O dia em que a Terra parou
A Via Láctea e sua respectiva comunidade planetária
assistem atentos a um movimento de paralisação súbita do
orbe terreno em sua sempre frenética movimentação
interior. Esse acontecimento imprevisto e inesperado
pela imensa maioria da população terrena deverá entrar
para os registros históricos como "o dia em que a Terra
parou", conforme previu o cancioneiro popular na saudosa
interpretação de Raul Seixas.
Em nosso país, era o início do equinócio de outono
quando fomos surpreendidos com notícias urgentes dando
conhecimento de exigências das autoridades
governamentais de que a população entraria em isolamento
social e todos precisavam permanecer em seus lares em
virtude da chegada de uma pandemia, provocada por um
vírus letal que poderia causar mortes em larga escala.
Na sucessão dos acontecimentos, fomos assistindo,
perplexos, as informações alarmantes de
potências econômicas mundiais tomando medidas de
isolamento, fechando suas fronteiras e dando notícias de
milhares de seres humanos que tiveram suas vidas
ceifadas pelo vírus implacável, fato que vem se
repetindo diariamente em todo o planeta. Nesse momento
tão importante e desafiador para a humanidade, é natural
refletir sobre tudo o que está acontecendo e em que a
doutrina consoladora pode nos ajudar para uma melhor
compreensão da situação.
Em uma sociedade cada vez mais presunçosa e egocêntrica,
foi necessário que a força da natureza, conduzida por
uma vontade sábia e soberana, fizesse uso de um recurso
didático pequenino, invisível aos olhos humanos, para
servir de instrumento pedagógico demonstrando ao homem,
definitivamente, o que é o real e verdadeiro poder. Essa
constatação inequívoca, naturalmente nos leva ao
exercício da humildade e nos faz reconhecer resignados a
nossa condição espiritual muito modesta; rasga os véus
da ilusão da matéria e fere mortalmente nosso orgulho e
vaidade, nos submetendo inevitavelmente a pensar sobre:
Qual a importância da vida e quais os seus objetivos
centrais.
A realidade do momento nos impõe aprendizado instantâneo
sobre nossa fragilidade e pequenez, ao mesmo tempo que
nos reconecta com o Criador, promovendo o burilamento e
a educação espiritual, recordando-nos os verdadeiros
propósitos que nos trouxeram a essa romagem terrena.
Em uma sociedade adoecida e que vem repetindo equívocos
de maneira sistematizada há muito tempo, o movimento de
recompor o passo e corrigir a rota é inevitável, e a
oportunidade de renovação e amadurecimento espiritual é
profunda. Acabou-se o tempo das fugas irrefletidas para
lugar nenhum, caíram-se as máscaras das alegrias
fugidias e fomos todos desnudados em nossos erros e
ignorância do viver sem proveito espiritual.
Começam a eclodir mudanças e multiplicam-se os exemplos
de fraternidade e solidariedade no mundo inteiro; as
bandeiras da discriminação e do preconceito de raças
estão sendo derrubadas em definitivo e um hino de louvor
à união e à concórdia da grande família humana começa a
vibrar nos corações. A hora é de testemunho e ousadia
cristã; o momento é de semear o amor, as sementes vivas
do evangelho redentor, através da conduta reta e da
caridade desinteressada; deixar brilhar nossa luz sob a
égide do Cristo.
É preciso acalmar o coração, alegrar-se com o momento,
manter o otimismo e a confiança, não desfalecer e nem
desanimar. Precisaremos estar de ânimo forte e
revigorados no amor e amparo de Jesus para acender a
chama da esperança no coração daqueles que se encontrem
desanimados, com medo, cultivando a autopiedade e
vitimizando-se pelos abalos da matéria ilusória.
Talvez nos ocorra nesse momento cogitar de ser hoje ou
amanhã o termo final de nossa caminhada na Terra. Qual o
problema? Devemos lembrar que o processo é natural e
todos temos a hora de chegada, bem como a de partida,
portanto, alegremo-nos pela honra de estar vivendo na
Terra nesse tempo e ter a alegria de participar dessa
experiência espiritual com o Cristo.
Aproveitemos cada instante desse testemunho coletivo,
devotando a Jesus toda a disposição sincera em servir,
mantendo nosso coração sempre leve e aberto para
nutri-lo da seiva bendita do seu amor e trabalhar nessa
reconstrução sublime, abrigados sempre em sua paz.
Sigamos em frente. A hora decisiva chegou e bate à porta
do nosso coração convidando-nos para a marcha vitoriosa
do evangelho pela redenção da humanidade!
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