Queremos
ser
curados?
No Evangelho de João, diante do paralítico do tanque de
Betesda, Jesus pergunta àquele homem, que vivia em
condições precárias devido à sua enfermidade, se ele
desejaria ser curado.
Pergunta à primeira vista, perante os mais desavisados,
estranha. Era óbvio que aquele sofredor desejava a cura.
Mas ele, o enfermo, tinha a certeza disso?
Algumas vezes, quando o doente retorna ao médico para
saber os resultados dos exames solicitados para
investigar um conjunto de sinais e sintomas
apresentados, o paciente se frustra com os resultados
negativos desses mesmos exames. É uma reação estranha,
paradoxal, mas fica-se com a impressão de que a pessoa
se decepciona diante dos resultados que nada revelam
quando deveria alegrar-se!
Se parece ser óbvia a pergunta de Jesus ao homem
paralítico, ela nada tem de desnecessária, muito pelo
contrário, ela é de extrema importância.
Para entendermos isso, recordemos o ensinamento do
doutor Bezerra de Menezes que o doutor José Carlos de
Lucca nos apresenta no capítulo intitulado O poder da
vontade, em seu livro O Médico Jesus, Editora
Interlítera: Não olvideis que, basicamente, toda cura
depende da movimentação da vontade do próprio enfermo,
sem cujo concurso determinante ela não ocorrerá.
Agora fica fácil de entender a indagação de Jesus. Ele
estava criando uma sintonia para que o paralítico se
tornasse uma espécie de ímã poderoso a atrair a energia
que partiria do coração amoroso do Mestre. Jesus estava
ali para doar, mas o doente queria realmente receber,
movimentar a sua vontade em favor de si mesmo?
Na passagem da mulher hemorroíssa não foi preciso criar
essa sintonia porque a sofredora já a possuía com a mais
convicta certeza, permitindo que Jesus sentisse a
energia emanar Dele em direção a ela.
Vamos observar o que o doutor José Carlos de Lucca nos
ensina no mesmo capítulo e livro mencionado
anteriormente: Antes de curar, o Médico Jesus
costumava perguntar aos enfermos: “Queres ficar
curado?”. Com semelhante indagação, o Divino Médico
queria saber se poderia contar com a vontade firme do
paciente, pois sem ela Jesus não realizaria algo contra
o desejo daquele que, de uma forma ou de outra, ainda
não se decidira pela libertação de suas dores.
Recordemos aqueles pacientes que se decepcionam diante
dos exames que nada revelam, dando a impressão que
preferiam a doença!
Podemos dizer que essa mesma sintonia, essa mesma
vontade firme do paciente é necessária quando se busca o
socorro do passe. Muitas vezes a pessoa não sintoniza
com o plano espiritual superior, ficando com a sua mente
voltada para os problemas que ficaram na parte de fora
do Centro espírita onde é socorrida. Os Espíritos amigos
ali estão para nos fornecer a ajuda do plano espiritual,
mas não estabelecemos a ponte necessária para que o
socorro chegue até nós. Permanecemos sintonizados com os
problemas do mundo ao invés de elevarmo-nos em direção
às esferas onde o socorro está à nossa espera.
Como Jesus prometeu permanecer conosco até o fim dos
tempos, a pergunta “Queres ficar curado?” reverbera nas
dobras do tempo ao lado do nosso “poço de imperfeições
de Betesda” onde quer que estejamos, dentro ou fora de
um corpo físico.
Sim! Também fora de um corpo material na dimensão dos
Espíritos porque a cura definitiva somente será
alcançada quando o ser espiritual estiver em plena
harmonia com as Leis de Amor do Universo!
Aliás, essa era a cura proposta por Jesus e não aquela
que se confunde até hoje com a restauração de um corpo
físico que caminha inexoravelmente para a morte, mais
dia, menos dia.
E então? Queres ficar curado?
O Médico Jesus está e estará sempre ao seu lado
proporcionando as medicações que cada um tem necessidade
para a saúde plena de um Espírito necessitado de
regeneração perante si mesmo em busca do maior de todos
os mandamentos: amor a Deus sobre todas as coisas e ao
próximo como a si mesmo!