Grandes tribulações
No Sermão Profético, Jesus demonstrou toda a Sua
amargura pela incompreensão dos homens em face à
mensagem viva que viera trazer.
O Mestre prognosticou uma série de
acontecimentos que adviriam nos séculos
subsequentes, devido à recalcitrância dos homens
em compreender que o objetivo básico da mensagem
cristã era o de promover a renovação moral e
espiritual da humanidade com fundamento na
assertiva: “Amar a Deus sobre todas as coisas
e ao próximo como a si mesmo”. (Mateus,
24:1 e 2).
Podemos entender através de Mateus, como
referido acima: Tendo Jesus saído do Templo,
estava partindo quando se aproximaram Dele os
Seus discípulos para mostrar-Lhe as edificações
do Templo. Em resposta, Lhes disse: “Não vedes
tudo isso? Vos digo que não será deixada pedra
sobre pedra que não seja derribada”.
Observamos a invigilância dos discípulos que,
mesmo após o Mestre ter mostrado a eles que o
importante não era o aspecto exterior das
coisas, pois tudo que é material um dia termina,
fizeram questão de chamar a atenção de Jesus
justamente para a estrutura física do Templo.
Percebemos, através desta passagem, o quanto
estamos ligados à matéria. Deste modo
encontramos no livro A Gênese onde o
codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec,
esclarece: “Há primeiramente a predição das
calamidades de todo gênero que assolarão e
dizimarão a humanidade, decorrentes da luta
suprema entre o bem e o mal, a fé e a
incredulidade, as ideias progressistas e as
ideias retrógradas”.
Jesus, demonstrando segurança e tranquilidade
como sempre, ensina que é necessário estarmos
assentados em bases sólidas, pois esses
acontecimentos seriam prenúncio de uma grande
transformação que o planeta sofreria, ou seja, o
fim de um ciclo de dores e sofrimentos para o
início de um ciclo em favor do amor pleno.
Com a partida de Jesus da Terra, acelera-se a
decadência do Império Romano, começando longo
período de guerras, de perseguições e morte dos
discípulos, porque muitos algozes acreditavam
prestar inestimável serviço ao Império apontando
supostos hereges e matando os portadores da Boa
Nova.
Estes instantes dolorosos assinalariam a
renovação planetária. As calamidades que
adviriam provocadas pela maldade dos homens são
tantas que, se não houver a intervenção da
Providência Divina, nada mais será respeitado na
Terra, porém, a Providência é vigilante e, no
momento oportuno, colocará um fim à loucura dos
homens. Antes, porém, de chegar esse momento de
transição, a violência, a sensualidade, os
escândalos e a corrupção atingirão níveis jamais
pensados, enquanto as enfermidades
degenerativas, os vícios, os desvarios sexuais
clamarão por paz, pelo retorno da moral.
Observamos que as guerras fraticidas sucedem-se
em todos os tempos semeando a orfandade e a
viuvez, a dor e a desolação, tudo atentado
contra o preceito cristão devido ao egoísmo, à
posse, à vaidade, à ganância dos homens,
ocasionando pestes, fome, terremotos em diversos
lugares. Porém, para que a humanidade progrida,
não são necessárias as guerras, pois a evolução
se processa sem provocar abalos e sem produzir
ruínas. Entretanto, como os homens não querem
obedecer a Lei de Progresso, acabam se apegando
demais às instituições e às ideias do passado,
produzindo atritos, degenerando-se em conflitos
de onde advém o caráter penoso das transições.
Vemos nações armando-se de todos os meios
possíveis e inimagináveis, gerando engenhos
mortíferos e terríveis e dificilmente pode-se
prever as consequências de uma guerra nuclear
que abalará o mundo, conforme prognosticado no
Apocalipse, capítulo oito, versículos sete a
doze, segundo o apóstolo João Evangelista,
ocasionando a destruição de apreciável parcela
da humanidade.
Às vezes é necessário que o mal chegue ao
excesso para se tornar compreensível a
necessidade do bem e das reformas, assim, a
civilização organizada para a guerra e vivendo
para a guerra há de cair, inevitavelmente, mas o
futuro nascerá dos seus escombros para um novo
ciclo da humanidade, sem os extremismos
antirracionais.
Entre os flagelos produzidos exclusivamente pelo
homem sobreleva a guerra e esta desaparecerá da
face da Terra, quando a humanidade compreender a
justiça e praticar a Lei de Deus. Podemos
entender que, quando a destruição excede os
limites da necessidade, se torna uma violação da
Lei Divina,
segundo O Livro dos Espíritos nas
questões 735 e 743.
Gandhi também esclarece: “A Terra pode
oferecer o suficiente para satisfazer as
necessidades de todos os homens, mas não a
ganância de todos os homens”.
Dalai Lama também elucida: “A destruição da
natureza resulta da ignorância, da cobiça e
ausência de respeito para com os seres vivos do
planeta. Muitos habitantes da Terra: animais,
plantas, insetos e até mesmo micro-organismos,
que já são raros ou estão em perigo, podem
tornar-se desconhecidos das futuras gerações.
Temos a capacidade, a responsabilidade e
precisamos agir antes que seja tarde”.
Entendemos que “hoje, quem causa os
cataclismos somos nós e não a natureza; estamos
vivendo a maior crise ambiental da história da
humanidade” - André Trigueiro.
Portanto, os flagelos, como inundações,
epidemias, secas, levam à dor e ao sofrimento
grande parte das populações, porque o egoísmo
traduzido no privilégio das minorias impede que
recursos avançados da ciência sejam aplicados de
forma a eliminar ou diminuir seus danosos e
dolorosos efeitos, mas, à medida que a ciência
vai progredindo, o homem vai dominando os
flagelos. Pela pesquisa das causas pode-se
prevenir, no entanto, há flagelos, como
temperaturas altíssimas ou muito baixas, que o
homem ainda não pode controlar, e, por sua
negligência, poderá agravá-los.
O Mestre afirmou que ocorreria a multiplicação
da iniquidade a tal ponto que enfraqueceria a fé
de muitos. Na realidade, a violência e a
iniquidade reinaram e reinam em todas as épocas
da humanidade; tudo isto está relacionado com as
vidas sucessivas, explicado na Lei de Ação e
Reação e na Lei da Reencarnação. Segundo o
evangelista Mateus, é apenas o começo.
Fenômenos sísmicos aterradores sacodem o orbe
com frequência, despertando a solidariedade de
outras nações, enquanto armas ditas inteligentes
ceifam centenas e milhares de vidas a serviço da
guerra, assim como, as revoluções intermináveis.
São esses paradoxos da vida em sociedade que
facultam a grande transição ter lugar no planeta
para que haja a transformação.
Entendemos que as tragédias naturais como,
tsunamis e terremotos, têm como objetivo
acelerar a evolução da humanidade; constatamos
que é preciso que tudo seja destruído a fim de
que possa renovar-se, ou seja, não é Lei de
Destruição, mas sim de transformação.
Porém, a realidade atualmente é muito diferente.
Nações desenvolvidas economicamente procuram
explorar nações pobres, agindo de modo a manter
estas nações em permanente dependência
econômica, política e até militar e, enquanto
perdurar tal situação, a guerra declarada, ou
não, permanecerá entre os povos por falta de
harmonia entre eles. Isto porque os homens estão
preocupados apenas com interesses materiais,
esquecidos da Lei Divina, fazendo com que as
trevas espirituais se tornem espessas.
Quando a humanidade estiver madura para subir um
degrau, pode-se dizer que são chegados os tempos
marcados por Deus, como pode-se dizer também que
eles chegam para a maturação dos frutos e sua
colheita.
Vivemos atualmente uma época de transformação
denominada Período de Transição, que nos
apresenta aceleradas transformações na estrutura
geológica e atmosférica do planeta, assim como
convulsões sociais e morais e acelerado
desenvolvimento tecnológico e científico.
Não nos resta dúvida de que são condições
portadoras de inquietude, entretanto, a Terra
não deverá transformar-se por meio de um
cataclismo que aniquile de súbito uma geração. A
atual desaparecerá gradualmente e a nova a
sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança
alguma na ordem natural das coisas.
As tempestades passarão e o céu reaparecerá em
sua limpidez, a obra divina se expandirá em um
novo surto. A fé renascerá nas almas e novamente
se irradiará mais fulgurante sobre o mundo
regenerado, o pensamento de Jesus.
O Evangelho do Mestre ainda encontrará, por
algum tempo, a resistência das trevas. A má-fé,
a ignorância e o império da força conspirarão
contra o Evangelho, mas o tempo virá em que sua
ascendência será reconhecida. Nos dias de
flagelo e de provações coletivas, é para a sua
luz eterna que a humanidade se voltará tomada de
esperança. Então, novamente se ouvirão as
palavras benditas do Sermão da Montanha, e,
através das planícies, dos montes, dos vales o
homem conhecerá o caminho, a verdade e a vida.
Mahatma Gandhi afirmou: “O Sermão da Montanha
é o resumo do Cristianismo”, destacando: “sejamos
nós a mudança que queremos ver no mundo”.