Aprendemos com
o Espiritismo que somos Espíritos em processo de aprendizagem, de evolução, de
aprimoramento moral e espiritual através de várias encarnações em que nos vamos
depurando, desenvolvendo nossos potenciais, como a inteligência, os sentimentos
elevados, as virtudes, a forma como convivemos com o próximo e como encaramos a
nossa jornada.
Para isso,
temos o nosso livre-arbítrio, faculdade que nos foi concedida pelo Criador,
permitindo-nos executar escolhas conforme as necessidades que enfrentamos nessa
trajetória.
A Doutrina
Espírita nos ensina que todas as escolhas trazem consequências, de acordo com os
atos que praticarmos. Se formos amorosos, caridosos, teremos, como resultado,
igualmente o amor, a felicidade, a plenitude, no entanto, se agirmos de modo
contrário, estaremos criando situações futuras difíceis, que precisamos
enfrentar como forma de nos reequilibrarmos com a própria consciência.
É a lei de
causa e efeito, ação e reação – Lei Natural - funcionando conforme as nossas
atitudes perante a vida. Compreenderemos, assim, que estamos numa longa jornada
de aprendizagem, em que vamos aprendendo e reaprendendo com a própria
experiência aquilo que nos convém ou não. E dessa aprendizagem saímos mais
maduros, mais fortalecidos para as próximas lições, e assim poderemos alcançar
novos patamares espirituais, já que não fomos criados prontos por Deus, mas
simples e ignorantes, com potenciais a serem desenvolvidos, para florescer e
serem colocados em prática diariamente.
Estamos sempre
buscando respostas para as perguntas que fazemos para encontrar o consolo e a
esperança que tanto almejamos. E sempre nos perguntamos: Por que sofremos tanto?
Por que tantas dificuldades para a realização de nossos desejos? O que fizemos
para receber tudo isso?
Estas
perguntas, geralmente, estão ligadas não apenas ao aspecto material, mas,
também, à saúde, à afetividade, aos problemas de ordem emocional, moral ou
profissional da nossa existência.
Por isso, Deus
nos enviou Jesus, modelo e guia, a fim de que Ele pudesse fazer com que
despertássemos, em nossos corações, o entendimento da Lei Divina, a Lei de Amor
que rege todo o Universo. Seus ensinamentos convidam-nos a meditar sobre esses
pesares e as dificuldades pelas quais passamos. No entanto, todas as vezes que
os problemas nos pesam, pensamos quanto Deus tem sido injusto conosco, porque
consideramos nosso sofrimento maior do que o do outro e acabamos estabelecendo
uma imagem de Deus à semelhança do homem imperfeito que ainda somos; do homem
que privilegia uns em detrimento de outros; que é parcial; que age por capricho.
Não somos capazes de perceber que Deus é sempre bom conosco, como o é também com
o outro. Ele é infinitamente bom, justo e misericordioso.
O que dificulta
nosso entendimento é não reconhecermos as razões das nossas aflições. Todavia,
no Evangelho poderemos encontrar a consolação e a esperança, e entender que as
causas das aflições podem ser desta encarnação ou de encarnações passadas, ou
seja, causas anteriores ou atuais das aflições.
Para
procurarmos as causas atuais das aflições, precisamos compreender a essência dos
atos que praticamos diariamente, usando do bom senso, do equilíbrio, da razão,
da ponderação sempre.
Não basta
obedecermos às Leis humanas, é indispensável examinarmos as qualidades das
nossas atitudes, pois aquilo que semearmos nos será devolvido em algum momento.
Isso é da Lei de Deus.
Será que o que
estamos fazendo prejudica o outro? Somos livres para plantar, porém somos
obrigados a colher os frutos doces ou amargos do nosso plantio. Assim, quando
consultamos a nossa consciência na busca da fonte de tantas aflições, certamente
poderemos ouvi-la dizer: Se você não tivesse feito tal coisa, isso não teria
acontecido e não estaria nesta situação. Mas, no lugar de nos reconhecermos como
criadores do nosso próprio sofrimento, buscamos fora de nós essas causas,
culpando primeiramente a Deus, depois culpamos a sorte e depois culpamos o
outro.
Na verdade,
essas dificuldades são um alerta, uma advertência para que possamos nos acertar
na caminhada. Isso é tão verdadeiro que muitas vezes dizemos ou ouvimos dizer
que se soubéssemos antes o que sabemos hoje quantas coisas poderíamos ter
evitado. No entanto, as causas desses sofrimentos também podem estar em plantios
antigos, de outras existências, feitos impensadamente, sem o crivo da razão e
que hoje nos levam a colheitas amargas. Lembremo-nos, então, que se hoje estamos
colhendo aflições e sofrimentos, provavelmente plantamos em alguma ocasião
angústias e penalidades; e se colhemos dificuldades materiais, pode ser que
tenhamos semeado desperdício, pensando unicamente em nós, na nossa satisfação
egoísta de desejos imediatistas e caprichos.
Entendemos,
desta forma, que não podemos colher paz se semeamos discórdia, ou colher alegria
se semeamos tristeza. É da Lei. Mas podemos através das nossas mudanças de
atitudes reverter esse quadro com o amadurecimento e a consciência a nos cobrar.
Jesus é o
grande semeador e se Ele encontrar em nós o solo propício, adubado, a terra
fértil com a boa vontade, a esperança, o amor e a resignação frente aos
desígnios do Pai, as sementes que Ele depositar em cada coração brotarão.
Sabendo
aproveitar essas oportunidades que Deus nos concede diariamente, encontraremos o
reino de Deus, ou seja, encontraremos a felicidade, a harmonia, a paz interior,
sempre trabalhando e trabalhando no bem em favor de todos. É do mundo de luz que
cada um de nós cria, dentro de si, as forças de lutar contra as más tendências e
as tentações, para assim nos aproximarmos cada vez mais de Deus, nosso eterno
Pai. Mesmo neste mundo de necessidades fantasiosas, transitórias, poderemos
encontrar a felicidade interior, quando caminharmos cultivando o amor ao
próximo, aceitando-o e respeitando-o como ele é; pela alegria de ser útil, sem
esperar nada em troca. Então, poderemos fazer novos plantios, tornando-nos uma
pequena luz e espalhando o exemplo do amor por onde passarmos.
Muitas vezes,
as consequências de nossas ações infelizes tornam-se desafios bastante difíceis
e, na maioria das vezes, nós mesmos pedimos ou, pelo menos, aceitamos, para nos
libertarmos da consciência que nos acusa do ato cometido, onde quer que
estejamos. Essas consequências poderão tornar-se expiações dolorosas que
servirão para burilar nossos sentimentos e fazer despertar, em nós, o homem
novo, o homem de bem, que faz sua renovação moral.
Não se trata de
adorar as aflições, o sofrimento, e nem de desejá-lo, mas, com conhecimento
espírita, entenderemos melhor o porquê de nossas dores e aflições, já que são
causadas por nós mesmos. Examinemos as dificuldades como oportunidades benditas
de exercitar os valores morais da coragem, da fé, da esperança, da caridade, da
solidariedade, da paciência, enfim, das virtudes ensinadas por Jesus.
No atual
momento da humanidade, nestes tumultuosos dias em que nos deparamos com as
terríveis situações de conflitos, observemos como estamos colhendo o que
semeamos; resgatando nossas atitudes equivocadas, porém, marchando para a
felicidade, para um mundo melhor, para um porvir de luzes, construindo um mundo
de regeneração interior. Por mais dura que seja a nossa estrada, aprendamos a
sorrir e a abençoar sempre.
O Universo é
uma corrente de amor em movimento incessante. Recordemos que ninguém é tão
sacrificado que não possa, de quando em quando, levantar os olhos em sinal de
agradecimento, com uma prece, uma saudação afetuosa, uma flor, um bilhete
amistoso... Com esse pequeno gesto, conseguiremos dissipar dores, discórdias,
sombras.
Lembremo-nos de
Francisco de Assis, que, com sua humildade, vivenciava o amor maior afirmando
que precisamos ser gratos a tudo e a todos. Agradecer ao Sol que nos aquece; ao
vento que nos acaricia em dias de calor; à Lua por enfeitar as noites; ao
sofrimento que nos permite introspecções e aprendizados para o nosso
crescimento.
Há a
necessidade de pararmos por um instante e agradecer todas as oportunidades que
nos são ofertadas, boas ou não, pelas dores, pelas pedras e obstáculos.
Ampliemos,
assim, nosso entendimento, compreensão frente às vicissitudes desta jornada,
superando desavenças, mágoas, ressentimentos, semeando uma existência mais feliz
junto com aqueles que compartilham conosco esta trajetória.
Agradeçamos ao
Pai o amor com que nos envolve. A vida, o pão, a luz, o lar e os amigos que nos
estendem as mãos.
Agradeçamos,
ainda, a luz do sofrimento que nos faz caminhar. Pela dor que nos envia, sejamos
gratos, Senhor!