Precisa-se de mão de
obra especializada
Como atender a mãe que
se desdobra para manter
vivos os filhos, cujo
pai presente está num
catre, ou ausente,
debandou para longe
diante da impotência em
lutar pela vida? O
barraco pobre é
inabitável, as
necessidades muitas, e a
família está sob risco.
Como atender as crianças
que pedem uma fruta,
umas colheres de feijão,
um pão amanhecido, que
seja? Com as
barriguinhas enormes,
impaludadas, olham para
os adultos e não
compreendem por que a
comida não vem.
Como ajudar o velho já
sem forças, que precisa
se alimentar e se
abrigar e só dispõe das
calçadas para estirar o
corpo? A angústia e o
medo lhe corroem a alma
cansada.
Como cuidar do menino
sem escola, não avisado
de que a inutilidade das
horas traz sofrimento.
Como socorrer a menina
assediada pelo adulto
sem escrúpulos? A
qualquer momento ela
poderá se tornar vítima
de um familiar, de um
vizinho, de um
conhecido.
Como defender os jovens,
que cresceram rápido e
sequer sabem ler? A
cabeça cheia de
pensamentos ruins.
Como socorrer a mulher,
historicamente vitimada
por falsos conceitos
sociais e uma ignorante
noção de força, que
privilegiam o masculino.
Como socorrer o doente
sem recursos que já não
toma seus remédios
regularmente e definha?
Habituou-se à dor
incorporada ao seu dia a
dia.
Como atender o triste,
que precisa de uma
palavra consoladora, de
apoio e orientação? Sem
perspectiva, pensa
abandonar esta vida e
mergulhar no falso
esquecimento.
Como fazer entender a
muitos que o equilíbrio
da vida na Terra depende
da preservação da fauna
e da flora, e que
destruí-las significa
autoagressão?
Como avisar aos incautos
que a escravidão não
acabou, apenas assumiu
novas estratégias. Por
isso, a necessidade de
conscientização através
do ato de pensar
criticamente.
Como coibir as ações dos
brutos que mandam calar
à força; que desprezam a
cultura, a arte, a
ciência, por
descompromisso?
Patologia espiritual
grave.
Esses são, dentre
muitos, alguns desafios
práticos da vida social.
Quem é humano
suficientemente para se
importar com esse
quadro? Como reformá-lo?
Só compreenderemos com
precisão o que tudo isso
significa, primeiro, se
exercitarmos a empatia.
Se nos colocarmos no
lugar das vítimas. Sim,
vítimas. Embora saibamos
dos compromissos
descumpridos no passado
de cada um, e saibamos
também que a vida é
cheia de experiências
válidas que acabam por
amadurecer o Espírito, é
forçoso reconhecer que
as injustiças sociais
cometidas contra as
populações, por minorias
que detêm poder,
dinheiro e maldade,
deixam marcas profundas
e alteram o destino de
muitas pessoas. E
segundo, se nos
propusermos a colaborar
na modificação desse
cenário. Então, veremos
a montanha de coisas que
estão por fazer.
Haverá os que dirão: –
“Num mundo como o nosso
não pode ser diferente!”
Pode, sim! Vivemos um
tempo em que se deve
proclamar a luta aberta
contra as injustiças
sistemáticas e
premeditadas. Chegou a
hora de convocar os
homens bons e lúcidos
para combater a
ignorância e o atraso da
humanidade. Que cada um
traga o seu melhor para
a construção do mundo
equilibrado, de seres
realmente humanos.
Nesse caldeirão em que
vivemos ninguém é melhor
que ninguém, somos todos
iguais. A qualquer
momento nossa alma será
chamada a prestar contas
de si mesma, enquanto
nossos corpos
apodrecerão em valas
idênticas. Só restará o
bem que fizemos. A quem
nada fez de bom, nada
restará. Só a dor de ter
causado sofrimento.
Numa humanidade doente,
os que se encontram em
melhores condições
precisam auxiliar
àqueles que têm o
Espírito em frangalhos,
cheio de culpa e ódio;
ajudar aos que não veem
a paz como um caminho
para a felicidade e usam
a violência como forma
de convencimento; orar
pelos que trocaram a
dignidade humana pela
mentira e a
prevaricação; esclarecer
os que deram as costas
aos sentimentos de amor,
justiça e caridade, e
“não sabem o que fazem”.
A desigualdade das
condições sociais e tudo
o que dela decorre é
obra do homem, não de
Deus, diz O Livro dos
Espíritos, de Allan
Kardec. Por isso precisa
ser corrigida. A reforma
social diz respeito às
pessoas e, por extensão,
às instituições. Estas
ficarão estagnadas se
aquelas não evoluírem.
Aqueles que se sintam
capazes de amar e que já
compreendem o real
significado da vida, por
isso mesmo, não podem
ficar estáticos,
neutros, anestesiados
num falso estado de
superioridade, diante
desse caos que prenuncia
mudanças morais
importantes. Têm que
assumir o combate
incansável ao egoísmo,
orgulho, vaidade e
ambição, que impregnam
as sociedades. Combater
a ignorância sobre a
imortalidade da alma e
seus desdobramentos.
Insurgir
sistematicamente contra
a ideia de que a vida se
resume a dinheiro,
prazer e domínio, o que
tem infelicitado muita
gente.
A construção dos valores
humanos ideais nunca
dependeu tanto como
agora, da mão de obra
especializada em
compreensão, respeito,
bondade, e também no
conhecimento da vida
integral. Habilitem-se,
as vagas são ilimitadas.
Exige-se apenas curso em
Amor, ainda que
incompleto.