Na empatia, o outro é o outro
Talvez seja a parte mais difícil, ou o desafio
maior, no campo da empatia, a compreensão de que
para sermos empáticos devamos entender que o
outro é o outro.
Mas como assim? Se ao exercitar a empatia eu
deva me colocar no lugar do outro, estender-lhe
as mãos, oferecer-lhe o ombro amigo,
aconchegá-lo nas minhas vibrações de paz e de
carinho, ajudá-lo a resolver os problemas pelos
quais está passando e mostrar-lhe um caminho de
possibilidades a percorrer? Como assim, na
empatia, o outro é o outro?
Pois bem! Diante desses questionamentos,
possamos entender e compreender que ao nos
colocarmos no lugar do outro não significa
substituir o outro, nem ser o outro. É termos a
consciência de que devemos fazer ao outro
somente aquilo que gostaríamos que nos fosse
feito, conforme nos ensina o mestre Jesus, no
evangelho de Mateus, capítulo 7, versículo 12. É
estarmos com o outro, praticando a virtude da
misericórdia, colocando o coração a serviço do
outro, a fim de auxiliá-lo nas resoluções dos
conflitos. É assisti-lo na parte que nos cabe,
dando-lhe suporte para que ele (o outro) possa
tirar as próprias conclusões e decidir por si
mesmo, fazendo o uso do seu poder de escolhas,
caso tenha condições para isso.
A título de ilustração, recordemos a passagem
evangélica de João, capítulo 8, versículos 1 a
11, que trata do episódio intitulado “A mulher
adúltera”, levada a julgamento (apedrejamento)
em praça pública, sendo um dos exemplos de
empatia vivenciados pelo mestre Jesus.
Durante o julgamento que se resultaria em
apedrejamento, embora Jesus tenha se posicionado
ao lado da referida mulher, passando-lhe
vibrações positivas naquele momento difícil e
correndo o risco de também ser apedrejado, não a
substituiu na questão que cabia somente a ela
resolver, justamente porque o outro é o outro.
Jesus, ao escrever no chão, e ordenando aos que
não tivessem pecado que atirassem pedra sobre
aquela mulher, a “ficha foi caindo” na
consciência de cada um dos acusadores, pelo que
foram saindo daquele local, um a um, começando
pelos mais velhos até o mais novo de todos.
Ficando a sós na praça pública, Jesus disse
àquela mulher que ele também não a condenaria,
pelo que entendemos que naquele instante o mais
importante para Jesus era praticar a empatia.
Estar ao lado dela, dando-lhe força naquele
momento de crise pelo qual ela passava.
Ao recomendar-lhe “vai e não voltes a errar”, o
mestre Jesus estava liberando-a para que ela
pudesse seguir o seu próprio caminho, levando
consigo as lições na bagagem, para que ela
mesma, no exercício do seu livre-arbítrio, fosse
resolvendo as suas pendências pelo caminho.
Diante do exposto, fica a sugestão para todos
nós, espíritas ou não, ao exercer a empatia,
tenhamos o devido cuidado em não nos envolvermos
no problema do outro a ponto de nos confundirmos
com o outro nas complicações dos desafios que
cabem ao outro resolver; em não nos tornarmos
intrusos na vida do outro; em não impormos ao
outro que siga à risca as nossas orientações.
O empático não está em posição superior ao outro
e deve sempre respeitar as suas decisões,
porque, na verdadeira empatia, o outro é o
outro.