Divaldo Franco:
“É necessário que o homem se abra para o
amor, construindo um mundo de regeneração”
A etapa final da XXII Conferência Estadual Espírita,
promovida pela Federação Espírita do Paraná, foi, como
as anteriores, realizada nas dependências da Expotrade,
em Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba.
Na abertura, na noite de 13 de março, o Coral Ildefonso
Correia encantou o público, harmonizando os pensamentos
e sentimentos e preparando o ambiente para recepcionar
os expositores e convidados.
Jorge Godinho Barreto Nery, presidente da Federação
Espírita Brasileira, externou seu sentimento de gratidão
à FEP e ao Movimento Espírita paranaense por
proporcionar momentos de reflexão sobre Deus, Jesus e
o homem, ampliando conhecimentos, lançando luzes
mais potentes sobre a imortalidade da alma, a mensagem
crística sobre a vida eterna e sobre o magnífico exemplo
legado pelo Cristo, ao tempo em que exortou os presentes
a orarem em favor da serenidade, da fé e da esperança.
Luiz Henrique da Silva, presidente da FEP, destacou a
importância que as reflexões desta Conferência irão
proporcionar, principalmente sobre o que está ocorrendo
no Brasil e no mundo, pois que o tema da Conferência é: O
Homem, a Consciência e Deus. Destacou a necessidade
de a criatura humana realizar ações nobres e acalentar
pensamentos edificantes, à luz de Jesus e seus
ensinamentos.
|
Divaldo
Franco com Raul Teixeira, Juan Danilo e amigas |
Conferência de abertura
Divaldo Franco, discorrendo sobre A Conquista da Paz,
asseverou que no apagar das luzes do século XX o homem
conseguira aprofundar-se no infinitamente pequeno e nas
conquistas do macrocosmo, onde as sondas alcançam o
inimaginável para a grande massa humana na Terra. É a
ciência oferecendo oportunidades para que a vida flua de
maneira menos surpreendente, com deveres e direitos,
alongando o olhar através dos telescópios ultra potentes
propiciando o homem conhecer sextilhões de astros.
Viajando para fora, esqueceu-se de que é um ser moral,
dotado de sentimentos. Com toda a tecnologia posta a
serviço do homem, este ainda não se sente feliz,
plenificado, está triste. A humanidade imaginava que no
alvorecer do terceiro milênio conquistaria a paz, a
felicidade e o bem-estar, contudo, assim não se
verificou até o presente momento.
Líderes mundiais e idealistas, estabelecendo uma aliança
pela paz através da UNESCO, lançaram um memorando com
seis itens fomentadores da paz. 1. É necessário amar a
vida; 2. É necessário preservar a paz; 3. É necessário
desenvolver a tolerância; 4. É necessário estabelecer o
diálogo e a compreensão entre todos; 5. É necessário
preservar a natureza, desenvolvendo um sentimento
ecológico; e 6. É necessário retornar à solidariedade.
Com estas medidas, os líderes saudaram a imensa
possibilidade da paz. Com o memorando em favor da paz
foi ampliada a divulgação desse ideal.
Jesus já falara de paz, que é alcançada através da
prática do amor a si mesmo, ao próximo e a Deus. Mas,
como o homem pouco conhece o Cristo, uma fatalidade se
abateu sobre a humanidade em 11 de setembro de 2001,
estabelecendo um marco na escalada do terrorismo
internacional, mudando as medidas de relacionamento
entre as pessoas, criando desconfiança entre todos. O
medo se instalou no seio da sociedade humana e o terror
e a perversidade criaram um desequilíbrio emocional.
O Semeador de Estrelas, enriquecendo o conteúdo
apresentado, narrou singular lenda contida no livro Estante
da Vida, de Humberto de Campos, sob o título: A
Lenda da Guerra. Seu fundamento está contido no
desperdício que o homem pratica em suas várias
reencarnações, postergando aprendizados importantes e
inadiáveis com relação ao seu adiantamento moral. E na
prestação de contas com o Senhor, que identificando a
insensibilidade humana, e mostrando-se entristecido
ordenou em seguida que alguns anjos descessem aos
infernos e libertassem perigoso monstro sem olhos e sem
ouvidos, mas com milhões de garras e bocas. Foi então
que, desde esse dia, o monstro cego e surdo da guerra
acompanha os pastores do bem, a fim de exterminar, em
tormentas de suor e lágrimas, tudo o que, na Terra,
constitua obra de vaidade e orgulho, egoísmo e tirania
dos homens, contrários aos sublimes desígnios de Deus.
Nestes atuais dias, asseverou o ínclito orador, um Anjo
Bondoso, enviado por Deus, e por extrema compaixão,
trouxe um ser pequenino, invisível a olho nu, que
soprado sobre a Terra, e que fosse temido, por ser
difícil combatê-lo, deve ensejar ao homem profunda
reflexão para que repense e avance na direção da
moralidade, dado o transbordar das paixões humanas. Esse
coronavírus, o Covid-19, é a oportunidade oferecida por
Deus para que as guerras percam a intensidade, e até
mesmo seja impedida a eclosão de uma guerra de caráter
nuclear, e faça com que o homem passe a respeitar as
divinas leis, utilizando o Evangelho de Jesus.
A Doutrina Espírita convida ao trabalho, à tolerância e
à solidariedade. Jesus é o modelo de virtudes jamais
observado na face da Terra. A imortalidade da alma é uma
realidade, e o amor disseminado pelo Mestre é a grande
lição ainda não aprendida. O Espiritismo ainda não se
instalou por completo no coração dos espíritas, nem no
do homem em geral. A mensagem ética e moral está sendo
deturpada na atualidade, aturdindo o ser humano
aprisionado por sensações mil, criando um campo
vibracional de polaridade negativa. O amor de Deus fala
aos corações humanos através da exuberante natureza,
estimulando-os ao incessante trabalho da renovação de
caráter. Todos os espíritas deveriam vivenciar a
Doutrina Espírita tendo certeza da imortalidade.
Para falar sobre a imortalidade, Divaldo narrou que há
cerca de dois meses um Espírito se apresentou para
contar a sua história, afiançando a imortalidade. Era um
Espírito que se apresentava e falava no idioma alemão.
Tratava-se do autor e protagonista desse episódio
conhecido como A Menina da Maçã, de Herman
Rosenblat. Essa história está no filme O Homem do
Pijama Listrado. Recomendou, o protagonista da
história, que os homens passem a se amarem.
Jesus é a excelência do amor. É necessário amar sempre,
sem condições. Deus manda o coronavírus para que a
humanidade desperte e o amor possa permear a sociedade
humana. O monstro cego, surdo e insensível deve dar
lugar a Jesus, o condutor dos homens. É necessário que o
homem se abra para o amor, construindo um mundo de
regeneração. O amor é a caridade que liberta. Somente o
amor é capaz de felicitar o homem. A Lei de Amor é o
sentido da vida, e todo o homem sensato não deve dar
vazão e razão às queixas, às intrigas, ao mal. O Amor é
paz interior, é sabedoria.
Atividades no sábado
A continuidade da XXII Conferência se deu no dia 14 de
março com sete seminários proferidos pelos seguintes
expositores:
1.Sandra
Borba Pereira, do Rio Grande do Norte, desenvolveu o
tema: Compromissos com Jesus. Destacou que estar
compromissado com Jesus é tarefa inadiável,
classificando os seus seguidores em duas categorias, os
que o seguem de longe e os de perto. Os de longe buscam
as honrarias e os prazeres de O seguir; são possuidores
de recursos, que os emprega para si, ainda se melindram;
abraçam a causa crística sem dar o devido testemunho. Já
os de perto são todos os que realizam sacrifícios
incessantes na transformação moral mediante o emprego do
trabalho árduo para se melhorar; fazem esforços para a
realização do bem; aceitam o martírio, dando o seu
exemplo de testemunho. Posta a Sua mensagem, Jesus não
faz aliciamento, não oferece promessa enganosa e não
impõe, pelo contrário, aguarda o despertar de cada um. O
compromisso com Jesus se traduz em amorosidade, em
caridade, com o exercício da autodisciplina, pensando e
sentindo nos padrões do Cristo, sem ilusões, superando
as próprias imperfeições, compreendendo que a vida é
dinâmica e evolutiva, principalmente no campo moral.
2. Haroldo
Dutra Dias, de Minas Gerais, apresentou o tema: O
santuário da consciência. Deus em sua infinita
bondade e justiça criou o homem com a capacidade de
cocriar. Inicialmente se apresentou simples e ignorante,
mas com vontade de evoluir, escondendo em seu coração o
poder, que somente será acessado no momento propício,
quando desperto para a vida. Como ainda não realizou o
seu aperfeiçoamento moral, o homem exerce o poder de
maneira equivocada, isto é, exerce-o sobre o outro e
dificilmente sobre si mesmo. Deus vê o homem através de
sua misericórdia, pondo no fundo do coração humano a
consciência, que só bons conselho fornece. Embora
escorraçada, o homem desvia o seu curso, ficando,
portanto, a consciência a chamar a atenção visando a
retomada do caminho reto. No âmago de todas as criaturas
humanas há o gene divino, ali está ocultado o tesouro
que será acessado a partir do momento da maturidade
espiritual, com conhecimento de seus deveres
espirituais, tomando posse desse tesouro. A consciência
é o santuário da luz divina, orientando as noções de
responsabilidade, do exercício dos deveres perante a
vida. Jesus ensinou a acessar o local sagrado através do
cumprimento da lei e dos profetas, que estão no altar da
própria consciência, comungando com Deus.
3. André
Trigueiro, do Rio de Janeiro, apresentou reflexões sobre
a Lei de conservação e a Lei de destruição.
Evidenciou que o homem, em estando encarnado na Terra,
guarda com esta uma identidade, seja no corpo fisco,
seja no perispírito, pois que o planeta está em cada
ser, dado que os minerais da Terra estão no corpo dos
homens, salientando que o que está fora, está dentro do
corpo humano. Se o homem é parte do planeta, o que e
está fazendo com a Terra, e consigo mesmo? O homem,
através de suas ações tem gerado poluição ambiental e
espiritual com graves consequências físicas e
espirituais. Discorrendo sobre várias questões contidas
nos capítulos V e VI de O Livro dos Espíritos,
André Trigueiro ressaltou que a Terra nem sempre é capaz
o bastante para fornecer o necessário, chamando a
atenção ao consumismo. A Natureza é sinônimo da
manifestação de Deus. Assim, o coletivo deve sobrepor-se
aos interesses individuais, onde sem o exercício da
caridade o homem não se salvará. Cumpre, portanto, ao
homem a tarefa de se reformar, amando a si mesmo, ao
próximo e a natureza, já que está é, também, a
manifestação de Deus.
4. Alberto
Almeida, do Pará, apresentou tema: A (a)ventura da
(in)consciência. Há uma conjunção de forças
orientando a humanidade para a era nova, sob a justa e
amorosa condução de Jesus. Os atuais são dias difíceis,
porém, superáveis, afiançou o orador paraense. A nova
era, programada e implantada em processo progressivo,
vai-se apresentando, inicialmente reticente,
afirmando-se na consciência de cada ser humano, dado que
é o resultado de um processo de múltiplas existências,
agora dotada de capacidade de fazer escolhas. O homem é
herdeiro de si mesmo. O inconsciente emerge para o
consciente, expressando-se segundo suas experiências
transatas. O Espiritismo ensina que o homem não é
somente um ser humano, mas, para além do corpo, é um
Espírito, resultado de sua multimilenar construção
psicológica, tornando-se mais consciente e menos
inconsciente, assenhorando-se de si mesmo, para que
possa expressar-se na dimensão divina, conectando-se com
o divino.
5. Sandra
Borba Pereira, retornando ao palco, apresentou suas
reflexões sobre o tema Conhecimento, consciência e
responsabilidade. O conhecido texto de João
“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” Cap.
8:32, foi a base para a sua atividade, destacando desta
sentença três ideias: conhecimento, verdade e liberdade.
É a curiosidade que estimula a busca do conhecimento,
porque o homem é um ser de conhecimento, aprendendo em
ambos os planos da vida. As funções superiores do
pensamento e a capacidade perceptiva, ampliam a base
onde se assenta o ser humano. É através do conhecimento
que a verdade irá descortinando-se ao ser imortal. A
experiência e o conhecimento são adquiridos pelo esforço
pessoal, desenvolvendo a consciência. A consciência
percorre o caminho da experiência, que se amplia através
do estudo e do trabalho. A consciência é uma força
moral, embora ainda insipiente. A aquisição da
consciência exige esforço e treinamento mediante a
aquisições morais e espirituais, aprendendo a
administrar conflitos. O despertar da consciência lúcida
se dá pelo conhecimento e pela prática da lei Divina, em
esforço e emprego da vontade em alcançar a própria
evolução espiritual.
6.
Jorge
Godinho Barreto Nery, presidente da Federação Espírita
Brasileira, trabalhou o tema: Consciência e
Responsabilidade. A Doutrina Espírita abriu uma nova
oportunidade à humanidade, e O Livro dos Espíritos é
o conhecimento dos Espíritos ali expresso para que a
humanidade entenda o processo evolutivo e a mensagem de
Jesus, ampliando o conhecimento para o despertar da
consciência, assumindo a responsabilidade por seus atos,
ou omissões. O exercício do amor através das Leis Morais
é o móvel da felicidade, mediante a utilização do
livre-arbítrio. A autoiluminação é aquisição do Espírito
através dos esforços empregados ao longo das
existências, aprendendo uns com os outros, em
convivência com Espíritos de diversos graus evolutivos.
Sendo o Espírito a individualização do Princípio
Inteligente, criado simples e ignorante, sua missão é
chegar à verdade pelo conhecimento, aproximando-se de
Deus. O desenvolvimento do livre-arbítrio se dá na
medida em que o Espírito tem consciência de si mesmo,
responsabilizando-se pelo seu destino, tendo sempre em
vista que Jesus é o modelo e o guia para a humanidade. A
criatura humana é de origem divina e, portanto, tem
oportunidades inúmeras para o desenvolvimento da
consciência com responsabilidade. Eis alguns pilares
para que os cristãos possam se orientar: que o Evangelho
de Jesus seja o roteiro a seguir; que a consciência
tranquila seja o consolo; que a ausência do mal seja a
estratégia; e que a prece seja a fortaleza.
7. Antes
da exposição de Divaldo Franco, Juan Danilo Rodríguez,
trabalhador da Mansão do Caminho, apresentou bela página
musical, tocando violão e cantando, como prece inicial,
interpretando sua adaptação do poema Gostaria de ser,
de Amélia Rodrigues, psicografado por Divaldo Franco.
Essa canção faz parte do CD musical O amor é o teu
nome, do mesmo Juan Danilo que foi amplamente
aplaudido ao término de sua apresentação.
Divaldo Franco, abordando o tema proposto - O homem
perante a consciência cristã -, citou a seguinte
frase de Carl Gustav Jung, dando início a sua
conferência: Tenhas o conhecimento teórico de várias
ciências, sejas possuidor de um grande conhecimento,
quando, no entanto, se estiveres diante de uma alma,
lembra-te, estás diante de uma alma.
Essa é uma reflexão profunda e merecedora de alta
consideração ante a necessidade de que as criaturas
humanas têm de ouvir, de sentir e de compreender o
outro. Cada indivíduo vive conforme a sua própria
consciência. No passado, toda a pessoa dotada de
conhecimento era considerada possuidora de consciência,
porém, a experiência demonstrou o contrário.
A consciência é um atributo do Espírito, do ser
imortal. Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço e
fundador da psicologia analítica, em 1950, escreveu
freneticamente sob inspiração de um ser, em três dias e
três noites, o livro Resposta a Jó, personagem
mitológica da Bíblia, onde apresenta uma definição a
respeito da consciência, destacando que o verdadeiro
momento de consciência é quando o EGO toma
conhecimento do SELF, do EU profundo. A
busca pelo autoconhecimento levará o homem a
construir-se mais equilibrado, responsável, amoroso. A
família é o laboratório ideal. Voltar à família,
construindo o genuíno lar é tarefa que todos devem
realizar.
Apresentando dois pesquisadores, George Ivanovich
Gurdjieff, que viveu no período da revolução
bolchevique, e o seu discípulo Peter Ouspensky,
Divaldo Franco, com seu verbo iluminado, discorreu sobre
os quatros níveis de consciência do ser humano, segundo Ouspensky.
Ele classificou a sociedade em dois biótipos. Denominou
de fisiológico aquelas criaturas que se relacionam
através das sensações. Ao outro biótipo chamou de
psicológico – uma minoria da sociedade. Em seus
estudos, Ouspensky classificou o ser humano em
quatro níveis de consciência. Consciência de sono sem
sonhos é o primeiro nível. Neste está a grande maioria,
com raras exceções. É o estágio primário na escala de
evolução. Ouspensky afirmou que pelas
reencarnações o indivíduo vai adquirindo conhecimento e
despertando a consciência. O segundo nível é o de sono
com sonhos, ou consciência desperta. A criatura humana
alcança o discernimento, dá-se conta que sua existência
tem um significado psicológico. Elucidando estes níveis
de consciência, Divaldo expôs o pensamento de Joanna de
Ângelis que os desdobra um pouco mais. Para tal,
utilizou-se do Mito da Caverna, de Platão. Na questão
621 de O Livro dos Espíritos, lembrou o professor
Divaldo Franco, Allan Kardec indagava sobre onde estava
escrita a Lei de Deus, obtendo como resposta que a Lei
está gravada na consciência do ser humano.
Consciência de si mesmo é o terceiro nível estabelecido
por Ouspensky. Neste nível o autor apresenta as
funções da máquina – o ser humano. A primeira função é a
intelectiva. A segunda é a emocional. Na ordem estão as
funções instintiva, motora ou postural, e a sexual. A
sexta função é a intelectiva emocional, e a intelectiva
superior é a sétima. Estas funções devem ser
administradas por essa consciência de si mesmo. Peter
Ouspensky denominou o quarto nível como o de
consciência objetiva, que Allan Kardec chamou de
consciência cósmica. Educação moral, familiar, cultural,
emocional e social, impõem-se como fundamentais. Essa
deve ser a consciência dos espíritas, sob as dúlcidas
vibrações de Jesus, pois que o Espiritismo é a doutrina
do amor e do perdão.
Fácil, portanto, de se depreender que a educação do
Espírito, por meio do desenvolvimento de hábitos
saudáveis e nobres, seria o caminho para se atingir
patamares mais elevados de consciência. O amor de Deus
pode refazer o Universo, assim, todos os indivíduos
deveriam tornar-se seres de consciência emocional
superior.
Encerramento
A atmosfera leve e radiante assinalou o domingo, 15 de
março, quando, cumprindo a última etapa da XXII
Conferência Estadual Espírita, se revezaram na tribuna
três expositores, acolhendo imenso público.
1. André
Trigueiro desenvolveu o tema: A força do Um,
destacando que o futuro é construído a partir dos atos
atuais, influenciando os acontecimentos do porvir. Não
sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda? (I
Coríntios, 5:6.) Fazendo uso desta sentença do Apóstolo
Paulo, Trigueiro asseverou que tudo emana de cada um,
formando moldes mentais, pois que todos os pensamentos
atuam nas mentes que estão à volta. Os pensamentos e
vibrações influem na qualidade da psicosfera, isto é, na
qualidade do ambiente. O bem e o mal são vibrações
contrárias, há que se optar pelo bem, se nos amamos e
amamos o próximo. Lembre-se que todas as suas palavras
ditas ou escritas gerarão influências em quem ouve, em
quem lê. Assim, uma pergunta se impõe: - Elas possuem
qualidades positivas ou negativas? As palavras possuem
força. Todos os atos são modelos vivos influenciando os
que se encontram a volta. A força do um significa que
todos interferem, mais ou menos, construindo ou
destruindo. A vida é sistêmica, e as adversidades
contribuem, de forma fundamental, para a evolução. A
força do um é ser contribuinte para a diversidade.
2.
Alberto
Almeida discorreu sobre o tema: Enamorar-se de Deus.
Em toda a parte, em tudo e todos, Deus. Jesus apresentou
um Deus paternal, único, sem Lhe tirar a divindade,
aproximando-o aos homens, bem como as relações com a
Natureza. Deus é amor, assim se expressou João,
em belíssima síntese. As percepções sobre o Cristo
sofreram alterações ao longo do tempo, a Doutrina
Espírita veio repor o conhecimento apresentando Jesus
como era. Também permite o Espiritismo que possamos
entender as relações com o Deus que nos criou, e não com
o deus que os homens criaram. As relações diárias com
Deus se dão através dos outros, assim, as relações com o
próximo deverão possuir mais fraternidade. O espírita
deve entender que o templo espírita é o Universo, não a
casa espírita, tão somente. O espírita deve se ver como
Espírito, não como um corpo perecível. As relações com
Deus não devem ter hora, locais, circunstâncias e
posturas. Há um sincronismo divino, tudo está certo,
pois Deus cria sempre e os homens também criam. Estamos
em Deus, existimos e nos movimentamos Nele. Deus,
somente Deus.
3. Divaldo
Franco desenvolvendo a sua temática – Jesus! -,
encerrando a XXII CEE, narrou que na história dos
hebreus haviam-se passado cerca de quinhentos anos sem o
som das vozes proféticas. Roma havia distendido suas
fronteiras e as legiões asseguravam para a Capital a luz
do sol a brilhar permanentemente, dado a extensão
territorial. Passando ligeiramente pela fundação de Roma
e a sua importância, destacou os seus dois triunviratos,
com maiores detalhes em torno do período em que Caio
Júlio Cesar militar romano conduziu a transformação da
República Romana para o Império Romano, um gigante da
sociedade patrícia, mas que mesmo assim foi traído por
parte do Senado e morto a punhaladas. Júlio Cesar foi,
então, sucedido pelo segundo triunvirato formado por
Marco Antônio, Marco Emílio Lépido e Caio Júlio Cesar
Otaviano Augusto, que encerrou o triunvirato - após as
mortes dos outros dois integrantes - restabelecendo a
República Romana e governando com reconhecidos valores
morais buscando, através de novas diretrizes, reparar os
equívocos e excessos perpetrados por Júlio Cesar.
Roma estava em paz pela segunda vez em um período de
aproximadamente 640 anos. Pairavam messes de alegria e
bem-estar. Neste período de Otaviano não renasceram
homens belicosos em Roma, porém, filósofos, artistas e
intelectuais reencarnaram, empregando esforços na
construção de um período de crescimento intelectual e
moral para os romanos.
Otaviano, demonstrando o seu acentuado amor pela
moralidade, não tergiversou nem com a esposa, que havia
se envolvido na prática de envenenamento de desafetos,
nem mesmo com a filha, que com atitudes impróprias,
desonrava a corte, expulsando-as sem apelação.
Foi um período de muita paz e progresso para os romanos.
Sabiamente Otaviano Augusto compreendera que um povo só
é feliz quando está em paz. É necessário que haja paz,
que a paz somente é possível quando existe moralidade, e
essa deve começar pelos seus governantes para servir de
modelo aos governados.
O que estava acontecendo? Os Espíritos dizem que o mundo
estava em preparação para receber o Messias, que
efetivamente veio, nascendo em uma gruta de calcário, no
seio do povo hebreu. Antes da chegada do Messias, a
civilização conhecida, por cerca de 300 anos,
experimentou o martirológio imposto por diversos
bárbaros conquistadores, tal qual Aníbal, o Cartaginês;
Ciro, o Rei dos Persas; Alarico I e II; Átila, o Uno; e
Gengiskan, entre outros. Todos conquistadores cruéis.
Tudo preparado, foi durante o governo de Otaviano
Augusto que nasceu em humilde aldeia de Belém Aquele que
seria o Modelo e Guia de toda a humanidade: Jesus, que
vivendo em Nazaré venceu a humanidade, apresentando o
Amor. Somente Ele veio como se fosse uma sinfonia
melodiosa a penetrar em todos os escaninhos da Terra.
Ernest Renan,
(1823-1892), filósofo, escritor e historiador francês do
século XIX, foi nomeado em 1862 professor de hebraico
no Collège de France, mas, após sua primeira
aula, onde chamara Jesus de “homem incomparável”, seu
curso foi suspenso pelo governo de Napoleão III, curso
depois suprimido até 1870. Em 1864-1865, em uma segunda
viagem ao oriente o ajudou a preparar a sequência, que
ele meditava, da ‘Vida de Jesus’, uma das obras mais
célebres do século XIX, rapidamente traduzida em quase
todas as línguas. Renan era o primeiro em França
a vulgarizar a exegese alemã de David Friedrich
Strauss, segundo a qual a vida de Jesus nada tinha
de intervenção sobrenatural.
Ernest Renan,
instigado por sua irmã Henriette, pesquisou sobre
Jesus nos originais, ficando fascinado por esse Homem
extraordinário. Desta forma Ernest Renan, embora
ateísta, decidiu escrever sobre a vida Jesus, em três
tomos. Foi naquela aula inaugural no Collège de
France, em 22 Fev. 1862, que Ernest Renan afirmou
que Jesus é um Homem incomparável, e que dividiu a
História em antes e depois Dele. Jesus foi um vulto tão
grande que não coube na História da Humanidade, sendo a
personagem histórica mais biografada de todos os tempos.
Jesus venceu o mundo com olhos de ternura e compaixão,
amando também as crianças, tão desprezadas a seu tempo.
Ele foi a primeira personagem que não afastou de seu
coração pater-maternal as crianças. Tornou-se o
Embaixador da paz em nome de Deus. Ninguém revelou tanta
sabedoria como Ele. Até hoje sua mensagem é acalentada
nos corações humanos. Doze séculos depois, Francisco de
Assis rogava para se tornar um hábil instrumento da paz.
Divaldo Franco destacou que na velha Palestina, na baixa
Galileia, junto ao lago Genesaré, Jesus contemplava o
outro lado, formado por uma cadeia de montanhas, em cujo
topo se encontrava a cidade de Gadara. Ali, naquela
região, se localizava a Decápolis, detestada pelos
judeus, haja vista que seus habitantes criavam porcos.
Foi nesse cenário, no mês de Nissan (março/abril) com
temperatura amena e o ar perfumado pelas rosas, que o
Mestre Galileu, tomando o barco de Pedro, atravessou o
lago, desembarcando em singela praia, no contraforte da
montanha escarpada. Aqueles eram tempos difíceis.
O Mestre intentava visitar a comunidade malsinada e
odiada pelos judeus. Subindo a escarpa, no primeiro
platô havia um pequeno cemitério abandonado. De uma
sepultura saltou alguém desgrenhado, gritando, - o que
tens contra nós? E Jesus indaga: - e tu, quem és? Ao que
recebe como resposta: - Legião, nós somos muitos, não
nos mande para o Hades, deixe-nos, ao menos, ficar junto
aos porcos. Não nos mande para as Geenas!
Jesus, então, ordena: - Legião! Sai dele! E o possesso,
aturdido levanta-se, perguntando: - Senhor! Que queres
que eu faça? Deixando livre o subjugado, aqueles
Espíritos perversos, vibracionalmente, causaram pânico
aos porcos, que aturdidos, se atiraram do alto daquele
precipício. Aquele homem, possesso, estava há vinte anos
sob o domínio ultrajante, vivendo no cemitério. Foi
curado, e sorrindo, dizia a todos que havia sido Ele,
Jesus, que o havia curado.
Ao mesmo tempo os gadarenos, que cuidavam os porcos, O
amaldiçoaram por terem perdido seus animais, dizendo que
não O queriam em Gadara, pois que Ele era judeu,
recomendando que não voltasse mais, suplicando que os
deixassem em paz. Alguém mais exaltado lançou uma pedra
que raspou uma face do rosto de Pedro. Ide de volta,
vociferaram, que Te vá, deixa-nos em paz, já perdemos os
nossos porcos. Os gadarenos perguntavam-se entre si,
quem era Aquele homem. Não sabiam responder, não haviam
indagado sobre o visitante, nem mesmo procuraram saber o
que viera ali fazer.
Ele, acompanhado pelo recém-liberto e os demais,
embarcaram de volta. Os gadarenos haviam trocado Jesus
pelos porcos. É um exemplo de obsessão coletiva e a
legião, também, se apossou dos demais criadores de
porcos, desperdiçando a oportunidade de ascensão
vertical, preferindo a horizontal, a que contempla os
bens materiais. Até os dias atuais, muitos optam pelas
paixões asselvajadas, trocando-O sem conhecê-Lo.
Jesus, o Incomparável Mestre, amando incondicionalmente,
estabeleceu nova ordem para a humanidade, o amor, que
deve ser a si mesmo, ao outro e a Deus. Ele é um Rei
singular. Não possui trono, seu território é invisível.
Ele assenta-se no trono construindo em cada coração que
o recebe, estabelecendo, assim, o Reino de Deus em cada
criatura humana. Jesus é compaixão, é piedade para com
todos.
Asseverou o nobre orador que o importante é não ser
inimigo de ninguém. Joanna de Ângelis destaca que a ação
dos belicosos é a saudade que eles sentem de Jesus, e
não sabendo expressar essa saudade, agridem, ofendem,
matam, na ânsia de acalmar a falta de Jesus em seus
corações. Anseiam por Jesus.
Ao final, o Espírito Dr. Bezerra de Menezes, pela
mediunidade de Divaldo Franco, amorosamente se expressou
dizendo da necessidade que todos temos de Jesus, onde o
amor vige em tudo e todos, estimulando o homem ao
progresso espiritual. A humanidade, enfrentando
desafios, entre eles as pandemias, deve munir-se da fé,
da esperança, evitando as paixões que dividem. O grande
antídoto para todos os males é o amor incondicional,
ressaltando que os exemplos ofertados sejam positivos,
de confiança e de esperança.
Nota do Autor:
As fotos desta reportagem são de autoria
de Jorge Moehlecke.