Divaldo Franco: “Nunca houve tanta manifestação de amor
a envolver a Humanidade”
Entre os dias 7 e
9 de fevereiro de 2020, como ocorre bianualmente - há
mais de vinte anos -, o Hotel Jaraguá, no centro da
cidade de São Paulo, foi escolhido para recepcionar os
mais de 300 participantes do Encontro com Divaldo
Franco, organizado pelo Centro Espírita Bezerra de
Menezes de Santo André.
Desta vez foi eleito o
tema “Vidas
Vazias”.
Divaldo deu início à exposição inicial referindo-se ao
comportamento agressivo e niilista da sociedade
contemporânea. Em seguida citou o filósofo grego Sócrates (469-399
a.C.)
e a visita ao Oráculo de Delfos no qual está inscrita no
pórtico a frase “Conhece-te
a ti mesmo”.
Cerca de 23 séculos mais
tarde, Allan Kardec – em O Livro dos Espíritos -
indaga na questão 919: Qual
o meio prático mais eficaz que tem o homem de se
melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?
Os Espíritos Superiores
responderam: “Um
sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti
mesmo”.
O que é que – realmente - nos falta, pois a palavra
“VAZIO” evoca um espaço determinado para o qual há lugar
para ser preenchido, mas com o quê?
Para ilustrar essa questão, Divaldo refere-se aos fatos
envolvendo o médico psiquiatra austríaco Dr. Viktor
Emil Frankl (1905-1997) fundador da escola da
Logoterapia, que explora o sentido existencial do
indivíduo e a dimensão espiritual da existência.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Dr. Frankl, junto
com toda a família, é feito prisioneiro e levados aos
campos de concentração.
Após longos anos de subalimentação e maus tratos o Dr.
Frankl adoece, o que representava uma sentença de morte,
pois os nazistas encaminhavam os incapazes para as
câmaras de extermínio. Para evitar que isso ocorresse o
Dr. Frankl se mantém consciente e em pé e ocupando a sua
mente e escrevendo – com papéis roubados do escritório
do administrador nazista - seu livro que pretendia
publicar um dia para testemunhar os horrores do
Holocausto.
De retorno a Viena, o Dr. Viktor Frankl volta a
clinicar e publica uma obra autobiográfica intitulada Em
busca de Sentido: Um Psicólogo no Campo de Concentração.
Alguns anos mais tarde publica o livro “O
Homem em Busca de Sentido”.
“Se percebemos que a vida realmente tem um sentido,
percebemos também que somos úteis uns aos outros. Ser um
ser humano, é trabalhar por algo além de si mesmo. A
vida para ser digna tem que ter um objetivo”.
Partindo da premissa de que a viagem de iluminação
interior – o conhece-te a ti mesmo - se alonga por uma
larga trajetória, a ser vencida com sacrifício e vontade
bem direcionada Divaldo ilustra a questão tomando como
referência o livro “Os Quatro Compromissos”, do
autor americano-mexicano tolteca Miguel Ruiz.
Possuidor de uma extraordinária cultura, Divaldo nos
esclarece que o povo Tolteca viveu há cerca de 5.000
anos habitando as regiões onde hoje se situam o México e
o Panamá.
Vários filósofos e cientistas Toltecas se concentraram
na cidade de Teotihuacán, com o propósito de estudar a
sabedoria espiritual de seus antepassados que era
encarada como uma fonte Divina de felicidade e amor
demonstrando que a ética contemporânea é tão remota
quanto a arte de pensar que um dia ergueu uma criatura
do barro carnal e elevou-a às culminâncias do Universo,
mediante a constatação de que a vida está vinculada a
quatro compromissos morais e que a verdadeira felicidade
é consequência daquilo que se pensa e depois daquilo que
se emite (verbal ou graficamente).
Os Xamãs Toltecas elaboraram um método permitindo ao
povo assumir uma nova postura na vida mediante o
desenvolvimento de um novo comportamento onde as pessoas
deveriam assumir quatro compromissos em todas as
atitudes na vida para consigo, com o próximo e para com
a Força Geradora:
1 - SEJA IMPECÁVEL COM A SUA PALAVRA: A impecabilidade
da palavra é o de dizer sempre a verdade. Sendo o
primeiro compromisso entende-se ser o de maior
importância uma vez que a palavra é o mais poderoso
instrumento que possuímos, e tanto pode ser usado para
nos escravizar ou expressando nosso poder criativo.
É na palavra que está centrada a nossa estrutura
ético-moral (A boca fala do que está cheio o coração.
Jesus - Mateus 12:34).
A palavra tem uma importância inimaginável, pois pela
força do verbo materializamos nossos pensamentos e
estes, uma vez materializados, nos trarão benefícios ou
prejuízos, e igualmente todos que nos ouviram. A palavra
não é apenas um som ou um símbolo gráfico ou pictórico
que se lê.
A palavra exprime força, energia e tanto constrói como
destrói.
Jesus, Modelo e Guia da humanidade atento a isso nos
ensinou: Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não,
não; porque o que passa disto é de procedência maligna. Mateus
5:37.
Jesus já deixava muito claro que somente possui a
palavra impecável, aquele que tem uma vida impecável.
2- NUNCA TOME PARA SI AQUILO QUE É DIRIGIDO PARA OS
OUTROS - NÃO LEVE, NUNCA, A MÁGOA DENTRO DO SEU CORAÇÃO.
: Não levar em consideração os comentários e ofensas a
nós dirigidas sem uma criteriosa análise e,
principalmente, não levar nada para o campo pessoal, não
permitindo, assim, que a mágoa e o ressentimento façam
morada em nosso íntimo, que se tornam tóxicos corrosivos
a dilapidar nossa saúde.
3- NÃO TIRE CONCLUSÕES SOBRE NADA: O conhecimento não
tem ponto final, ele prossegue, razão pela qual devemos
estar sempre aberto a revisões e alterações dos nossos
conceitos. Temos o hábito de tirar conclusões sobre tudo
que nos chega à percepção. A conclusão equivocada passa
a ser considerada como “verdade” e, então petrificamos
nossa opinião de que aquilo que pensamos é verdadeiro e
tiramos conclusões sobre o que os demais fazem.
4- QUANDO VOCÊ FIZER ALGO, FAÇA-O MUITO BEM, DANDO
SEMPRE O MELHOR DE SI: Este compromisso deve ser
incorporado na mente e no seu comportamento. Dê sempre o
melhor de si em tudo o que você faz. Em qualquer
circunstância devemos fazer o melhor possível e sem
esperar qualquer recompensa, posto que temos o hábito de
esperar o reconhecimento pelas nossas ações e quando
este não nos chega no prazo que ansiamos, nosso ímpeto e
dedicação vai diminuindo de intensidade, portanto, não
aguarde recompensa por agir corretamente. Simplesmente
faça o seu melhor e assim a sua satisfação interior será
a sua maior recompensa.
Divaldo aprofunda a sonda de suas análises e ilustra –
com a força poderosa do pluralismo de seu conhecimento –
e aborda a questão da Religião.
Pouco mais de 11% da população mundial declara NÃO
professar nenhuma religião, significando que mais de
6.600.000.000 pessoas creem em Deus, independentemente
da nomenclatura.
Então, por qual razão a humanidade enfrenta essa
situação? Seriam os 11% de ateus os únicos responsáveis
por essa condição?
O problema não é a falta de Religião, mas a ausência ou
a precariedade da RELIGIOSIDADE das criaturas humanas,
muito mais preocupadas em atender aos dogmas – muitos
provados pela Ciência como inverossímeis – da Religião
professada, em detrimento dos conceitos morais mais
profundos e libertadores.
Pessoas portadoras de profundos conflitos e devastadores
complexos, vazios de conteúdo moral, desrespeitam os
símbolos religiosos dos demais e incapazes de ombrearem
com as figuras impolutas – Gigantes morais e referência
de amor – buscam arrastá-las para o lixo moral e o
monturo existencial em que chafurdam.
Preparando os ânimos para
os dias subsequentes Divaldo faz um convite aos
participantes: Que reflitam sobre qual é a razão
existencial que move a cada um de nós e que elejam um
ideal: — Eu me
prometo que nesses três dias eu vou me sentir feliz.
Sábado, 8 de fevereiro
A manhã ensolarada do sábado dia 8 veio encontrar os 325
participantes de o Seminário “Vidas Vazias” em positiva
expectativa com relação ao encontro com Divaldo e suas
considerações.
Dando início ao desenvolvimento do tema, Divaldo aborda
a uma narrativa que atribui a Albert Einstein uma
carta à sua filha Lieserl sobre a força universal
do amor, sendo a mais significativa das “forças”
constitutivas de todo o Universo (Gravidade,
Eletromagnetismo, Força Nuclear Forte e Força Nuclear
Fraca). É uma mensagem linda, oferecendo uma abordagem
universal que fala da essência da condição humana e do
nosso anelo incessante de crer na força conquistadora do
amor.
Em seguida Divaldo aborda o Pai da Psicologia Analítica
e destaca (entre os componentes da Estrutura do
Psiquismo) os Arquétipos – localizados no Inconsciente
Coletivo e que na definição do renomado Psicólogo
austríaco são e representam as marcas antigas existentes
em nosso histórico evolutivo. São os registros (imagens
e emoções) evolutivos de nossas experiências transatas e
que se aglutinam em torno de núcleos (pai-, mãe, filho,
cidadão etc.). É uma espécie de sistema de prontidão
para a ação.
Segue Divaldo, referindo-se agora às questões da
hereditariedade e do Evolucionismo onde se destacou
Charles Darwin. A Paleontologia ilustra – por intermédio
de fatos – que os primeiros habitantes da Terra são as
células albuminoides, as amebas e os organismos
unicelulares que se multiplicam rapidamente nos oceanos
dando – após bilhões de anos - ao surgimento dos
peixes, posteriormente os anfíbios, depois os répteis,
em seguida as aves e finalmente a CLASSE dos mamíferos.
Nessa classe vamos
encontrar a FAMÍLIA dos Hominídeos do qual derivam os
diversos GÊNEROS que a compõem: Orangotango, Chimpanzé,
Australopiteco e o HOMEM. No gênero Homem vamos
subdividir em várias ESPÉCIES (Homo
Habilis, Homo Erectus, Homo Neanderthal, Homo Sapiens).
Todavia os estudiosos se deparam com uma questão que por
séculos vem permanecendo sem resposta: Trata-se de o Elo
Perdido que vem a ser o último ancestral comum aos
Gêneros Chimpanzés e Homem.
Esse “salto” evolutivo que não deixou registros fósseis
encontra explicação nas páginas de o livro “A Caminho
da Luz” de Emmanuel pela psicografia de Chico
Xavier, que nos revela que esse “salto” foi propiciado
pela emigração de Espíritos oriundos de um dos mundos
que orbitam a estrela de Capela, dali banidos por força
da transição moral da humanidade dessa Região do Cosmo.
Graças a essa transmigração de Espíritos mais adiantados
intelectualmente, porém poucos desenvolvidos moralmente,
reencarnam-se no seio da Humanidade Terrestre Nativa e
vem auxiliá-la no progresso tecnológico. Nesse processo
– de auxiliar a Humanidade - evoluem moralmente,
permitindo-lhes retornar às origens.
A Humanidade segue sua trajetória em direção à
iluminação interior, produzindo nesse périplo os eventos
trágicos que pontuam na historiografia humana,
impulsionados pelo apego às conquistas imediatistas e
vazias de objetivos transcendentais.
Para auxiliar a Humanidade – destroçada pelo
materialismo – a superar essas vicissitudes, a
Misericórdia e a Compaixão Divina, vem proporcionar
impulso para a transição da Humanidade do Nível moral de
Provas e Expiações para o passo seguinte da Escala
Moral: o mundo de Regeneração.
A transmigração de Espíritos – desenvolvidos moral e
intelectualmente – veem ocorrendo, trazendo-os desde um
dos mundos da estrela de Alcione, que auxiliar-nos-á a
superarmos essas situações que trazem sofrimentos
inomináveis à toda Humanidade.
Prosseguindo no desenvolvimento do tema, Divaldo pontua
que muitos preenchem o vazio existencial com fúteis e
vãs expectativas e agasalham ideias infrutíferas. Por
essa razão – na atualidade – o normal não chama a
atenção e nem desperta o interesse, mas sim os
comportamentos exóticos, esdrúxulos e agressivos que
passou a ser a conduta prevalecente. Surgem escritores
proliferando as ideias niilistas, materialistas
questionando a existência de Deus e os valores morais.
Domingo, 9 de fevereiro
O sol esfuziante – que rutilava em SP - acolheu com seus
raios esfuziantes de luz e calor o domingo dia 9.
Chegava o derradeiro dia do Seminário Vidas Vazias.
Nesses dias conceitos novos foram apresentados,
conceitos conhecidos foram recordados, renovados e
ampliados.
Divaldo - do alto de sua larga experiência de educador e
mestre na arte de iluminar consciências - sabe que na
condição de aprendizes que somos todos nós, trazemos
dúvidas e incertezas sobre os conceitos e ideias
exaradas no decorrer do Encontro.
Por esta razão, Divaldo – diante da complexidade do tema
apresentado – abriu espaço para responder às questões
apresentadas pelos participantes sempre ávidos por
ampliarem conhecimentos.
Variadas e múltiplas perguntas foram formuladas e todas
respondidas por Divaldo com jovialidade e precisão
pautando-as sempre na Doutrina Espírita e nos
ensinamentos de Jesus.
Com rara habilidade Divaldo não desperdiçou a
oportunidade e permeou suas respostas e esclarecimentos
enfatizando que o despautério, a agressividade e a
inversão de valores estavam chegando ao paroxismo de
exteriorização, mas que NUNCA houve tanta manifestação
de AMOR a envolver a Humanidade.
Diante do alto interesse em relação ao Transtorno do
Autismo, Divaldo franqueou a palavra ao Dr. Juan
Danilo Rodriguez - médico e psicólogo Equatoriano,
autor das obras “Terapia Holística Alliyana” e “Notas
do Coração” – que na condição de fundador em Quito
da Fundação Luz Fraterna (Fundación Luz
Fraterna) que assiste terapeuticamente adolescentes
autistas, reúne as melhores condições para dirimir as
dúvidas surgidas.
O Dr. Juan Danilo também forneceu maiores
esclarecimentos e informações sobre dúvidas referentes à
terapia Alliyana, ocasião em que reiterou
ENFATICAMENTE de que tal terapia é uma FERRAMENTA. O
caminho é o Espiritismo e por essa razão a terapêutica
NÃO deve ser agregada às atividades dos Centros
Espíritas.
Finalizando o Seminário, Divaldo realizou com os
participantes do encontro uma Visualização Terapêutica,
após a qual se despediu de todos augurando votos de
muita paz e confiança em Jesus, nosso Modelo e Guia,
relembrando-nos de que Ele está capitaneando essa nau –
a Terra – que de forma alguma se encontra à matroca,
abandonada ou sem rumo.
Confiemos e cumpramos com os nossos deveres.
Nota do Autor:
As fotos desta reportagem são de autoria
de Edgar Patrocinio.