Felicidade e dever
A procura da felicidade assemelha-se, no fundo, a uma
caçada difícil.
Taxando-a por dom facilmente apresável, há quem a
procure entre os mitos do ouro, enferrujando as mais
belas faculdades da alma, na fossa da usura; quem a
dispute no prazer dos sentidos, acordando no catre da
enfermidade; quem lhe suponha a presença na exaltação do
poder terrestre, acolhendo-se à dor de extrema
desilusão, e quem a busque na retenção do supérfluo,
apodrecendo de tédio, em câmaras de preguiça.
Não há felicidade, contudo, sem dever corretamente
cumprido.
Observa, pois, o dever de que a vida te incumbe.
Vê-lo-ás, hora a hora, no quadro das circunstâncias:
- Na fé que te pede serviço.
- No serviço que te roga compreensão.
- No ideal que te pede caráter.
- No caráter que te roga firmeza.
- No exemplo que te pede disciplina.
- Na disciplina que te roga humildade.
- No lar que te pede renúncia.
- Na renúncia que te roga perseverança.
- No caminho que te pede cooperação.
- Na cooperação que te roga discernimento.
Por mais agressivos se façam os empeços da marcha, não
te desvies da obrigação que te recomenda o bem de todos,
sempre que puderes e quanto puderes, seja onde for.
Porque te mostres leal a ti mesmo, é possível que a
maioria te categorize à conta de ingrato e rebelde,
fanático e louco.
A maioria, no entanto, nem sempre abraça o direito. Não
podemos esquecer que, no instante supremo da humanidade,
ela, a maioria, estava com Barrabás e contra o Cristo.
Cumpre, assim, teu dever, e, tomando da Terra somente o
necessário à própria manutenção, de modo a que te não
apropries da felicidade dos outros, estarás atingindo a
verdadeira felicidade, que fulge sempre, como bênção de
Deus, na consciência tranquila.
Do livro Religião dos Espíritos,
obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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