Divaldo Franco: “É necessário que haja paz, mas a paz
somente é possível quando existe moralidade”
No dia 12 de março, retornando pelo 66º ano consecutivo
à cidade de Ponta Grossa – também conhecida como a Princesa
dos Campos – Divaldo Franco foi entrevistado por uma
emissora de TV local, ocasião
em que respondeu a questões sobre seu sentimento com
relação a Ponta Grossa; o novo coronavírus e o COVID-19;
o grande desafio do ser humano, isto é, fazer a grande
viagem para o seu interior, descobrindo-se, e a mensagem
de Jesus, modelo e guia da Humanidade, um exemplo de
ética e de moral irretocáveis.
Após bela apresentação do Coral Vozes de Francisco, e
perante os dirigentes espíritas locais, regionais e
estadual, e cerca de 2.000 pessoas que lotaram o
auditório do Clube Princesa dos Campos, Divaldo Franco
proferiu mais uma magnífica palestra.
Realizando um passeio pelos fatos marcantes da
Humanidade, ressaltou a necessidade de os conhecer para
refletir sobre os fatos históricos e, desse modo,
compreender melhor a realidade dos dias atuais.
Passando ligeiramente pela fundação de Roma e sua
importância, destacou os seus dois triunviratos, com
maiores detalhes em torno do período em que Caio Júlio
Cesar, militar romano, conduziu a transformação da
República romana para o Império Romano. Conquanto fosse
um gigante da sociedade patrícia, Júlio Cesar foi mesmo
assim traído por parte do Senado e morto a punhaladas,
sendo sucedido no cargo pelo segundo triunvirato formado
por Marco Antônio, Marco Emílio Lépido e Caio Júlio
Cesar Otaviano Augusto, que encerrou o triunvirato -
após as mortes dos outros dois integrantes -
restabelecendo a República e governando com reconhecidos
valores morais, com o que buscava reparar os equívocos e
excessos perpetrados por Júlio Cesar.
Foi um período de muita paz e progresso para os romanos.
Sabiamente, Otaviano Augusto compreendera que um povo só
é feliz quando está em paz. É necessário que haja paz,
mas a paz somente é possível quando existe moralidade.
Essa deve começar pelos seus governantes para servir de
modelo aos governados.
Foi durante o governo de Otaviano Augusto que nasceu em
humilde aldeia de Belém aquele que seria o modelo e guia
de toda a humanidade: Jesus.
Emoldurando a história, Divaldo apresentou a Palestina
dos tempos evangélicos com suas paisagens, flores e
perfumes, a brisa suave e o mar da Galileia.
Israel experimentava então inquietações que não
identificava. Jesus estava por chegar e permanecer algum
tempo entre os homens. Havia uma expectativa no ar,
havia angústia, decepção, pois que a criatura humana
havia sido reduzida em importância. Israel era
monoteísta, mas cercada por politeístas.
Na casa de Simão Pedro, Jesus, cuja face fazia lembrar
uma noite de estrelas, com dois sóis, seus olhos doces,
em suave tonalidade azul, havia realizado várias curas
durante todo o dia, notadamente a de Natanael Ben Elias.
Ele viera trazer Boas Novas de alegria e ali estavam as
necessidades humanas e suas aflições. A multidão, como
na atualidade, estava ansiosa por curas.
Vendo-o cansado, Pedro dispersou a multidão ao
entardecer, e levou o Mestre a descansar à beira do mar
da Galileia. Sentado em uma pedra, sob generosa sombra
de uma árvore, Jesus chorou. Pedro, exultante pelos
resultados positivos daquele dia, imaginava que Jesus
chorava de alegria. No entanto, o Mestre lhe disse que
era por compaixão, porque aqueles que haviam sido
beneficiados pela cura estavam perdendo-se novamente nos
desvãos da imoralidade e da iniquidade.
Como para as curas é necessário que o ser humano creia,
a fim de poder conquistar qualquer objetivo, crer é uma
proposta terapêutica. Simão Pedro e os que foram curados
também não compreendiam o sentido de tudo aquilo. Ora,
Jesus não viera para curar as feridas do corpo, mas as
da alma. Viera para curar as feridas da alma para que os
corpos não tivessem feridas. E, além disso, prometeu que
intercederia pelos homens rogando a Deus que enviasse à
Terra outro Consolador, para que ficasse permanentemente
com os homens, ensinando, relembrando, esclarecendo e,
por fim, consolando.
O Espírito de Verdade veio para restaurar a mensagem do
Cristo, trazendo conhecimentos novos, e a sublime
mensagem do amor alcança os ouvidos e os corações dos
que O escutam. Jesus veio para amar.
Perpassando a história do Cristianismo, Divaldo Franco
descreveu o panorama inaugurado pelos primeiros
cristãos, quando os cristãos experimentaram dores
acerbas no testemunho de sua fé.
Como, porém, o homem é insensato! Nos períodos que se
seguiram, e tendo os cristãos assomado ao poder,
passaram a perseguir e a matar os perseguidores de
outrora. Perseguido ontem, perseguidor hoje, como nos
mostram a História, as Cruzadas, os tribunais do Santo
Ofício, a Inquisição.
Jesus trouxe-nos sua mensagem de amor para que o homem
deixasse os pântanos das emoções descontroladas,
atreladas às sensações impostas pelos instintos,
ensinando que os bens imperecíveis são os do Espírito
imortal.
Discorrendo, ainda, sobre algumas análises elaboradas
por destacados estudiosos, Divaldo abordou o pensamento
da psicanalista Dra. Hanna Wolff, que considera
Jesus o maior psicoterapeuta de todos os tempos. Suas
análises e considerações estão reportadas no livro Jesus
Psicoterapeuta.
O amor é inspirador da busca de um sentido profundo e
transcendental para a vida, encaminhando o ser humano
para alcançar o discernimento e a capacidade de
distinguir o bem do mal. O amor não se apega, não sofre
a falta, mas frui sempre, porque vive no íntimo do ser e
não das gratificações que o amado oferece. O amor deve
ser sempre o ponto de partida de todas as aspirações e a
etapa final de todos os anseios humanos.
Não há, portanto, razão para que a criatura humana se
deixe envolver pelo manto de pessimismo com que os dias
atuais vêm cercando a sociedade. Não se deve valorizar o
mal que grassa no seio da sociedade humana, nem mesmo se
deve permitir que nos tirem a paz e a alegria de viver.
Apesar dos dias tumultuosos da atualidade, com as
aflições, os ódios, as intolerâncias, os sofrimentos e
as violências que deparamos na sociedade, é urgente
aceitar e viver a proposta de Jesus, amando mais,
tornando-se o ser humano, assim, mais gentil, tolerante,
pacífico e manso, de acordo com os ensinamentos
registrados no Sermão da Montanha, o que permitirá a
formação de uma humanidade mais justa e feliz. Muitos,
ao invés de se amarem uns aos outros, como preconizado
por Jesus, elegem se armarem uns contra os outros, seja
no campo material, seja no emocional.
A Doutrina Espírita convida a criatura humana a
estabelecer profundas reflexões sobre a vida, suas
existências e o potencial que cada pessoa possui para
melhorar-se moralmente, empregando o verbo amar em toda
e qualquer circunstância. A humanidade atual vive
momentos de aflição e muita apreensão ante a
avassaladora multiplicação de contaminados com o
coronavírus e o surto do COVID-19.
Destacando a imortalidade, o Embaixador da Paz
evidenciou o trabalho contínuo que muitos Espíritos
pioneiros de Ponta Grossa, já desencarnados, continuam
incessantemente realizando, sentindo-se felizes por
poder auxiliar o próximo, principalmente o que se acha
na dimensão material. Frisou que se deve equalizar o EGO
e o SELF, estabelecendo um eixo equilibrado. Todo aquele
que se diz cristão tem o dever de acolher Jesus em si,
isto é, viver segundo seus ensinamentos, tornando-se um
ser mais solidário, fraternal e amoroso. Amemos a vida
com serenidade e sem pânico. Está na hora de abraçar a
caridade, é hora de não reclamar, de não pedir nada, mas
de agradecer, de ser grato por tudo e todos.
Nas suaves estrofes do Poema da Gratidão, de Amélia
Rodrigues, Divaldo encerrou a conferência, recebendo
fortíssimos aplausos, permitindo aos presentes sentir a
presença do amor incondicional de Jesus envolvendo a
todos.
Nota do Autor:
As fotos desta reportagem são de autoria
de Jorge Moehlecke.