Divaldo: “A mensagem de Jesus dá ao homem a oportunidade
de descobrir o sentido da vida”
Em 18 de fevereiro de 2020, o Centro de Eventos da LAR
Cooperativa Agroindustrial, em Medianeira (PR), ficou
lotado, recebendo Divaldo Franco com muita alegria e
reverência.
O público, expectante, assistiu à bela apresentação do
Coral Enrique Eliseo Baldovino, antecedendo a magnífica
conferência realizada por Divaldo Franco, que foi
recebido pelas lideranças espíritas a nível local,
regional e estadual.
Fatos não programados acontecem amiúde na vida das
pessoas, contrariando desejos e ações, mesmo as
programadas. É comum os indivíduos se perguntarem sobre
os motivos que levaram a não alcançarem determinados
resultados, mesmo quando bem preparados. Assim aconteceu
com um homem notável que influenciou positivamente o
Reino Unido e os Estados Unidos da América, o eminente
bispo Anglicano James Albert Pike (14.2.1913-set.1969),
quando se viu envolvido em acontecimentos, tendo seus
conceitos e conhecimentos abalados por ocasião do
suicídio de seu filho Jim Pike em 1966, em um
quarto de hotel da cidade de Nova York, acrescido dos
desdobramentos daí decorrentes.
O acontecimento causou um inesperado impacto no bispo e
na sua vida, levando-o a refletir sobre os
acontecimentos relativos ao seu relacionamento com o
filho, agora morto. Mergulhando nas reminiscências,
lembrou-se de ter sido informado pela escola de que seu
filho era um usuário de drogas. Recordou-se da
indisfarçável surpresa e constrangimento de que fora
tomado naquela ocasião, quando preferiu dar crédito ao
filho, que lhe afiançava não ser drogadito, embora
admitisse consumir drogas eventualmente. Ante o fato
estarrecedor, refletindo, o bispo Pike havia
confiado nas palavras do filho, quando o correto teria
sido o de aprofundar as análises. Meses mais tarde,
lembrou-se o bispo, havia ficado comprovado que Jim era
um toxicômano.
A maioria dos pais – advertiu Divaldo – não reflete com
profundidade sobre os riscos que envolvem os filhos pelo
uso das drogas, pois acreditam, ingenuamente, que eles
jamais usariam drogas. Os pais, asseverou, devem ficar
muito atentos aos sinais indicativos - físicos e
comportamentais - de que seus filhos são usuários de
drogas: agem de modo diverso do seu comportamento
habitual; tornam-se ou silenciosos ou rebeldes;
apresentam tremores nas mãos; sudorese fria e viscosa;
ligeira palidez na face; a comunicação verbal é
ineficiente, às vezes confusa; uso do linguajar quase
monossilábico. Na medida em que a dependência aumenta,
há uma dilatação dos vasos sanguíneos dos olhos, que
para disfarçar esse sintoma, o dependente se utiliza de
forma constante do uso de óculos de sol, mesmo à noite,
dada a fotofobia produzida, uma das consequências do uso
de drogas.
O lar é o ambiente ideal de educação, ali tem início a
construção moral dos filhos, que mediante o
comportamento dos pais, dando-lhes exemplos de valor, do
conhecimento, do caráter, da honra, da convivência
doméstica. Essa é uma tarefa indispensável, nunca deve
ser transferida totalmente para a escola, encarregada da
instrução, na qual se devem induzir os hábitos saudáveis
através da conduta dos mestres.
Infelizmente a criança não é devidamente valorizada. Os
pais não dão a atenção indispensável, o carinho e a
assistência no lar. Preocupam-se em dar coisas, evitando
darem-se a si próprios, mesmo que isso resulte em menos
conforto e maior esforço na manutenção da família. O
pensamento materialista favorece o surgimento de uma
sociedade imediatista, agressiva, cruel e indiferente.
Divaldo Franco fez séria advertência aos genitores: não
se iludam, o seu lar não está imune a esse flagelo!
Observem o comportamento dos filhos!
Contudo, se o drama das drogas já se instalou em seu
lar, não fuja, ignorando o fato devastador. Não se
revolte, nem seja hostil. Faça uso do diálogo,
esclarecendo, orientando e assistindo o filho. Lembre-se
que além do auxílio dos recursos médicos, há a poderosa
força do amor, use-a sem moderação. A Doutrina Espírita
é manancial disponível para a construção da moral,
visando obter a reeducação e a felicidade de todos. Sua
base sólida está assim constituída em seis pilares:
1. Existência de Deus: O emérito Allan Kardec
perguntou aos Bons Espíritos, em O Livro dos
Espíritos, na questão 4: Onde se pode encontrar a
prova da existência de Deus? A resposta é sublime, pois
é tirada do pensamento lógico: “Não há efeito sem causa.
Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a
vossa razão responderá.”
2. Imortalidade da alma: Ninguém morre, somente o
corpo físico perece.
3. Comunicabilidade dos Espíritos: A mediunidade
abençoada que – à semelhança do que aconteceu com o
bispo Pike - instrui, consola e restabelece a
esperança e revigora a fé.
4. Reencarnação: Que responde: Por que sofro? A
Reencarnação possui a capacidade de informar o que
somos, o que fazemos de nós, bem como afiança que o
destino está nas mãos de cada criatura humana.
5. Pluralidade dos Mundos Habitados.
6. O Evangelho de Jesus: O Espiritismo tem por
base o tratado mais notável de princípios éticos de que
a Humanidade jamais teve a glória de conceber: O
Evangelho de Jesus.
Feitas essas considerações, Divaldo Franco retornou ao
drama do bispo Pike, que se mudara dos EUA para a
Inglaterra, habitando o mesmo apartamento onde por
muitos anos seu filho residira. Assim, diante de fatos
inusitados envolvendo ocorrências paranormais, o bispo Pike procurou
o auxílio de uma médium inglesa – a Sra. Ena Twigg (1914-1984).
Pela psicofônica – um dos tipos de mediunidade – Jim,
desencarnado, manifestou-se revelando que sua morte não
fora por suicídio. Jim informou que morrera após
ingerir, inadvertidamente, uma grande dose de
medicamentos e calmantes para poder vencer a insônia, e
diante da ineficácia da medicação passou – em um gesto
automático – a tomar vários até que sobreveio a
desencarnação. Ele era, sim, um suicida indireto, por
ter sido um toxicômano.
O bispo James Pike voltou
à casa da médium, Sra. Ena Twigg, por mais dez
vezes, em intercâmbios bem-sucedidos, colhendo
depoimentos do filho e de um amigo de infância, também
já falecido. Os depoimentos deram-lhe as provas da
imortalidade da alma e da comunicabilidade dos
Espíritos. Diante dessas evidências incontestáveis o
bispo Pike readquiriu a fé, agora iluminada pela
razão, levando-o narrar todos os pormenores dessa
redescoberta em suas conferências, sermões e entrevistas
aos meios de comunicação. Os fatos ensejaram-lhe,
também, a oportunidade de publicar o livro The Other
Side (O Outro Lado), sua autobiografia.(1)
Os fatos da vida podem ser elucidados, ou melhor,
compreendidos, à luz da majestade do pensamento
espírita, o Consolador prometido por Jesus. A mensagem
de Jesus dá ao homem a oportunidade de descobrir o
sentido da vida, isto é, amar, superando o vazio
existencial, ao buscar Deus, compreendendo que as
dificuldades fazem parte da existência. A mediunidade
propicia momentos ricos de bênçãos. A vida está presente
em tudo e em todos os lugares. O atual momento é de
esperança, de mudanças a caminho de um mundo melhor,
cada ser humano está diante da Eternidade, da mais pura
realidade, convidando a viver com felicidade, amando,
sendo e vivendo a transcendência, pois que cada criatura
humana é a manifestação de Deus do verbo amar, asseverou
Divaldo Franco, o Paulo de Tarso do Espiritismo.
Declamando o poema Meu Deus e Meu Senhor, de
Amélia Rodrigues, Divaldo encerrou magistralmente a
conferência, recebendo caloroso aplauso, pondo-se o
público de pé.
(1) Mais
detalhes sobre o bispo Pike, seu filho Jim,
e os desdobramentos deste episódio, se encontram no cap.
26 do livro Um Encontro com Jesus, uma compilação
de Delcio Carvalho.
Nota do Autor:
As fotos desta reportagem
são de autoria de Jorge Moehlecke.