Narrativas em migalhas sobre a panorâmica
do além-tumba
Conquanto haja “kardequeólogos” de plantão que andam
rejeitando a literatura do Espírito André Luiz,
particularmente sigo por outros caminhos, acolhendo as
revelações do autor de “Nosso Lar” e de outros
Benfeitores com serena confiança. Em face disso,
discorreremos se na dimensão dos Espíritos realmente
existem casas, templos, escolas, hospitais, ruas,
árvores, parques.
Com certeza, por “lá” não há “vasos sanitários” e
mictórios. Lamentavelmente, existem “romances
mediúnicos” que não passam de abusos ficcionais criados
por “médiuns” obsedados. Há um dilúvio desses “romances”
alucinantes narrando que no Além os Espíritos se
casam, copulam e geram filhos, sim! Reproduzem!!!
Afiançam que, pela fecundação, há a gestação, o
nascimento dos “bebês” (pasmem!) Contam até que por “lá”
o Espírito morre (morre!? meu Deus!!!), sobrevindo o
sepultamento dos seus restos perispirituais em
cemitérios d’além-túmulo. (Isso é consequência de
médium com distúrbio psicológico, com certeza!)
No Mundo Espiritual, o ambiente difere totalmente do
planeta, pois lá, como descrevem os Espíritos
comunicantes, não há frio nem calor excessivo, não há
terremotos nem tempestades. Nas Colônias Espirituais, os
domicílios não se amontoam uns aos outros como nas
grandes cidades terrestres; eles oferecem espaços
regulares entre si, como a indicar que naquele abençoado
reduto de fraternidade e auxílio cristão há lugar para
todos. Não há estabelecimentos comerciais, mas, em
compensação, há grande número de instituições
consagradas ao bem coletivo.¹
O processo utilizado pelos desencarnados em seus
engenhos e edificações é pela energia do pensamento e da
vontade. O pensamento é força criadora e a vontade é
força propulsora. Através destas duas potencialidades,
os Espíritos constroem tudo o que desejam. O Universo é
seu laboratório.² Podem formar conjuntos com aparência,
forma e cor determinadas. Kardec inclui essas
possibilidades dos fenômenos peculiares ao mundo
espiritual no que chamou laboratório do mundo invisível.
Muitos Espíritos dizem que a luz do sol por “lá” é
agradável e reconfortante. Realmente há edificações
belíssimas, algumas de séculos, protegidas por muralhas,
armas e até animais, onde os habitantes têm o desfrute
de deleites e costumes tipicamente físicos, como
nutrição, por isso há plantações e fábricas diversas
(sucos, roupas etc.).
Os desencarnados muito atrelados à vida material que
chegam ao Mundo Espiritual sem compreenderem a
transformação por que passaram, e têm ainda sensação de
fome e sede, lhes são ministrados alimentos em
instalações especiais, até que, adaptados ao meio em que
iniciaram a nova vida, entendam que não têm mais
necessidade desses alimentos.
Sobre esse quesito alimentação, alguns Espíritos
necessitam de substâncias suculentas, tendentes à
condição fluídica, e o processo será cada vez mais
delicado, à medida que se intensifique a ascensão
individual, pois a alma, em essência, apenas se nutre de
amor.
De forma geral, é indispensável os concentrados
fluídicos nas operações nutritivas. Em face da
essencialização das substâncias absorvidas, não existem
para o veículo psicossomático³ os exageros e
inconveniências dos sólidos [bolo fecal] e líquidos
[urina] da excreta comum.⁴ A exsudação se dá pelos
poros. À vista disso, e não obstante algumas
psicografias famosas de romances “espíritas” que
descrevem supostos banheiros no Além, constatamos aqui
com André Luiz que inexistem “vasos sanitários” e
“mictórios” por “lá”.
Pela difusão cutânea, o corpo espiritual, através de sua
extrema porosidade, nutre-se de produtos sutilizados ou
sínteses quimioeletromagnéticas, hauridas no
reservatório da Natureza.⁵ A água é veículo dos mais
poderosos para os fluidos de qualquer composição. No
Além, ela é empregada sobretudo como alimento e remédio.
É de extraordinária importância a respiração no sustento
do corpo espiritual. Na Terra, o homem se alimenta muito
mais pela respiração [70%], colhendo o alimento de
volume [30%] simplesmente como recurso complementar de
fornecimento plástico e energético, para o setor das
calorias necessárias à massa corpórea. ⁶
Não ignoramos que os Espíritos conservam as faculdades
que tinham na Terra; eles têm visão, audição, sensação,
percepção, mas diferentemente de quando possuíam um
corpo físico, ainda que muitos deles, em claudicação,
julguem que tais coisas se passam, por lá, da mesma
forma que no corpo.
Destaque-se que os Espíritos estão por toda parte,
nenhum lugar circunscrito ou fechado se destina a uns ou
a outros, segundo consta em O Livro dos Espíritos.⁷
O fato de estarem os desencarnados “por toda a parte”
deve ser explicado com sensatez, como existindo colônias
ou construções fluídicas em toda parte do Além.
Referências bibliográficas:
1 XAVIER, Francisco Cândido. Voltei,
ditado pelo Espírito Irmão Jacob, RJ: Ed. FEB, 1958.
2 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos,
per. 27, RJ: Ed. FEB, 1971.
3 A constituição íntima do perispírito
não é idêntica em todos os Espíritos encarnados ou
desencarnados que povoam a Terra ou o espaço que a
circunda.
4 XAVIER, Francisco Cândido. Evolução
em dois mundos, ditado pelo Espírito André Luz, 20ª.
Edição, RJ: Ed. FEB, 1958.
5 XAVIER, Francisco Cândido. Missionários
da Luz, ditado pelo Espírito André Luiz, RJ: Ed FEB,
1971.
6 Idem.
7 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos,
questão 188, RJ: Ed FEB, 1976.
|