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por Arlene Paes Dias

 

Pedimos. E agora?


Durante nossa caminhada na Terra, somos muitas vezes chamados a enfrentar obstáculos necessários à nossa evolução. Nesses momentos difíceis de muita dor e sofrimento, acabamos não nos lembrando – e é melhor que assim seja – de que escolhemos essas provas antes do nosso renascimento, a fim de tentarmos reparar comportamentos inadequados, acertar arestas com desafeto e parar de procurar responsáveis por tudo isso. Também nesses momentos, oramos ao Pai Celeste pedindo soluções milagrosas. Solicitamos ajuda aos Espíritos de Jesus e, como não recebemos o que esperávamos, sentimo-nos abandonados.

Será que temos consciência do que pedimos? Geralmente são coisas materiais que supomos necessárias para acabar com nossa dor e sofrimento. Por exemplo, a cura da doença que afeta nosso corpo físico ou dos entes queridos; ajuda material para proporcionar mais conforto aos nossos familiares; afastar-nos de pessoas que nos desafiam, pois agem e pensam de maneira diferente de nós, e que se transformam em relacionamentos de convivência bastante tumultuada e desequilibrante – o outro é o agente da nossa infelicidade; rogamos soluções que venham de fora, pois acreditamos que possam nos ajudar.

Definitivamente, não temos consciência de que somos Espíritos renascidos com grande histórico de existências anteriores, comprometidos com muitos por atitudes inadequadas e que hoje convivem conosco, e juntos teremos de reviver tais situações a fim de corrigi-las.

A penúria que hoje enfrentamos talvez seja consequência do mau uso que fizemos dos bens que recebemos antes, e que não foram usados para minorar o sofrimento dos que conosco conviviam. A doença do corpo servirá para praticarmos a aceitação diante do que não podemos mudar e, dessa forma, nos resignarmos.

O que é verdadeiro é que quando pedimos ajuda a Deus, a Jesus ou aos Espíritos amigos, fazemos como se estivéssemos sendo vítimas de uma grande injustiça. Todavia, quando aceitamos a orientação daqueles que realmente nos querem ajudar, e começamos a refletir sobre os fatos que nos incomodam, e que podem ter sido provocados por nossas escolhas infelizes, iniciamos o caminhar que nos levará ao tão desejado crescimento espiritual.

Perceber que nossas escolhas geram consequências que nos afetarão, que também somos atingidos pelas escolhas daqueles que conosco convivem e que também erram, como já erramos tantas vezes, faz com que passemos a encarar o nosso sofrimento com outros olhos. Esse novo olhar nos permitirá uma nova conduta ante nossas eternas solicitações ao Pai. Não mais afastamento das dificuldades, mas entendimento para aceitar o que não podemos mudar e mudar tudo o que for possível através de escolhas mais conscientes, e o grande aliado nessa caminhada rumo ao crescimento espiritual será o bom uso que fizermos do nosso livre-arbítrio.

E como saber se nossas escolhas são acertadas? Colocando em prática a lei de Amor trazida por Jesus: Ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como gostaríamos de ser amados! Simples assim, pois quem diz amar a Deus sem amar o próximo não tem um sentimento verdadeiro. Se sabemos o que nos faz bem-vindo ao outro, por que não termos as mesmas atitudes em relação a ele?

Quando começamos a perceber tudo isso, passamos a compreender Jesus na nossa vida. Sua participação no nosso dia a dia não tem a ver com riqueza, prosperidade material. O Espírito equilibrado consegue lidar bem com a parte material necessária ao corpo físico, instrumento de manifestação do Espírito na Terra. Nessa situação de equilíbrio haverá dor, mas não desespero. Haverá resignação e, ainda assim, vontade de melhorar. Haverá aceitação ativa e não comodismo que retarda o progresso pessoal. Saber que todos esses momentos difíceis passam e que são necessários à nossa evolução nos traz conforto e fortalecimento para seguirmos em frente.

Esse progresso individual – porque cada um é responsável pela sua caminhada –, quando baseado na fé verdadeira, é constante e vigoroso e nos faz entender que sem ação não seremos atendidos. Se formos humildes para reconhecer que precisamos de ajuda, pediremos com fé e confiança. Bateremos à porta e ela se abrirá, conforme ensina Jesus. Atingindo esse momento de conscientização, entenderemos, definitivamente, que somente nós somos responsáveis pela nossa evolução e que tudo que acontece conosco tem a ver com nossas escolhas. Seremos sempre responsáveis pelas inadequações que terão de ser, por nós, corrigidas e, depois, abençoadas com a conquista de virtudes decorrentes desses acertos.

Estaremos assim fazendo bom uso e multiplicando os talentos que recebemos do Criador. Aliados ao desejo constante de melhorar, iremos nos aperfeiçoando moralmente, pois passaremos a desejar ao próximo somente o que será bom para todos. Saberemos, a partir de então, o que devemos pedir em nossas preces.

No capítulo XXV de O Evangelho segundo Espiritismo, recebemos do Mestre as seguintes recomendações quando formos orar: se for a luz para clarear os nossos caminhos, ela nos será dada; se for a força para resistir ao mal, nós a teremos; se for a assistência dos bons Espíritos para nos ajudar, eles virão e nos servirão de guias; e se forem bons conselhos, eles nos serão dados.

Mas tudo isso há de ser feito com fé sincera, fervor e confiança, apresentando-nos com humildade e não com arrogância, pois, caso contrário, seremos abandonados às próprias forças e as quedas ocorrerão como consequência do nosso orgulho.

Na lição 66 do livro Caminho, Verdade e Vida, o benfeitor espiritual Emmanuel, através da bendita psicografia de Francisco Cândido Xavier, assevera que: “Reclamar em virtude dos caprichos que obscurecem os caminhos do coração é atirar ao Divino Sol a poeira das inquietações terrenas; mas, pedir em nome de Jesus, é aceitar-lhe a vontade sábia e amorosa, é entregar-se-lhe de coração para que nos seja concedido o necessário”.

 

Bibliografia:

XAVIER, F. C. Seara dos Médiuns, ditado pelo Espírito Emmanuel – 19ª edição – Editora FEB – Brasília/DF – lição 86 – 2009.
 


 

     
     

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