Hipocondria e cura
O quadro de retificações individuais - após a
morte do corpo - é extenso e variado
“(...) Remediar a saúde e viciar a mente são
duas atitudes essencialmente antagônicas entre
si.” Aniceto
O hipocondríaco,
em sua visita diária à farmácia, olha para as
prateleiras de remédios da mesma maneira que uma
criança olha para uma caixa de bombons, e
solicita do atendente: “por
favor, aquela caixa vermelha ali na terceira
prateleira. Eu ainda não conheço. Vou levar
uma!...”.
O balconista, com alguma dificuldade de se fazer
compreender, alega que aquela medicação só pode
ser vendida mediante receita médica; e o
hipocondríaco – entre raivoso e frustrado – sai
com o nome do remédio escrito em uma folha de
papel em busca de um médico que lhe forneça a
tal prescrição...
Na monumental e singular obra de André Luiz,
psicografada pela mão abendiçoada do cândido
Francisco Xavier, mais especificamente no
capítulo 43 do livro “Os mensageiros”, Aniceto
faz uma abordagem da hipocondria, onde podemos
observar que nem mesmo a “morte” tem o
condão de livrar as suas vítimas da obsessão por
medicamentos, continuando essas criaturas, no
Além, ainda prisioneiras das enfermidades...
Eis o seu
ensinamento ao observar um magote de Espíritos
sofredores: “(...)
se fosse concedida à criatura vulgar uma vista
de olhos, ainda que ligeira, sobre uma
assembleia de Espíritos desencarnados, em
perturbação e sofrimento, muito se lhes
modificariam as atitudes na vida normal. Nessa
afirmativa, devemos incluir, igualmente, a
maioria dos próprios espiritistas, que
frequentam as reuniões doutrinárias, alheios aos
esforços autoeducativos, guardando, da
espiritualidade, uma vaga ideia, na preocupação
de atender ao egoísmo habitual.
O quadro de retificações individuais, após a
morte do corpo, é tão extenso e variado que não
encontramos palavras para definir a imensa
surpresa... Tínhamos
diante dos olhos uma autêntica reunião de “coxos
e estropiados”, segundo
o símbolo evangélico. Em sua maioria trata-se de
irmãos abatidos e amargurados, que desejam a
renovação sem saber como iniciar a tarefa.
Aqueles rostos esqueléticos causavam compaixão.
Pareciam cadáveres erguidos do próprio leito de
morte. Alguns se locomoviam com grande
dificuldade. Em pranto, alguns mantinham as mãos
no ventre, calcando regiões feridas. Não eram
poucos os que traziam ataduras e faixas...
Muitos não concordam ainda com as realidades da
morte corporal. E toda essa gente”, -
explicava Aniceto - “de
modo geral, está prisioneira da ideia de
enfermidade. Existem pessoas que cultivam as
moléstias com verdadeira volúpia. Apaixonam-se
pelos diagnósticos exatos, acompanham no corpo,
com indefinível ardor, a manifestação dos
indícios mórbidos, estudam a teoria da doença de
que são portadoras, como jamais analisam um
dever justo no quadro das obrigações diárias, e
quando não dispõem das informações nos livros,
estimam a longa atenção dos médicos, os
minuciosos cuidados da enfermagem e as compridas
dissertações sobre a enfermidade de que se
constituem voluntárias prisioneiras. Sobrevindo
a desencarnação, é muito difícil o acordo entre
elas e a verdade, porquanto prosseguem mantendo
a ideia dominante. Às vezes, no fundo, são boas
almas, dedicadas aos parentes do sangue e
aproveitáveis na esfera restrita de entendimento
a que se recolhem, mas, no entanto, carregadas
de viciação mental por muitos séculos
consecutivos.
Demoramo-nos todos a escapar da velha concha do
individualismo!
A
visão da universalidade custa preço alto e nem
sempre estamos dispostos a pagá-lo. Não queremos
renunciar ao gosto antigo, fugimos aos
sacrifícios louváveis. Nessas circunstâncias, o
mundo que prevalece para a alma desencarnada,
por longo tempo, é o reino pessoal de nossas
criações inferiores. Ora, desse modo, quem
cultivou a enfermidade com adoração,
submeteu-se-lhe ao império.
É lógico que devemos, quando encarnados, prestar
toda a assistência ao corpo físico, que
funciona, para nós, como vaso sagrado, mas
remediar a saúde e viciar a mente são duas
atitudes essencialmente antagônicas entre si.
A prece e o esforço dos companheiros encarnados
representarão o termo desta reunião de
assistência e iluminação em Jesus Cristo”.
Concluímos assim, com Aniceto, que a cura não só
da hipocondria, mas também de todo e qualquer
desequilíbrio físico e psíquico, está em Jesus
Cristo, o Grande e Inigualável Médico das Almas.
E para chegarmos até Ele felicitando-nos com o
Seu magnetismo curador, podemos usar os canais
da prece, coadjuvando nossas súplicas com o
serviço incessante no Bem.