Artigos

por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo

 

O mal e a verdadeira injustiça


“A escuridão não pode expulsar a escuridão, apenas a luz pode fazer isso. O ódio não pode expulsar o ódio, só o amor pode fazer isso.” - 
Martin Luther King Jr. 


Todos os dias temos a oportunidade de agradecer por mais uma bênção da manhã, quando o sol radiante, logo às primeiras claridades, ilumina a noite que se desfaz num novo dia. Sempre, quando despertamos, temos duas opções: ser feliz ou infeliz, praticar o bem ou ignorá-lo. Porque o mal é apenas o afastamento da bondade e do amor.

Eu procuro olhar para a frente e seguir minha meta, que é minha melhoria, determinando para mim mesmo viver com mais amor e enxergar os anjos que Deus coloca em torno de mim, para minha edificação. Demorou muito tempo para eu entender que não posso modificar o outro, especialmente meus familiares. E agora faz tempo que eu não choro por eles, eu só agradeço, porque estar com eles é um privilégio.

Agora eu não fico mais preocupado com os problemas, minha mente busca a solução, o caminho do meio, do meio correto, honesto e justo. 

Dificuldades todos têm, e desde que se nasce. Aprendi, conversando com os mortos, que é mais rápida a adaptação na Vida pós-morte – pois lá poderemos conversar com aqueles que se foram antes de nós, no mesmo dia – do que renascer na Terra, onde se demanda muito tempo e esforço de aprendizado: um ano para andar, para entender os outros e os adultos, e mais um tempo para conversar com eles. 

Minha esposa diz que não gostaria de renascer no Japão ou na China, porque deve ser muito difícil escrever aqueles traços que, para quem não aprendeu a língua, são inacessíveis, quanto mais falar o idioma. 

E eu agradeço por ter nascido no Brasil, mesmo com o país não estando entre os mais felizes do mundo, mas ele é maravilhoso, seu clima, sua natureza, seus rios que parecem não ter solução... vem a chuva e renova tudo, fica lindo, limpinho. E uma semana depois os homens e as empresas o emporcalham novamente. Mas Deus continua no leme e nos deu a direção, o livre-arbítrio. Tudo se renova e a esperança nos mostra que podemos ir além e melhorar e recuperar. 

Lendo o Novo Testamento vi que Jesus conta a história de um homem que caiu na mão de saqueadores (ou sequestradores), que despojaram-no de tudo e ainda bateram no “coitado”, que, ferido, ficou caído ao “deus-dará”. 

Demorou, porque caminharam por ali dois homens da lei, um sacerdote e um levita (aquele que interpreta os ensinos moisaicos) e passaram de largo.

Mas sempre tem uma alma boa em nosso caminho. Um bom samaritano que, mesmo desconhecido, socorre-nos. E o caído foi acomodado numa pensão, e com todas as suas despesas pagas. 

É bom aprender que a injustiça, em qualquer lugar, é uma ameaça à justiça em todo lugar do mundo. Porém, os misericordiosos também são uma fonte de amparo, proteção e equilíbrio em qualquer lugar do mundo. Na medida em que despertamos para a espiritualidade, temos um outro olhar e a consciência de que teremos a vista da montanha que conseguirmos escalar. Enquanto estamos na sua base, só vemos dificuldades; no topo, descortinamos um novo horizonte de perspectivas. 

Lembrei-me de Jesus, um iluminado; lembro de outro, Buda, que ensinava que temos de controlar nossos anseios, desejos e interesses, e ter sintonia com o bem e com a paz. Diz o iluminado nepalês: “Nem teus piores inimigos podem fazer tanto dano, como teus próprios pensamentos”. Porque a verdadeira injustiça não é sofrê-la e, sim, praticá-la.

 

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é editor da Editora EME.


  

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita