Divaldo Franco: “No amor que Jesus nos ensinou está a
resposta para todas as amarguras”
No dia 11 de março de 2020, o Ginásio de Esportes Chico
Neto, em Maringá (PR), recebeu cerca de 4.000 pessoas
para assistirem a uma magnífica conferência proferida
por Divaldo Franco, cujo teor comovente versou sobre a
capacidade do ser humano de amar-se, amar o próximo,
amando, portanto, a Deus e transformando-se moralmente
para melhor.
A palestra fez parte da programação da 22ª Conferência
Estadual Espírita, tradicional evento promovido pela
Federação Espírita do Paraná, que tem como tema central
“O homem, a consciência e Deus”.
Ao tempo de Jesus, Magdala era uma formosa e celebre
cidade à beira do mar da Galileia. Célebre porque a
Rainha Cleópatra, por duas vezes, passou o verão tórrido
do Egito na calma e agradável cidade, que também tinha
fama pelo seu mercado e pelo serviço de câmbio. Ali
residia bela mulher, disputada por muitos. Com belas
mansões e palacetes, aparentava opulência. Era o mês de
Nissan, março/abril, do calendário judaico.
Assim ambientado, Divaldo narrou a comovente história de
Maria de Magdala, a meretriz, que conhecendo Jesus
tornou-se uma nova mulher, abandonando, de chofre, todos
os maus hábitos, distribuindo todos os seus bens e
dispensando empregados e escravos, para seguir Jesus
incondicionalmente.
A famosa meretriz de Magdala era visitada periodicamente
por forças misteriosas que a deixavam prostrada,
hebetada. E porque procurara Jesus, ao encontrar um
mendigo leproso que lhe pedia dinheiro, este disse-lhe
que naquelas imediações havia um homem bom que curava os
doentes. Maria, então, solicita-lhe que se o encontrasse
fosse ter com ela, informando-a sobre o paradeiro, dando
a ele uma moeda de ouro. Ele tinha lepra por fora e ela
por dentro, isto é, a consciência em tormento. Era uma
pecadora, uma vendedora de ilusões.
Assim sucedeu. O leproso encontrou o Messias, foi ter
com Ele e ficou curado. Imediatamente foi informar a
equivocada de Magdala. A noite se fazia presente. Ela se
encontrava aturdida pelo cometimento que a visitava
inesperadamente. Nessas ocasiões não recebia ninguém,
mas o mendigo insistiu tanto que logrou o seu tentame.
Informou-lhe que o Messias estava em Cafarnaum, onde
pernoitaria para sair no dia imediato. Ela, portanto,
não poderia perder tempo. De barco, atravessaram o mar
da Galileia e foram ter com Ele ao amanhecer.
Ao encontrar Jesus, Maria de Magdala atirou-se aos seus
pés, chamando-o de Mestre querido - Raboni. Jesus se
dirige a ela chamando-a pelo nome – o Mestre a conhecia,
tal qual o pastor conhece as suas ovelhas. Ele é o bom
pastor das almas, conhecendo-as, todas. Maria disse que
desejava seguir-lhe os passos, acompanhá-lo. Porém, o
Nazareno disse-lhe não, por ora não seria possível, não
agora, mas depois. “Por ora, disse-lhe ele, ame, ame os
filhos do mundo, tome conta deles e depois venha a mim.
Vá, Maria, eu a esperarei. Vá e ame.” Jesus ama as
multidões, ilumina a noite dos corações.
Retornando ao seu palacete, a meretriz parecia ter
enlouquecido. Ninguém a compreendia. Ela atirava pelas
janelas de sua imensa casa luxuosa as joias, seus bens
preciosos, moedas e outros valores, perfumes raros e
caros. Dispensou seus empregados. Libertou os escravos.
Apanhou um vaso com perfume raro e foi ter com o Mestre,
servindo-o com deferência e sublime amor. Passou a ser
vista nas caravanas, atendendo a todos, falando de
Jesus, o incomparável Mestre. Peregrinou e pregou o
Reino de Deus.
O Amor é libertador. A meretriz de Magdala amou-o como
nunca. Passou a fazer parte das atividades de Jesus. Ela
presenciou sua entrada em Jerusalém, no domingo de
Ramos, quando o Mestre iria, pouco depois, para o
suplício no Gólgota. Jesus foi para o seu martírio, João
e a pecadora convertida acompanharam-no de perto.
Após percorrer o caminho de dor imposto pelos poderosos
temporários, e já no monte da caveira, ou do calvário,
Maria de Nazaré, a Santíssima, acompanhada de Maria de
Magdala e de Mônica, que lhe secou o suor sanguinolento,
experimentaram a dor da angústia, do medo e o tormento
do suplício aplicado ao inocente. A cena era tenebrosa,
Jesus tomba pendurado na cruz. Tudo estava consumado.
A noite caiu sobre a Terra antes mesmo de o sol se pôr.
Aqueles últimos momentos foram de terrível angústia e
tristeza. A ex-meretriz permaneceu ali, contrita, em
profunda tristeza e ao amanhecer foi ao sepulcro e lá já
não encontrou o corpo do Messias. Vislumbra, na penumbra
da madrugada, uma silhueta, imagina ser um zelador, e
pergunta para onde haviam levado o Senhor. Este, então,
se volta, e ela se viu diante do Mestre, que não se
deixou tocar.
Maria de Magdala saiu dali e foi ter com os demais
discípulos, informando-os sobre o sucedido. “O Mestre
está vivo”, exclamou ela. Não acreditaram nela. Maria
Santíssima, disse-lhe, então: - Minha filha, meu coração
de mãe diz que tu o viste. Já Tomé, somente mais tarde
foi acreditar, desejava tocar em suas chagas para que
tivesse certeza de era realmente o Mestre.
Depois dessa aparição, Jesus ainda teve outras
oportunidades para se fazer notar pelos circunstantes,
reafirmando a sua natureza espiritual ímpar. Estimulou e
encorajou os que estiveram com Ele a saírem por toda a
parte para pregarem o Evangelho a todas as pessoas.
No passado, como na atualidade, o preconceito vige
soberano. Maria de Magdala não conseguia trabalhar. E
por não encontrar trabalho, ao passar uma caravana de
sírios leprosos que procuravam pelo Mestre, no desejo de
serem curados, e não sabendo do que havia sucedido no
Gólgota, Maria de Magdala deu-lhes a notícia.
Ela falou aos leprosos sírios com uma ternura como
nunca, e como não tinha a ninguém, foi ter com eles,
passando a falar de Jesus para aqueles doentes. Em
estando no meio de leprosos, adquiriu a peste. A lepra
se alastrou, tomou-lhe o corpo outrora belo e, agora,
quando falava aos leprosos, se dirigia não mais aos
outros, mas também a i mesma, porque fazia, então, parte
do número dos contaminados.
Maria de Magdala decidiu, então, visitar Mãe Santíssima,
em Éfeso. Viajava à noite, para não ser importunada.
Depois de longas noites caminhando, chegou a Éfeso pela
manhã. Já quase sem forças, desfaleceu, e um casal de
cristãos recolheu-a levando-a à casa de Maria Santíssima
e João.
Por três dias e três noites Maria de Magdala permaneceu
em delírio. Na manhã do terceiro dia sentiu algo
estranho e uma força arrancou-a da carcaça, sendo
acolhida por um grupo de seres angélicos. Viu-se à beira
do mar, ouvia suave melodia e aquela luz, pairando sobre
as águas, arrebatou-a às alturas, acolhendo-a. Era
Jesus. Luz fulgurante rasgou os céus. Maria de Magdala
havia transposto a porta estreita.
No amor que Jesus nos ensinou está a resposta para todas
as amarguras. Está a resposta para a nossa busca no
amor. Jesus veio para que cada ser humano possa
atravessar a porta estreita, consolando, apresentando o
reino dos Céus.
Esta comovente história está contida em detalhes no
livro Estrela Verde, sob o título - Mirian de
Migdal: capítulo 3, uma compilação de Delcio Carvalho,
publicado pela Editora LEAL.
Finalizado o fulgurante encontro pacificador de corações
e estimulador do amor, Divaldo Franco foi calorosamente
aplaudido de pé. Marcando o evento, as lideranças
espíritas locais prestaram-lhe, em seguida, singela
homenagem.
Nota do Autor:
As fotos desta reportagem
são de autoria de Jorge Moehlecke.