamou a atenção a organização
impecável, esmerada, cuidada, um sorriso nos lábios,
próprio de quem gosta de nos rever. Uma pasta
identificativa do evento, material de divulgação,
informação, uma esferográfica com o logotipo da
AME-Lisboa, crachá moderno e com o nome do evento, um
livro de Divaldo Franco com capa específica para este
Seminário (Libertação pelo Amor), programa estilizado e
a cores.
Cada passo dado e/ou outro beijo ou cumprimento,
reencontrando amizades, conhecendo gente nova: que bom!
É a Lei de Sociedade que nos ensina “O Livro dos
Espíritos” de Allan Kardec. Só assim, numa vida de
relação, evoluímos, sem dúvida. Olhando para o lado, uma
enorme, diversificada e barata bibliografia espírita,
fornecida pela FEP. Quanto trabalho ao longo dos vários
anos devem ter tido para que pudéssemos, hoje, usufruir
de bons livros espíritas que, em vez de virem do Brasil,
eram feitos em Portugal, a 1/3 do preço. A maior
caridade que se pode fazer com o Espiritismo é
divulgá-lo, dizia o Espírito Emmanuel. Veio-me à cabeça!
Quanta caridade ali exposta, quanto consolo, quantas
lágrimas a secar, desespero a eliminar, quiçá vidas a
salvar.
Excelente e nobre trabalho que a FEP tem efetuado, nesta
área…
O evento começou com as apresentações de praxe, envoltas
na música lírica de João Paulo e Luís Peças, com o
mestre de cerimônias Esteves Teiga a deixar nas suas
intervenções sempre um lastro de alegria, ânimo e uma ou
outra reflexão oportuna. Durante todo o dia
respirava-se, no ambiente envolvente, um ar que cheirava
a amizade, bem-estar, harmonia.
“Não viemos à Terra, nesta reencarnação para salvar o
mundo, para salvarmos os outros, para sermos perfeitos.
Se sairmos daqui, no fim da vida corporal, um pouco
melhor do que quando chegamos (pelo nascimento), já terá
valido a pena.”
A enfermeira Cristina Pereira falou dos aspectos
espirituais do coma, seguindo-se a enfª Natércia com o
tema da parentalidade. Depois de um intervalo de 30
minutos, o psiquiatra Roberto Lúcio (Minas Gerais,
Brasil) falou do suicídio e da assistência aos
sobreviventes. Já se sentia o roncar do estômago, estava
na hora de reabastecer o corpo, depois de termos
alimentado o Espírito. Duas horas depois, a psicóloga
Lourdes Barbosa recomeçava, falando de perdas afetivas.
Gláucia Lima, psiquiatra, abordou um tema sempre difícil
de entender: os filhos difíceis, a hiperatividade,
déficit de atenção, autismo.
Estava na hora de um cafezinho, em novo intervalo, para
dar tempo para mastigar bem os conceitos escutados,
enquanto se ouviam mil e um “olá”, beijinhos,
cumprimentos, sorrisos, alegria, muita alegria e boa
disposição no ar. No recomeço, a jovem médica Joana
Farhat veio propositadamente do Porto para falar do
poder do pensamento na saúde e na doença, terminando o
evento (antes de outro trecho musical e do encerramento
oficial pelo presidente da FEP) com outra conferência de
Roberto Lúcio, que falou da terapia para a alma,
libertação pelo Amor.
Se a primeira conferência deste médico foi mais técnica,
esta foi técnico-moral, fazendo uma ligação entre o
conhecimento médico e a mensagem que Jesus de Nazaré
deixou na Terra há 2 mil anos. Às páginas tantas, uma
frase alertou o radar da minha atenção: “Não viemos à
Terra, nesta reencarnação, para salvar o mundo, para
salvarmos os outros, para sermos perfeitos. Se sairmos
daqui, no fim da vida corporal, um pouco melhor do que
quando chegamos (pelo nascimento), já terá valido a
pena.”
Foi difícil sair do espaço, apetecia ficar, continuar,
conviver mais, mas os afazeres do quotidiano são
implacáveis. Fomos embora, cada um para a sua localidade
de residência, para a sua casa, valeu a pena.
Este evento dignificou a Doutrina dos Espíritos,
codificada por Allan Kardec, em todos os aspectos:
partilha de conhecimento, convivência saudável, ideias
de melhoria moral em todos os presentes.
Chegamos à casa de alma cheia, mas aquela tirada final
deixou-me a pensar… Viemos à Terra para sairmos daqui… um
pouco melhor … do que quando entramos! Como diria o
saudoso jornalista português, Fernando Pessoa: “E
esta, hem?...” Um pouco melhor… basta (sorrisos)!
Nota da Redação:
Por falta de espaço na
ocasião, este artigo está sendo publicado com atraso na
presente edição em face da relevância do evento
reportado pelo autor.
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