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por Maurício Rodrigues

 

O dia em que a Terra parou

 
A Via Láctea e sua respectiva comunidade planetária assistem atentos a um movimento de paralisação súbita do orbe terreno em sua sempre frenética movimentação interior. Esse acontecimento imprevisto e inesperado pela imensa maioria da população terrena deverá entrar para os registros históricos como "o dia em que a Terra parou", conforme previu o cancioneiro popular na saudosa interpretação de Raul Seixas.

Em nosso país, era o início do equinócio de outono quando fomos surpreendidos com notícias urgentes dando conhecimento de exigências das autoridades governamentais de que a população entraria em isolamento social e todos precisavam permanecer em seus lares em virtude da chegada de uma pandemia, provocada por um vírus letal que poderia causar mortes em larga escala.

Na sucessão dos acontecimentos, fomos assistindo, perplexos, as informações alarmantes de potências econômicas mundiais tomando medidas de isolamento, fechando suas fronteiras e dando notícias de milhares de seres humanos que tiveram suas vidas ceifadas pelo vírus implacável, fato que vem se repetindo diariamente em todo o planeta. Nesse momento tão importante e desafiador para a humanidade, é natural refletir sobre tudo o que está acontecendo e em que a doutrina consoladora pode nos ajudar para uma melhor compreensão da situação.

Em uma sociedade cada vez mais presunçosa e egocêntrica, foi necessário que a força da natureza, conduzida por uma vontade sábia e soberana, fizesse uso de um recurso didático pequenino, invisível aos olhos humanos, para servir de instrumento pedagógico demonstrando ao homem, definitivamente, o que é o real e verdadeiro poder. Essa constatação inequívoca, naturalmente nos leva ao exercício da humildade e nos faz reconhecer resignados a nossa condição espiritual muito modesta; rasga os véus da ilusão da matéria e fere mortalmente nosso orgulho e vaidade, nos submetendo inevitavelmente a pensar sobre: Qual a importância da vida e quais os seus objetivos centrais.

A realidade do momento nos impõe aprendizado instantâneo sobre nossa fragilidade e pequenez, ao mesmo tempo que nos reconecta com o Criador, promovendo o burilamento e a educação espiritual, recordando-nos os verdadeiros propósitos que nos trouxeram a essa romagem terrena.

Em uma sociedade adoecida e que vem repetindo equívocos de maneira sistematizada há muito tempo, o movimento de recompor o passo e corrigir a rota é inevitável, e a oportunidade de renovação e amadurecimento espiritual é profunda. Acabou-se o tempo das fugas irrefletidas para lugar nenhum, caíram-se as máscaras das alegrias fugidias e fomos todos desnudados em nossos erros e ignorância do viver sem proveito espiritual.

Começam a eclodir mudanças e multiplicam-se os exemplos de fraternidade e solidariedade no mundo inteiro; as bandeiras da discriminação e do preconceito de raças estão sendo derrubadas em definitivo e um hino de louvor à união e à concórdia da grande família humana começa a vibrar nos corações. A hora é de testemunho e ousadia cristã; o momento é de semear o amor, as sementes vivas do evangelho redentor, através da conduta reta e da caridade desinteressada; deixar brilhar nossa luz sob a égide do Cristo.

É preciso acalmar o coração, alegrar-se com o momento, manter o otimismo e a confiança, não desfalecer e nem desanimar. Precisaremos estar de ânimo forte e revigorados no amor e amparo de Jesus para acender a chama da esperança no coração daqueles que se encontrem desanimados, com medo, cultivando a autopiedade e vitimizando-se pelos abalos da matéria ilusória.

Talvez nos ocorra nesse momento cogitar de ser hoje ou amanhã o termo final de nossa caminhada na Terra. Qual o problema? Devemos lembrar que o processo é natural e todos temos a hora de chegada, bem como a de partida, portanto, alegremo-nos pela honra de estar vivendo na Terra nesse tempo e ter a alegria de participar dessa experiência espiritual com o Cristo.

Aproveitemos cada instante desse testemunho coletivo, devotando a Jesus toda a disposição sincera em servir, mantendo nosso coração sempre leve e aberto para nutri-lo da seiva bendita do seu amor e trabalhar nessa reconstrução sublime, abrigados sempre em sua paz.

Sigamos em frente. A hora decisiva chegou e bate à porta do nosso coração convidando-nos para a marcha vitoriosa do evangelho pela redenção da humanidade!



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita