Pedimos. E agora?
Durante nossa caminhada na Terra, somos muitas vezes
chamados a enfrentar obstáculos necessários à nossa
evolução. Nesses momentos difíceis de muita dor e
sofrimento, acabamos não nos lembrando – e é melhor que
assim seja – de que escolhemos essas provas antes do
nosso renascimento, a fim de tentarmos reparar
comportamentos inadequados, acertar arestas com desafeto
e parar de procurar responsáveis por tudo isso. Também
nesses momentos, oramos ao Pai Celeste pedindo soluções
milagrosas. Solicitamos ajuda aos Espíritos de Jesus e,
como não recebemos o que esperávamos, sentimo-nos
abandonados.
Será que temos consciência do que pedimos? Geralmente
são coisas materiais que supomos necessárias para acabar
com nossa dor e sofrimento. Por exemplo, a cura da
doença que afeta nosso corpo físico ou dos entes
queridos; ajuda material para proporcionar mais conforto
aos nossos familiares; afastar-nos de pessoas que nos
desafiam, pois agem e pensam de maneira diferente de
nós, e que se transformam em relacionamentos de
convivência bastante tumultuada e desequilibrante – o
outro é o agente da nossa infelicidade; rogamos soluções
que venham de fora, pois acreditamos que possam nos
ajudar.
Definitivamente, não temos consciência de que somos
Espíritos renascidos com grande histórico de existências
anteriores, comprometidos com muitos por atitudes
inadequadas e que hoje convivem conosco, e juntos
teremos de reviver tais situações a fim de corrigi-las.
A penúria que hoje enfrentamos talvez seja consequência
do mau uso que fizemos dos bens que recebemos antes, e
que não foram usados para minorar o sofrimento dos que
conosco conviviam. A doença do corpo servirá para
praticarmos a aceitação diante do que não podemos mudar
e, dessa forma, nos resignarmos.
O que é verdadeiro é que quando pedimos ajuda a Deus, a
Jesus ou aos Espíritos amigos, fazemos como se
estivéssemos sendo vítimas de uma grande injustiça.
Todavia, quando aceitamos a orientação daqueles que
realmente nos querem ajudar, e começamos a refletir
sobre os fatos que nos incomodam, e que podem ter sido
provocados por nossas escolhas infelizes, iniciamos o
caminhar que nos levará ao tão desejado crescimento
espiritual.
Perceber que nossas escolhas geram consequências que nos
afetarão, que também somos atingidos pelas escolhas
daqueles que conosco convivem e que também erram, como
já erramos tantas vezes, faz com que passemos a encarar
o nosso sofrimento com outros olhos. Esse novo olhar nos
permitirá uma nova conduta ante nossas eternas
solicitações ao Pai. Não mais afastamento das
dificuldades, mas entendimento para aceitar o que não
podemos mudar e mudar tudo o que for possível através de
escolhas mais conscientes, e o grande aliado nessa
caminhada rumo ao crescimento espiritual será o bom uso
que fizermos do nosso livre-arbítrio.
E como saber se nossas escolhas são acertadas? Colocando
em prática a lei de Amor trazida por Jesus: Ama a Deus
sobre todas as coisas e ao próximo como gostaríamos de
ser amados! Simples assim, pois quem diz amar a Deus sem
amar o próximo não tem um sentimento verdadeiro. Se
sabemos o que nos faz bem-vindo ao outro, por que não
termos as mesmas atitudes em relação a ele?
Quando começamos a perceber tudo isso, passamos a
compreender Jesus na nossa vida. Sua participação no
nosso dia a dia não tem a ver com riqueza, prosperidade
material. O Espírito equilibrado consegue lidar bem com
a parte material necessária ao corpo físico, instrumento
de manifestação do Espírito na Terra. Nessa situação de
equilíbrio haverá dor, mas não desespero. Haverá
resignação e, ainda assim, vontade de melhorar. Haverá
aceitação ativa e não comodismo que retarda o progresso
pessoal. Saber que todos esses momentos difíceis passam
e que são necessários à nossa evolução nos traz conforto
e fortalecimento para seguirmos em frente.
Esse progresso individual – porque cada um é responsável
pela sua caminhada –, quando baseado na fé verdadeira, é
constante e vigoroso e nos faz entender que sem ação não
seremos atendidos. Se formos humildes para reconhecer
que precisamos de ajuda, pediremos com fé e confiança.
Bateremos à porta e ela se abrirá, conforme ensina
Jesus. Atingindo esse momento de conscientização,
entenderemos, definitivamente, que somente nós somos
responsáveis pela nossa evolução e que tudo que acontece
conosco tem a ver com nossas escolhas. Seremos sempre
responsáveis pelas inadequações que terão de ser, por
nós, corrigidas e, depois, abençoadas com a conquista de
virtudes decorrentes desses acertos.
Estaremos assim fazendo bom uso e multiplicando os
talentos que recebemos do Criador. Aliados ao desejo
constante de melhorar, iremos nos aperfeiçoando
moralmente, pois passaremos a desejar ao próximo somente
o que será bom para todos. Saberemos, a partir de então,
o que devemos pedir em nossas preces.
No capítulo XXV de O Evangelho segundo Espiritismo,
recebemos do Mestre as seguintes recomendações quando
formos orar: se for a luz para clarear os nossos
caminhos, ela nos será dada; se for a força para
resistir ao mal, nós a teremos; se for a assistência dos
bons Espíritos para nos ajudar, eles virão e nos
servirão de guias; e se forem bons conselhos, eles nos
serão dados.
Mas tudo isso há de ser feito com fé sincera, fervor e
confiança, apresentando-nos com humildade e não com
arrogância, pois, caso contrário, seremos abandonados às
próprias forças e as quedas ocorrerão como consequência
do nosso orgulho.
Na lição 66 do livro Caminho, Verdade e Vida, o
benfeitor espiritual Emmanuel, através da bendita
psicografia de Francisco Cândido Xavier, assevera que: “Reclamar
em virtude dos caprichos que obscurecem os caminhos do
coração é atirar ao Divino Sol a poeira das inquietações
terrenas; mas, pedir em nome de Jesus, é aceitar-lhe a
vontade sábia e amorosa, é entregar-se-lhe de coração
para que nos seja concedido o necessário”.
Bibliografia:
XAVIER, F. C. Seara dos Médiuns,
ditado pelo Espírito Emmanuel – 19ª edição – Editora FEB
– Brasília/DF – lição 86 – 2009.
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