Brasil
por Djair de Souza Ribeiro

Ano 13 - N° 657 - 16 de Fevereiro de 2020

 

Divaldo Franco: “Nunca houve tanta manifestação de amor a envolver a Humanidade”


Entre os dias 7 e 9 de fevereiro de 2020, como ocorre bianualmente - há mais de vinte anos -, o Hotel Jaraguá, no centro da cidade de São Paulo, foi escolhido para recepcionar os mais de 300 participantes do Encontro com Divaldo Franco, organizado pelo Centro Espírita Bezerra de Menezes de Santo André.

Desta vez foi eleito o tema “Vidas Vazias”.

Divaldo deu início à exposição inicial referindo-se ao comportamento agressivo e niilista da sociedade contemporânea. Em seguida citou o filósofo grego Sócrates (469-399 a.C.) e a visita ao Oráculo de Delfos no qual está inscrita no pórtico a frase “Conhece-te a ti mesmo”.

Cerca de 23 séculos mais tarde, Allan Kardec – em O Livro dos Espíritos - indaga na questão 919: Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?

Os Espíritos Superiores responderam: “Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo”.

O que é que – realmente - nos falta, pois a palavra “VAZIO” evoca um espaço determinado para o qual há lugar para ser preenchido, mas com o quê?

Para ilustrar essa questão, Divaldo refere-se aos fatos envolvendo o médico psiquiatra austríaco Dr. Viktor Emil Frankl (1905-1997) fundador da escola da Logoterapia, que explora o sentido existencial do indivíduo e a dimensão espiritual da existência.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o Dr. Frankl, junto com toda a família, é feito prisioneiro e levados aos campos de concentração.

Após longos anos de subalimentação e maus tratos o Dr. Frankl adoece, o que representava uma sentença de morte, pois os nazistas encaminhavam os incapazes para as câmaras de extermínio. Para evitar que isso ocorresse o Dr. Frankl se mantém consciente e em pé e ocupando a sua mente e escrevendo – com papéis roubados do escritório do administrador nazista -  seu livro que pretendia publicar um dia para testemunhar os horrores do Holocausto.

De retorno a Viena, o Dr. Viktor Frankl volta a clinicar e publica uma obra autobiográfica intitulada Em busca de Sentido: Um Psicólogo no Campo de Concentração. Alguns anos mais tarde publica o livro “O Homem em Busca de Sentido”.

“Se percebemos que a vida realmente tem um sentido, percebemos também que somos úteis uns aos outros. Ser um ser humano, é trabalhar por algo além de si mesmo. A vida para ser digna tem que ter um objetivo”.

Partindo da premissa de que a viagem de iluminação interior – o conhece-te a ti mesmo - se alonga por uma larga trajetória, a ser vencida com sacrifício e vontade bem direcionada Divaldo ilustra a questão tomando como referência o livro “Os Quatro Compromissos”, do autor americano-mexicano tolteca Miguel Ruiz.

Possuidor de uma extraordinária cultura, Divaldo nos esclarece que o povo Tolteca viveu há cerca de 5.000 anos habitando as regiões onde hoje se situam o México e o Panamá.

Vários filósofos e cientistas Toltecas se concentraram na cidade de Teotihuacán, com o propósito de estudar a sabedoria espiritual de seus antepassados que era encarada como uma fonte Divina de felicidade e amor demonstrando que a ética contemporânea é tão remota quanto a arte de pensar que um dia ergueu uma criatura do barro carnal e elevou-a às culminâncias do Universo, mediante a constatação de que a vida está vinculada a quatro compromissos morais e que a verdadeira felicidade é consequência daquilo que se pensa e depois daquilo que se emite (verbal ou graficamente).

Os Xamãs Toltecas elaboraram um método permitindo ao povo assumir uma nova postura na vida mediante o desenvolvimento de um novo comportamento onde as pessoas deveriam assumir quatro compromissos em todas as atitudes na vida para consigo, com o próximo e para com a Força Geradora:

1 - SEJA IMPECÁVEL COM A SUA PALAVRA: A impecabilidade da palavra é o de dizer sempre a verdade. Sendo o primeiro compromisso entende-se ser o de maior importância uma vez que a palavra é o mais poderoso instrumento que possuímos, e tanto pode ser usado para nos escravizar ou expressando nosso poder criativo.

É na palavra que está centrada a nossa estrutura ético-moral (A boca fala do que está cheio o coração. Jesus - Mateus 12:34).

A palavra tem uma importância inimaginável, pois pela força do verbo materializamos nossos pensamentos e estes, uma vez materializados, nos trarão benefícios ou prejuízos, e igualmente todos que nos ouviram. A palavra não é apenas um som ou um símbolo gráfico ou pictórico que se lê.

A palavra exprime força, energia e tanto constrói como destrói.

Jesus, Modelo e Guia da humanidade atento a isso nos ensinou: Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna. Mateus 5:37.

Jesus já deixava muito claro que somente possui a palavra impecável, aquele que tem uma vida impecável.

2- NUNCA TOME PARA SI AQUILO QUE É DIRIGIDO PARA OS OUTROS - NÃO LEVE, NUNCA, A MÁGOA DENTRO DO SEU CORAÇÃO. : Não levar em consideração os comentários e ofensas a nós dirigidas sem uma criteriosa análise e, principalmente, não levar nada para o campo pessoal, não permitindo, assim, que a mágoa e o ressentimento façam morada em nosso íntimo, que se tornam tóxicos corrosivos a dilapidar nossa saúde.

3- NÃO TIRE CONCLUSÕES SOBRE NADA: O conhecimento não tem ponto final, ele prossegue, razão pela qual devemos estar sempre aberto a revisões e alterações dos nossos conceitos. Temos o hábito de tirar conclusões sobre tudo que nos chega à percepção. A conclusão equivocada passa a ser considerada como “verdade” e, então petrificamos nossa opinião de que aquilo que pensamos é verdadeiro e tiramos conclusões sobre o que os demais fazem.

4- QUANDO VOCÊ FIZER ALGO, FAÇA-O MUITO BEM, DANDO SEMPRE O MELHOR DE SI: Este compromisso deve ser incorporado na mente e no seu comportamento. Dê sempre o melhor de si em tudo o que você faz. Em qualquer circunstância devemos fazer o melhor possível e sem esperar qualquer recompensa, posto que temos o hábito de esperar o reconhecimento pelas nossas ações e quando este não nos chega no prazo que ansiamos, nosso ímpeto e dedicação vai diminuindo de intensidade, portanto, não aguarde recompensa por agir corretamente. Simplesmente faça o seu melhor e assim a sua satisfação interior será a sua maior recompensa.

Divaldo aprofunda a sonda de suas análises e ilustra – com a força poderosa do pluralismo de seu conhecimento – e aborda a questão da Religião.

Pouco mais de 11% da população mundial declara NÃO professar nenhuma religião, significando que mais de 6.600.000.000 pessoas creem em Deus, independentemente da nomenclatura.

Então, por qual razão a humanidade enfrenta essa situação? Seriam os 11% de ateus os únicos responsáveis por essa condição?

O problema não é a falta de Religião, mas a ausência ou a precariedade da RELIGIOSIDADE das criaturas humanas, muito mais preocupadas em atender aos dogmas – muitos provados pela Ciência como inverossímeis – da Religião professada, em detrimento dos conceitos morais mais profundos e libertadores.

Pessoas portadoras de profundos conflitos e devastadores complexos, vazios de conteúdo moral, desrespeitam os símbolos religiosos dos demais e incapazes de ombrearem com as figuras impolutas – Gigantes morais e referência de amor – buscam arrastá-las para o lixo moral e o monturo existencial em que chafurdam.

Preparando os ânimos para os dias subsequentes Divaldo faz um convite aos participantes: Que reflitam sobre qual é a razão existencial que move a cada um de nós e que elejam um ideal: — Eu me prometo que nesses três dias eu vou me sentir feliz.

Sábado, 8 de fevereiro 

A manhã ensolarada do sábado dia 8 veio encontrar os 325 participantes de o Seminário “Vidas Vazias” em positiva expectativa com relação ao encontro com Divaldo e suas considerações.

Dando início ao desenvolvimento do tema, Divaldo aborda a uma narrativa que atribui a Albert Einstein uma carta à sua filha Lieserl sobre a força universal do amor, sendo a mais significativa das “forças” constitutivas de todo o Universo (Gravidade, Eletromagnetismo, Força Nuclear Forte e Força Nuclear Fraca). É uma mensagem linda, oferecendo uma abordagem universal que fala da essência da condição humana e do nosso anelo incessante de crer na força conquistadora do amor.

Em seguida Divaldo aborda o Pai da Psicologia Analítica e destaca (entre os componentes da Estrutura do Psiquismo) os Arquétipos – localizados no Inconsciente Coletivo e que na definição do renomado Psicólogo austríaco são e representam as marcas antigas existentes em nosso histórico evolutivo. São os registros (imagens e emoções) evolutivos de nossas experiências transatas e que se aglutinam em torno de núcleos (pai-, mãe, filho, cidadão etc.). É uma espécie de sistema de prontidão para a ação.

Segue Divaldo, referindo-se agora às questões da hereditariedade e do Evolucionismo onde se destacou Charles Darwin. A Paleontologia ilustra – por intermédio de fatos – que os primeiros habitantes da Terra são as células albuminoides, as amebas e os organismos unicelulares que se multiplicam rapidamente nos oceanos dando – após bilhões de anos -  ao surgimento dos peixes, posteriormente os anfíbios, depois os répteis, em seguida as aves e finalmente a CLASSE dos mamíferos.

Nessa classe vamos encontrar a FAMÍLIA dos Hominídeos do qual derivam os diversos GÊNEROS que a compõem: Orangotango, Chimpanzé, Australopiteco e o HOMEM. No gênero Homem vamos subdividir em várias ESPÉCIES (Homo Habilis, Homo Erectus, Homo Neanderthal, Homo Sapiens).

Todavia os estudiosos se deparam com uma questão que por séculos vem permanecendo sem resposta: Trata-se de o Elo Perdido que vem a ser o último ancestral comum aos Gêneros Chimpanzés e Homem.

Esse “salto” evolutivo que não deixou registros fósseis encontra explicação nas páginas de o livro “A Caminho da Luz” de Emmanuel pela psicografia de Chico Xavier, que nos revela que esse “salto” foi propiciado pela emigração de Espíritos oriundos de um dos mundos que orbitam a estrela de Capela, dali banidos por força da transição moral da humanidade dessa Região do Cosmo.

Graças a essa transmigração de Espíritos mais adiantados intelectualmente, porém poucos desenvolvidos moralmente, reencarnam-se no seio da Humanidade Terrestre Nativa e vem auxiliá-la no progresso tecnológico. Nesse processo – de auxiliar  a Humanidade - evoluem moralmente, permitindo-lhes retornar às origens.

A Humanidade segue sua trajetória em direção à iluminação interior, produzindo nesse périplo os eventos trágicos que pontuam na historiografia humana, impulsionados pelo apego às conquistas imediatistas e vazias de objetivos transcendentais.

Para auxiliar a Humanidade – destroçada pelo materialismo – a superar essas vicissitudes, a Misericórdia e a Compaixão Divina, vem proporcionar impulso para a transição da Humanidade do Nível moral de Provas e Expiações para o passo seguinte da Escala Moral: o mundo de Regeneração.

A transmigração de Espíritos – desenvolvidos moral e intelectualmente – veem ocorrendo, trazendo-os desde um dos mundos da estrela de Alcione, que auxiliar-nos-á a superarmos essas situações que trazem sofrimentos inomináveis à toda Humanidade.

Prosseguindo no desenvolvimento do tema, Divaldo pontua que muitos preenchem o vazio existencial com fúteis e vãs expectativas e agasalham ideias infrutíferas. Por essa razão – na atualidade – o normal não chama a atenção e nem desperta o interesse, mas sim os comportamentos exóticos, esdrúxulos e agressivos que passou a ser a conduta prevalecente. Surgem escritores proliferando as ideias niilistas, materialistas questionando a existência de Deus e os valores morais.

Domingo, 9 de fevereiro

O sol esfuziante – que rutilava em SP - acolheu com seus raios esfuziantes de luz e calor o domingo dia 9. Chegava o derradeiro dia do Seminário Vidas Vazias.

Nesses dias conceitos novos foram apresentados, conceitos conhecidos foram recordados, renovados e ampliados.

Divaldo - do alto de sua larga experiência de educador e mestre na arte de iluminar consciências - sabe que na condição de aprendizes que somos todos nós, trazemos dúvidas e incertezas sobre os conceitos e ideias exaradas no decorrer do Encontro.

Por esta razão, Divaldo – diante da complexidade do tema apresentado – abriu espaço para responder às questões apresentadas pelos participantes sempre ávidos por ampliarem conhecimentos.

Variadas e múltiplas perguntas foram formuladas e todas respondidas por Divaldo com jovialidade e precisão pautando-as sempre na Doutrina Espírita e nos ensinamentos de Jesus.

Com rara habilidade Divaldo não desperdiçou a oportunidade e permeou suas respostas e esclarecimentos enfatizando que o despautério, a agressividade e a inversão de valores estavam chegando ao paroxismo de exteriorização, mas que NUNCA houve tanta manifestação de AMOR a envolver a Humanidade.

Diante do alto interesse em relação ao Transtorno do Autismo, Divaldo franqueou a palavra ao Dr. Juan Danilo Rodriguez - médico e psicólogo Equatoriano, autor das obras “Terapia Holística Alliyana” e “Notas do Coração” – que na condição de fundador em Quito da Fundação Luz Fraterna (Fundación Luz Fraterna) que assiste terapeuticamente adolescentes autistas, reúne as melhores condições para dirimir as dúvidas surgidas.

O Dr. Juan Danilo também forneceu maiores esclarecimentos e informações sobre dúvidas referentes à terapia Alliyana, ocasião em que reiterou ENFATICAMENTE de que tal terapia é uma FERRAMENTA. O caminho é o Espiritismo e por essa razão a terapêutica NÃO deve ser agregada às atividades dos Centros Espíritas.

Finalizando o Seminário, Divaldo realizou com os participantes do encontro uma Visualização Terapêutica, após a qual se despediu de todos augurando votos de muita paz e confiança em Jesus, nosso Modelo e Guia, relembrando-nos de que Ele está capitaneando essa nau – a Terra – que de forma alguma se encontra à matroca, abandonada ou sem rumo.

Confiemos e cumpramos com os nossos deveres.

 

 

Nota do Autor:

As fotos desta reportagem são de autoria de Edgar Patrocinio.


 

 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita