Antes de partir cumpro a regra áurea?
Envolvimento no horizonte
Atravessando em mim uma crosta de cada vez
Considero o anúncio da curta hospedagem
Abraçando o bem que evidencia a timidez
Entre risos e lágrimas queixo em quitar a passagem
Com olhar e sentido único deveras fosse todo cortês
Saldar a fração que apenas cabe em cruzar a margem
Suprimindo lentamente essa vazia, triste e tola altivez,
Mirando o espelho noto uma alma dorida em cada viagem.
Compaixão, nós sabemos o que a palavra expressa. No
dicionário entre outros significados nós elegemos: a dor
que nos causa o mal alheio. A aflição que se apodera do
outro pode nos dar uma ideia do que ele representa para
nós, quando há o comprometimento para minorar essa
aflição, há o exercício da compaixão.
Segundo o poeta Guimarães Rosa, “misericórdia é colocar
o coração na miséria alheia”. Muitas cenas e notícias
observadas por nós em circunstâncias várias, e
vivenciadas no cotidiano, inclusive no seio familiar,
nos permitem avaliar o desempenho natural da
misericórdia, como esse sentimento está rachando as
crostas do personalismo, que foi moldado e de forma
equivocada continua alimentada pelo instinto da
autopreservação.
O altruísmo mesmo tímido avança com mais liberdade na
medida em que se rompe esse personalismo que elenca a
intolerância, a impaciência, a incompreensão, a
impiedade, e a inclemência.
O desejo de acolher aquele que prova desafios rudes,
suscita a renúncia. Com relação a esse pensamento nos
cabe a elucidação em O Livro dos Espíritos, na
questão 46.
Allan Kardec questiona: O mérito do bem que se faz está
subordinado a certas condições, ou seja, há diferentes
graus no mérito do bem?
— O mérito do bem está na dificuldade; não há nenhum em
fazê-lo sem penas e quando nada custa. Deus leva mais em
conta o pobre que reparte o seu único pedaço de pão, que
o rico que só dá do seu supérfluo. Jesus já o disse, a
propósito do óbolo da viúva.
Essa veste de curta duração nos proporciona atuar no
Planeta de modo a conquistar objetivos para viver
materialmente e psicologicamente confortável, visando
sempre se colocar como prioridade, o que pode dificultar
a compreender que seguir os passos de Jesus, de ser
misericordioso e pacífico que viveu a servir, a
compreender e levantar os estropiados do corpo e do
espírito. As minúcias da vida diária nas relações
demonstram que a finalidade da existência é mais
espiritual, requer mais empenho em compreender e amparar
os que carecem.
Há pessoas em nosso sistema que esperam de nós um pouco
mais de compaixão, faz-se mister o exercício da
ponderação e agir independentemente, pois estamos
seguros de que foi e será dado: “a cada um segundo suas
obras” (Rm 2:6), entendermos a consciência individual
que está sendo constituída gradualmente para a
integração espiritual; nesse sentido importamos a
assertiva do apóstolo dos gentios: “Tende
a mesma mentalidade para com os outros como para com vós
mesmos”. (Rm 12:15-16.)
O desencarne está logo aí, pode ser hoje, amanhã, daqui
a alguns meses, anos ou décadas. E quando no momento do
desenlace se for possibilitada a reflexão dessa fala de
Jesus: “Assim,
em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles
lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas" (Mt 7:12),
que possamos ter concluído com o planejamento por nós
estabelecido com cada irmão que nos foi espelhado na
bendita oportunidade da reencarnação. Seja pai, mãe,
irmão, cônjuge, filho, amigo, desafeto ou desconhecido.
Questionando sobre a regra de ouro: eu fiz a todos o que
eu gostaria que eles fizessem por mim?
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