Kardec sofre...
Não tenho dúvidas de que Allan Kardec sofre ao
verificar como as coisas andam no seio do
movimento espírita atual, com brigas, discussões
e confusões das mais variadas, sem nenhum ou
pouco entendimento entre as pessoas que bebem na
mesma diretriz kardecista.
Como tenho certeza disso?
Baseado num texto escrito pelo próprio Kardec,
na Revista Espírita de 1858 e denominado "Os
banquetes magnéticos".
Neste texto, Kardec lamenta a desunião dos
magnetizadores de Paris que, embora nutridos do
mesmo ideal, não se entendem.
E diz Kardec que, por isso, Mesmer sofre. Então,
emprestando a ideia do próprio Kardec, digo, sem
receio de errar: Kardec sofre!
O que ocorreu outrora com os magnetizadores de
Paris ocorre hoje no movimento espírita.
Infelizmente as pessoas não se entendem e gastam
tempo desmerecendo, seja pela tribuna, seja pela
escrita, umas às outras, com críticas das mais
ferozes. Lamentável.
Faço das palavras de Allan Kardec as minhas
palavras.
Se temos o mesmo mestre e as mesmas diretrizes,
por qual ou quais razões não nos entendemos?
Ganharia e muito a ciência espírita se todos
rumassem, juntos, claro que com as divergências
naturais, porém, juntos, ao porto do progresso,
porquanto, sinceramente, no essencial, creio que
todos nós queremos a mesma coisa.
E se nos entendemos no essencial podemos
utilizar as mútuas concessões propostas por
Kardec para que cheguemos cada vez mais próximos
uns dos outros.
Portanto, cada um anda um pouco em direção ao
outro para que, sem o cansaço habitual daqueles
que apenas cedem, nos encontremos para o nosso
bem e o da sociedade de forma geral.
Certamente, neste momento de união e esforço em
prol da ciência espírita, Kardec sorriria feliz
com o empenho de seus discípulos para se
entenderem.
Difícil? Utópico?
Talvez! Mas, em se tratando do ser humano, sei
que é perfeitamente possível esse entendimento.