Enquanto perdure a pandemia, que cuidados
a Casa Espírita deve tomar?
Tudo em nosso país está a indicar que se encontra longe
do fim a pandemia causada pelo novo coronavírus e que
continuaremos por um bom tempo sem dispor de vacinas, de
medicamentos eficazes e até dos tão falados testes em
quantidade suficiente que nos possibilite atender ao que
a Organização Mundial de Saúde tanto recomendou a todos
os governantes.
Diante desse quadro, quando forem autorizadas a receber
público, como as Casas Espíritas deverão proceder? Que
cuidados deverão tomar?
As dúvidas vêm de todos os lados. Claro que as máscaras
e o uso de álcool em gel já se terão tornado uma rotina,
mas todos sabemos que isso não é suficiente. O cuidado
com as aglomerações é medida que, como sabemos, tem sido
reputada fundamental.
Para responder a estas questões, entrevistamos três
conhecidos e respeitados estudiosos espíritas: Antonio
Cesar Perri de Carvalho, palestrante, escritor,
dirigente espírita, ex-presidente da USE – União das
Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo e da
Federação Espírita Brasileira; Eurípedes Kühl, médium,
estudioso espírita e autor de inúmeras obras espíritas,
mediúnicas e não mediúnicas; e Gebaldo José de Sousa,
estudioso espírita, autor do e-book Mediunidade –
Fundamental Estudar Sempre e participante, como
esclarecedor, de duas equipes mediúnicas nos dois
hospitais espíritas de Goiânia.
A seguir, eis o que os nossos entrevistados disseram com
relação às questões que lhes foram apresentadas:
PALESTRAS PÚBLICAS
1 - Se o local das palestras públicas for grande, o
distanciamento entre as pessoas não constituirá um
grande problema. Como proceder, porém, quando o salão -
médio ou pequeno - fica geralmente lotado?
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Antonio Cesar Perri - Após
superarmos as fases de quarentena da
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pandemia viveremos uma situação nova, que
vem sendo chamada de “novo normal”.
E podem surgir orientações sanitárias gerais
por parte de cada Governo Estadual. Então
precisaremos analisar cada situação e
fazermos adequações às realidades dos
diferentes centros espíritas.
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Será
indispensável o atendimento às recomendações das
autoridades sanitárias e isso é adequado à proposta de
respeito à vida, ao ser espiritual reencarnado. Os
centros, de acordo com suas dimensões físicas e a equipe
disponível, precisará reanalisar as ofertas de reuniões
públicas, talvez com variedade de dias e de horários.
Além disso, precisaremos ficar atentos às orientações da
área da saúde, com relação à utilização de máscaras e,
eventualmente, se evitar contatos físicos, como os
fraternos abraços. Um outro aspecto, que vem sendo
desenvolvido no período da quarentena, é a utilização de
transmissão por internet. Talvez as reuniões públicas
devam contar com as duas possibilidades: um grupo
fisicamente presente e outro acompanhando à distância. O
importante será disponibilizar esclarecimentos na linha
do acolhimento e do consolo para os que procuram o
centro espírita nessa época tão complexa.
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Eurípedes Kühl -
Se o local das palestras públicas for
grande, o
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distanciamento entre as pessoas, como
sabemos, não constituirá um grande problema.
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No caso de locais médios
ou pequenos, sugerimos aos dirigentes limitar o número
de participantes, mantido o distanciamento necessário.
Havendo quórum para outra palestra, replicá-la, com o
mesmo palestrante. Quanto aos presentes, que se evitem
abraços ou cumprimentos de mão.
Gebaldo José de Sousa - Importante
limitar o número de frequentadores por sessão pública,
buscando realizar mais palestras, no mesmo dia ou em
vários outros, para dar oportunidades a todos.
PASSES
2 - Como os médiuns passistas poderão atender à tarefa,
em face da proximidade com o paciente, considerando
ainda que numa sala de passes atuam geralmente muitos
passistas?
Eurípedes –
Cadeiras espaçadas entre atendidos, que deverão
adentrar, um por vez; o mesmo quando terminar o
atendimento. Passistas e atendidos usando máscara e,
quanto ao passista, melhor se for aquela maior, da testa
ao queixo. Importante relembrar e recomendar aos
passistas: não tocar nos atendidos.
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Gebaldo - Aplicar
passes coletivos, como realizado nas grandes Casas
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Espíritas (FEB; Mansão do Caminho, etc.). |
Perri - Os
passes devem ser entendidos como doação de energias, de
sentimentos e de boas vibrações. Não há necessidade do
contato físico. A imposição de mãos com certa distância
é mais do que suficiente. Em alguns momentos já não se
aplicavam os passes coletivos? É também uma opção. O
importante é que onde há salas de passes deve-se
obedecer às orientações para maior distância com as
pessoas atendidas, entre elas e também entre os
passistas. Que se verifique também a possibilidade de
adoção da orientação sanitária de utilização de
máscaras.
GRUPOS DE ESTUDO
3 - As reuniões de estudo são geralmente realizadas em
salas pequenas. Há Centros Espíritas em que, no dia de
realização do ESDE, as turmas são numerosas e todas as
salas ficam tomadas. Como atender à recomendação
relativa ao distanciamento entre as pessoas?
Gebaldo - A
solução é limitar o número de participantes, realizando
os estudos em mais de um horário ou em vários dias da
semana, para não se excluir ninguém.
Perri - Inquestionavelmente
haverá necessidade de revisão dessas condições. Não
podemos prever em que condições retornaremos às
atividades após se superar a fase da pandemia. Poderão
permanecer alguns cuidados e por um período que, no
momento, não se pode aquilatar. Estamos vivendo uma
época em que fomos forçados a reuniões virtuais: de
estudo, de vibrações, de palestras. Provavelmente
deveremos nos preparar para aperfeiçoarmos essas opções
e realizarmos reuniões de estudo também com transmissão
ao vivo e com interatividade. E, sem dúvida, nos
adaptarmos às condições adequadas de pessoas presentes
em cada sala. Tudo indica que viveremos novas realidades
após se superar a fase crítica da pandemia. Com certeza
ainda permanecerão muitos cuidados preventivos.
Eurípedes - Cuidar
da entrada e da saída dos participantes do estudo e
observar o mesmo procedimento que mencionamos com
relação aos “passes”; se necessário, intercalar horários
ou dias dos estudos.
SESSÕES MEDIÚNICAS
4 - Nas sessões privativas, além do ajuntamento de
várias pessoas em uma pequena sala, existe uma
aproximação acentuada entre os esclarecedores e os
médiuns psicofônicos. Como agir?
Perri - As
mesmas situações que já apontamos nas outras questões:
readequação de número de pessoas presentes na(s)
sala(s); provavelmente permanecerá a recomendação de uso
de máscara e isso será uma dificuldade ou nova
necessidade de adaptações, mas há tipos de máscaras que
não dificultam a movimentação da boca; manter-se
distância entre os médiuns e entre estes e os
esclarecedores. Se houver necessidade de aplicação de
passe, são as mesmas condições que expusemos acima,
imposição de mãos e com distanciamento.
Eurípedes - Tratando-se
de sala pequena, a reunião mediúnica só será possível se
houver espaçamento entre os participantes, além das
recomendações gerais de higiene. O grupo mediúnico não
deverá ser menor do que seis participantes, nem maior
que quatorze. Doutrinadores e médiuns psicofônicos devem
usar máscara, se possível aquela transparente, de
proteção da testa ao queixo.
Gebaldo - Sugerimos
que as sessões sejam realizadas em salas maiores.
Se necessário, utilizar o mesmo local que é destinado às
reuniões públicas, distribuindo os médiuns pelo salão,
com a distância de pelo menos dois metros uns dos
outros. Esclarecer as Entidades comunicantes com o
distanciamento adequado. Aplicar passes coletivos, ao
final.
EVANGELIZAÇÃO INFANTIL
5 - A dificuldade apontada no tocante aos grupos de
estudo aparece também nas salas de evangelização
infantil, que ficam repletas de crianças. Qual a
solução?
Eurípedes - Não
há outro jeito: pensamos que é necessário dividir o
grupo de crianças, para que o distanciamento seja
mantido, adotando-se no caso as recomendações gerais a
que já nos referimos.
Gebaldo - Limitar
o número de participantes, procurando realizar a
evangelização em mais de um horário ou em vários dias da
semana, para dar oportunidades a todas elas.
Perri - Trata-se
de questão delicada, pois as autoridades médicas têm
alertado para o fato de que muitas vezes as crianças são
portadoras assintomáticas do vírus, mas são
transmissoras. Além das questões dos espaços e
distanciamentos já registrados, deve-se pensar na
possibilidade de os evangelizadores serem selecionados
entre pessoas que não estejam no chamado “grupo de
risco”. Talvez deva ser levado a sério o detalhe legal:
os pais são responsáveis pelos filhos. Nas escolas
formais isso já é realidade. Em alguns países, além das
escolas formais, os pais assinam documento para permitir
que os filhos assistam ao ensino religioso nas
diferentes agremiações. Deve existir um diálogo entre
dirigentes de centros, evangelizadores e pais das
crianças.
ASSISTÊNCIA SOCIAL
6 - Além da distribuição de gêneros alimentícios, em
muitas Casas Espíritas a assistência prestada às
famílias carentes inclui também o fornecimento de
lanche, café, sucos ou algo semelhante, tal como ocorre
geralmente numa lanchonete. Como proceder?
Gebaldo - Usar
embalagens, para que o consumo seja feito nos lares das
pessoas assistidas. Eventualmente, abolir o café ou os
sucos, caso não seja possível fornecê-los em recipientes
próprios.
Eurípedes - Nesse
caso, como as famílias já devem estar cadastradas, o
atendimento deve ser feito a determinado número de
pessoas, em horários ou dias agendados. Em todos os
casos, observar as recomendações gerais.
Perri - Creio
que devam ser obedecidos os requisitos sanitários
semelhantes aos mais recentemente exigidos para
lanchonetes e bares. Ou seja, na assistência em
instituições espíritas onde são oferecidos lanches e
refeições, devem ser adotados os mesmos cuidados de
prevenção: os colaboradores, com máscara e em algumas
situações com luvas, distanciamento entre os assistidos
e destes com os colaboradores, higienização específica
de mesas entre cada atendimento, higienização rigorosa
com talheres e pratos utilizados nos lanches e
refeições, higienização rigorosa nos ambientes da
cozinha e dos banheiros disponibilizados para os
atendidos. E neste caso utilizando-se produtos de
limpeza recomendados por equipes sanitárias.
OBSERVAÇÃO
No Estado do Paraná, a Secretaria da Saúde publicou no
dia 21 de maio uma resolução que estabelece as condições
necessárias para que as entidades religiosas voltem a
receber público. Segundo a resolução, as entidades
religiosas precisam seguir um protocolo com 34 artigos.
Entre as medidas a serem observadas, as entidades
religiosas precisam respeitar as orientações para
preservação do afastamento físico entre as pessoas e o
espaço destinado ao público deve ter a ocupação máxima
limitada a 30%, observando-se o afastamento mínimo de
dois metros entre as pessoas.
Quanto às pessoas de
idade acima de 60 anos e as que integram o grupo de
risco - hipertensos, diabéticos, gestantes e outros – a
recomendação das autoridades é que elas devam
permanecer em casa, acompanhando as celebrações por
meios eletrônicos.
Para mais informações sobre o assunto, clique
aqui