Chico e Zico
Há algum tempo assisti a um documentário em que
algumas pessoas que conviveram com Chico Xavier
falavam da vida do médium e sua capacidade de
trabalho.
Conversavam que não havia “tempo ruim” para o
médium mineiro; enquanto houvesse gente para ser
atendida lá estava Chico abraçando, consolando,
esclarecendo.
A capacidade de trabalho de Chico Xavier era uma
coisa impressionante, pois mesmo com saúde débil
e idade avançada não foram poucas as vezes em
que Chico avançou a madrugada trabalhando.
Dizem os Espíritos que o limite do trabalho é o
limite de nossas forças. Abro aqui um campo para
oportuna reflexão.
Causa-me e sempre causou estranheza quando
amigos da seara espírita cobram os outros em
relação ao trabalho. Soltam frases mais ou menos
assim:
É preciso trabalhar...
Trabalhe que você melhora.
Depressão? Tudo se resolve com trabalho.
Pior quando a coisa passa ao campo da ameaça:
Ah, se você não trabalhar terá de responder à
espiritualidade.
Falta-lhes, todavia, conhecimento da obra de
Kardec e um pouco de sensibilidade. Os Espíritos
dizem que o limite do trabalho é o das forças.
Ora, dito isto, cada um sabe o seu próprio
limite, de modo que é desnecessário fiscais
encarnados da espiritualidade a alertar que os
"preguiçosos" colherão amargos frutos pela pouca
dedicação à causa.
Espírito extremamente forte, Chico Xavier tinha
a capacidade de trabalho proporcional às suas
forças, e, detalhe: não ficava tentando fazer
com que os outros trabalhassem na “marra”,
porquanto sabia dos limites que tem cada
indivíduo.
Uma outra observação feita, porém, pelos amigos
de Chico foi a de que, quando estavam ao lado
dele, brotava em cada um a vontade de ser uma
pessoa melhor.
A influência que Chico exercia sobre seus amigos
era extremamente benéfica.
Mas, eis que meu pensamento resolveu bater asas,
e de Chico passei a lembrar de Zico, o galinho
de Quintino, jogador de futebol e craque do
Clube de Regatas Flamengo do Rio de Janeiro nos
anos 1970/1980.
Fato comum, os ex-companheiros de time de Zico
diziam que jogar ao seu lado transformava
jogador medíocre em bom jogador, tamanho o
estímulo e as lições que o galinho transmitia em
campo.
Chico e Zico, ou Zico e Chico, como queiram,
fazem-nos pensar na importância das companhias
que escolhemos para compartilhar nossas vidas.
Aliás, vale lembrar, sempre, que essas
companhias podem ser tanto no campo visível,
pessoas que escolhemos para compartilhar
passeios, trocar ideias, enfim, relacionar-se de
alguma forma e, também, no mundo invisível, ou
mundo dos Espíritos, haja vista a famosa questão
459 de O Livro dos Espíritos a mostrar
que os Espíritos influenciam nossos pensamentos
e ações.
Mas, claro, se os Espíritos influenciam é
porque, por meio dos pensamentos e das ações, os
escolhemos como companhias para nossa
existência.
Em suma, influenciamos e somos influenciados
pelos encarnados e desencarnados, sendo
inclusive difícil, muitas vezes, delimitar quem
influencia quem.
Então, diante do que foi exposto, podemos
colocar duas questões para nosso exercício
reflexivo:
Será que estamos proporcionando condições para
que as pessoas e os Espíritos que caminham
conosco sejam melhores?
Será que estamos escolhendo companhias, seja de
pessoas, seja de Espíritos, que podem nos deixar
melhores?
Escolher ou abandonar as companhias, eis a
questão...