Confiemos em Deus, confiemos em nós
“Urge, porém, renovar atitudes mentais na obra a que
fomos chamados, aprendendo a confiar no Poder Divino que
nos dirige.” (*)
O evangelista Mateus, no capítulo 6, versículo 31,
registra as seguintes palavras de Jesus: “Não andeis
inquietos”. O que isto significa hoje em dia em um
mundo onde aflições, angústias e medos fazem parte de um
viver infeliz, para todos aqueles que habitam esse
planeta tão sofrido pela iniquidade, ganância e desamor?
Jesus não recomenda com essas palavras a indiferença ou
a irresponsabilidade frente aos graves problemas da era
moderna, consequência do despreparo que temos frente a
eles. Ao contrário, é severa advertência a todos aqueles
que, por causa do pessimismo crônico que toma conta do
campo mental da humanidade terrena, se despreocupam ante
o acervo do serviço a realizar.
O combate a esse estado mental de desânimo deve ser
incansável a fim de renovar nossos pensamentos,
aprendendo a confiar em Deus e em nosso trabalho de
transformação íntima, na lavoura do Senhor, dentro da
ordem natural que nos orienta a ascensão espiritual.
Em todos os lugares encontramos derrotistas
intransigentes que conseguem enxergar baixezas por todos
os lados, desconfianças e inabilidades em todas as
criaturas. Inquietam-se com a presença de pequenos
obstáculos e têm seus mundos íntimos tingidos de negro.
Mas, também, encontramos pessoas em pleno trabalho nas
mudanças íntimas necessárias, a nos darem força na luta
contra espinheiros – às vezes dentro do próprio lar –,
quase sempre indispensáveis para aprendermos a confiar
no Divino Poder. Por essa razão, Deus espera de cada um
dos Seus filhos o amor como contribuição na oficina dos
séculos vindouros.
Há milênios Jesus devota Seu amor e nos envolve para que
não percamos a confiança no Pai, Nele e em nós mesmos. E
se Ele se fez servo de todos por amor e se tem esperado
que cresçamos em sua direção, como adotar a aflição e o
desespero se estamos apenas começando a servir?
Somos filhos de Deus e fazemos parte da Vida que pulsa
no Universo. Dificuldades são características da
existência, mas é imprescindível que coloquemos nossa
mente acima delas para abençoar a prova redentora que
nos eleva e equilibra. Seja qual for a perturbação que
ora nos assalta, acalmemos nosso coração e aguardemos,
trabalhando naquilo que temos de fazer, da melhor
maneira possível. O importante é confiar na nossa
capacidade de encontrar a serenidade nesses momentos,
buscando assimilar o Plano de Deus para nós.
Muitas vezes, a dúvida sobre nossa capacidade de
suportar tantos problemas nos assola e acabamos por nos
entregar ao desânimo e ao pessimismo infundado. Todavia,
se confiamos no Pai que nos orienta a existência,
conseguiremos retornar ao equilíbrio do corpo e da
mente. É difícil? Certamente! Mas dispomos de alguns
recursos que podem nos devolver a confiança. Parar o
movimento do corpo e da mente, recorrendo à oração,
fonte bendita de paz; trocar os pensamentos sombrios por
possibilidades de esperança na solução do problema;
receber cada amanhecer como promessa de vitória;
preparar-se melhor para o repouso noturno, afastando
ideias de desequilíbrio não importa as origens: a
leitura de uma página edificante, evitar atritos, a
música que nos inspira bons sentimentos e leveza no
coração. Tudo isso pode nos levar a um recanto pacífico
da consciência onde Deus habita, lembrando-nos que para
Ele nada é impossível.
Encaremos os obstáculos de ânimo firme e procuremos
estampar o otimismo na nossa alma, para que não fujamos
dos compromissos assumidos perante a existência.
Confiemos em Deus, confiemos em nós servindo, pois é
necessário materializar nossa confiança em trabalho
nobre. Por essa razão, é impossível separar prece e
trabalho, ideal e realização, porque, quando temos
certeza da Providência Divina em nossa jornada,
transformamos essa certeza em obras, sejam elas grandes
ou pequenas, reconhecendo que tudo é patrimônio de Deus
e que o nosso trabalho é instrumento de crescimento para
nós e para os outros.
Na Carta aos Hebreus, capítulo 10, versículo 35, o
apóstolo Paulo de Tarso nos alerta: “não rejeiteis,
pois, a vossa confiança, que tem grande e avultado
galardão”, num convite para não jogarmos fora a
confiança que nos alimenta o coração. Muitas vezes,
diante do vício que parece vitorioso, dos descrentes
ferrenhos que desencorajam nossa crença vacilante, nos
constrangemos. Todavia, se aceitamos Jesus por nosso
Divino Mestre, precisamos aprender a receber e aceitar o
mundo como um educandário que nos revela, enquanto
estivermos no corpo físico no qual habitamos, um imenso
campo de aprendizagem.
Em cada ato de fé e de esperança que realizarmos, não
permitamos que a dúvida se interponha como sombra entre
a nossa necessidade e o poder do Pai Celeste. Aquele que
confia em Deus e em si mesmo consegue perseverar na
realização dos ideais mais nobres, e não permite que as
energias que procedem de si sejam engessadas. A dúvida
no plano exterior, altamente desejável, muitas vezes
pode auxiliar a experimentação neste ou naquele setor, a
fim de conseguir os melhores resultados; mas a hesitação
no mundo íntimo poderá dissolver as melhores energias.
Não podemos duvidar da nossa capacidade de vencer os
obstáculos, porque nossa existência na Terra nos mostra
quadros aflitivos de desequilíbrios no jogo dos
interesses humanos. A imortalidade é nossa herança
divina e a carne é tão somente nossa veste. Tudo passa,
todos passam. Ficará somente nossa confiança em Deus, em
nós e no futuro que a existência presente, realizada com
Jesus, nos esperará sempre justiceira, no dia de amanhã.
No livro Fonte Viva, o respeitado benfeitor
Emmanuel afirma que “quem duvida de si próprio
perturba o auxílio divino em si mesmo e que ninguém pode
ajudar àquele que se desajuda. Compreendendo o
dispositivo de confiança que deve nortear-nos para
frente, insistamos no bem, procurando-o com todas as
possibilidades ao nosso alcance”. E prossegue no
convite: “Avançar sem vacilações, amando, aprendendo
e servindo infatigavelmente – eis a fórmula de caminhar
com êxito, ao encontro da nossa vitória. E, nessa
peregrinação incansável, não nos esqueçamos de que a
dúvida será sempre o frio do derrotismo a inclinar-nos
para a negação e a morte”.
Ao nosso redor caminham os corações que se vinculam à
presente reencarnação e que dependem das nossas atitudes
frente às dificuldades inerentes a ela. Assim, diante
desses obstáculos, pensemos neles primeiro, pois,
servindo, cumpriremos nossa tarefa. E em qualquer
instante de incerteza, não permitamos que a dúvida se
instale em nosso íntimo, paralisando nossa capacidade de
ajudar.
Bibliografia:
(*) XAVIER, F. C. Vinha de Luz –
ditado pelo Espírito Emmanuel – 14ª ed., FEB,
Brasília/DF - lição 86.
____________ Fonte Viva – ditado
pelo Espírito Emmanuel – 31ª ed., FEB, Brasília/DF -
lição 128.
____________ Palavras de Vida Eterna –
ditado pelo Espírito Emmanuel – 20ª ed., Editora CEC,
Uberlândia/MG – lições 33 e 106.
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