Dádivas ocultas
Recorda a caridade oculta em que te equilibras, por amor
da Providência Divina, e não desdenhes auxiliar sem
repouso para que teus passos não se percam nos
labirintos da ingratidão.
Desde o alicerce do templo da carne em que te refugias,
ampara-te o Senhor de mil modos…
Não há preço amoedado para o colo maternal em que se
plasma o corpo, não há retribuição humana com que possas
solver as dívidas do berço e nem existe ouro terrestre
capaz de redimir-te, perante a mão carinhosa que te
orientou os passos primeiros…
Toda a experiência no mundo não é mais que um dilúvio de
graças do Céu, benfazejas e anônimas, assegurando-te
estabilidade e alegria sem pagamento e sem propaganda…
A terra em que te apoias…
O aconchego do lar…
Os tesouros da escola…
O ar que alimenta…
O pão que nutre a mesa…
A fonte que te alivia…
O trabalho que te auxilia…
O amigo que te abençoa…
Não digas, assim, que o infortúnio de teu irmão é
incômodo aos teus dias, porque teus dias, em si mesmos,
não são mais que o Socorro Divino, em forma de ensejo
santo…
Aprende a auxiliar a todo momento para que não
desmereças do auxílio em que te fazes devedor em todo
instante da vida…
Lembra-te de que todos os valores reais da senda não
possuem preço na Terra e dispõe-te a estender, sem
alarde, os recursos que o teu serviço possa criar em
favor dos outros.
Sobretudo, não cobres o imposto do reconhecimento a quem
conduzas a migalha de teu consolo, entendendo que o
Erário Divino nunca te reclamou gratidão pela
assistência contínua com que te assegura a bênção da
própria marcha.
Não olvides, assim, que o Universo é o eterno “doar-se
de Nosso Pai” e que, cerceando a corrente divina do amor
em seu fluxo infatigável, a pretexto de atender nossos
inferiores caprichos, nada mais fazemos que impor ao
organismo excelso da vida a cristalização de nossa
própria sombra, fugindo à glória da luz e decretando
para nós mesmos longos períodos de reajuste no vale
tenebroso da purgação e da morte.
Do livro Abençoa sempre, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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