O despertar das
vicissitudes
A vida é repleta de sobressaltos e desafios que
fazem parte das nossas necessidades evolutivas.
Só crescemos quando vivenciamos experiências que
servem de lição no aprendizado diário. Não raro,
padecemos de pesadelos que nos fazem despertar
com sofrimentos e, dependendo da intensidade e
extensão, esses transtornos nos levam a um
estado de ansiedade.
Vivenciamos agora uma pandemia do Covid-19, um
microrganismo que paralisou o mundo e,
inobstante os avanços da ciência, ainda somos
impotentes para combater certas enfermidades de
imediato. Destarte, estamos experimentando um
"pesadelo" que não poupa nenhum ser humano, já
que o vírus não tem preferência, mas, sim, consequências...
Nessa conjuntura inusitada para nossa geração
caminhamos, se é que já não chegamos, para uma neurose
pandêmica. Contudo a serenidade é a melhor
atitude em momentos cruciais. Precisamos ter coragem,
paciência e resignação, procurando
respeitar as orientações médicas sem
negligenciarmos a Fé. Aliada à oração, ela nos
dará o suporte para a reflexão tão necessária a
fim de corrigirmos rumos e mantermos a
solidariedade para com todos.
Nas crises constatamos que sozinhos nada somos.
A nossa individualidade revela-se frágil, mas se
fortalece quando nos unimos. A dor e o
sofrimento nos ensinam a viver e conviver.
É o remédio amargo que nos leva à cura das
mazelas da alma.
Na questão 728, d’O Livro dos Espíritos,
encontramos: “A destruição é uma lei da
Natureza? - É necessário que tudo se destrua
para renascer e se regenerar porque isso a que
chamais destruição não é mais que transformação,
cujo objetivo é a renovação e o melhoramento dos
seres vivos”. Por oportuno, ressaltamos a máxima
de Antoine Lavoisier: “Na Natureza nada se
cria, nada se perde, tudo se transforma”. O
multiverso vive em constante metamorfose.
Paradoxalmente nessa turbulência tecnológica
aproximamo-nos daqueles que estão longe e nos
distanciamos dos que convivemos bem de perto...
Agora nesse período emergencial permanecemos
todos reunidos nos lares,
mas, infelizmente, nem todos unidos...
Passamos pela porta estreita da “convivência com
as diferenças”, prova difícil, mas se trata de
uma das grandes lições reencarnatórias. Nessa
hora, sentimos fortemente que somos parte do
todo e todos precisam uns dos outros...
Temos na questão 738, d’O Livro dos Espíritos:
“Para conseguir a melhora da Humanidade, não
podia Deus empregar outros meios que não os
flagelos destruidores? - Pode e os emprega todos
os dias, pois que deu a cada um os meios de
progredir pelo conhecimento do bem e do mal. O
homem, porém, não se aproveita desses meios.
Necessário se torna que seja castigado no seu
orgulho e que se lhe faça sentir a sua
fraqueza”.
Lembremo-nos sempre de que o sol nasce a cada
dia e independe dos atropelos do caminho.
Busquemos na oração o alento para as ansiedades,
e na esperança, a certeza de que um novo
despertar se nos apresenta no horizonte próximo
onde nos aguarda o Astro-Rei com sua luz
fulgurante.