A dor
que é
morta
Que você
já leu o
ensinamento
de que a
fé sem
obras é
morta,
não há
dúvida,
mas a
afirmativa
do
título
acima –
a dor
que é
morta -
tenho
minhas
dúvidas
de que
já tenha
lido.
Por
exemplo,
quando
em um
sinaleiro
da
cidade
nós
vemos
crianças
esmolando
para
sustentar
vícios
dos
pais,
sentimos
profundamente.
Pelo
menos
creio
que sim.
Entretanto,
quando o
sinal
nos
autoriza
prosseguirmos
com o
carro,
aquela
visão e
o
consequente
sentimento
de
tristeza
se
esvaem.
Quando
assistimos
em
qualquer
canal de
televisão
à
notícia
de um
pai que
molestou
sexualmente
a
própria
filha
por anos
seguidos
dentro
da
própria
casa, um
sentimento
de
revolta
contra o
agressor
e de
piedade
para com
a vítima
são
inevitáveis.
Mas,
quando o
canal de
televisão
que
anunciava
a
tragédia
é
desligado,
tanto a
revolta
como a
piedade
desaparecem.
Essa
epidemia,
talvez
até
mesmo
uma
pandemia,
do
coronavírus,
ceifando
vidas
aqui e
acolá,
gera um
sentimento
de
fraternidade
mundial,
que
serve
para
desviar
o foco
de
atritos
entre
superpotências
que põem
em risco
a paz do
planeta,
mas faz
nascer
no
coração
do homem
uma
tristeza
por
existências
que são
ceifadas
pela
doença.
Porém,
assim
que a
moléstia
for
controlada,
passará
a
existir
tempo e
espaço
para que
os
atritos
bélicos
se
reagudizem
em
vários
pontos
ocupados
pelo ser
humano,
passando
a
impressão
de que a
humanidade
não tem
mais um
inimigo
comum.
Ou seja,
nosso
amor
pelo
semelhante
ainda é
tão
frágil
que
parece
escapar
assim
que uma
situação
de
sofrimento
se perde
no
passado,
mesmo
que num
passado
muito
precoce.
Irmão
José no
livro Com
Cinco
Pães E
Dois Peixes,
psicografia
de
Baccelli,
Editora
DIDIER,
tem uma
página
que vem
se
encaixar
e muito
bem
nessa
realidade.
Diz
ela: Muitos
se
comovem
diante
da dor,
mas nada
fazem
para
amenizá-la.
Muitos
lamentam
a
situação
de
penúria
em que
vive
determinada
pessoa,
mas nada
fazem
para
auxiliá-la.
Muitos
se
indignam
com a
injustiça
que
presenciam,
mas nada
fazem
para
combatê-la.
Muitos
se
entristecem
com a
infância
desvalida
nas
ruas,
mas nada
fazem
para
socorrê-la.
Muitos
clamam
contra a
crescente
onda de
violência,
mas nada
fazem
para
erradicá-la.
O mundo
em
ruínas
não está
precisando
de quem
chore
sobre os
seus
escombros,
mas,
sim, de
quem
transpire
na sua
reconstrução.
Chico se
comovia
com a
dor das
pessoas
que o
procuravam,
chorava
com o
desespero
das mães
que
achavam
que
tinham
perdido
seus
filhos,
mas se
doava
totalmente
nas
longas
horas de
trabalho
mediúnico
trazendo
notícias
consoladoras
aos
corações
mergulhados
em dores
atrozes.
O mesmo
podemos
dizer de
Irmã
Dulce
que não
ficou a
observar
os
necessitados
esquecidos
pelas
ruas,
mas,
esmolando
em todos
os
lugares
por ela
percorridos,
conseguiu
levar o
socorro
a tantos
deles.
Madre
Teresa
de
Calcutá
está
inserida
nesse
mesmo
procedimento
de amor
aos seus
semelhantes.
Quantas
peregrinações
e lutas
pelo
planeta!
Que se
inclua
exemplarmente
a
Divaldo
Franco
com a
sua
gigantesca
obra da Mansão
do
Caminho, sem
mencionarmos
sua
tarefa
mediúnica
de
grandeza
ímpar e
também
as suas
sacrificiais
viagens
a muitos
países
levando
a
mensagem
consoladora
do
Espiritismo.
Muitos
outros
vultos
teriam
para ser
citados,
mas
deixamos
a cargo
da
lembrança
de cada
leitor
essa
menção.
O que
podemos
concluir
do nosso
comportamento
de
passar
pela dor
sem nada
fazer,
mesmo
que seja
muito
pouco o
que
possamos
doar
para
amenizá-la,
é que
toda dor
que
venhamos
a sentir
e que
nada
produz
para
suavizar
o
sofrimento
daqueles
que nos
cruzam o
caminho,
a
exemplo
da fé
sem
obras,
essa dor
transitória,
passageira,
fugaz,
essa dor
que não
nos
mobiliza
em
direção
ao
sofredor,
também é
morta em
si
mesmo. |