Cultura e caridade
Regozija-te na companhia dos amigos, em cuja intimidade
surpreendes o alimento espiritual que te assegura
euforia e bom ânimo; entretanto, em toda oportunidade
que se te descortine, cultiva o intercâmbio com os
habitantes das calçadas públicas ou de taperas
abandonadas, em que se esconde a penúria cansada de
sofrimento, e onde, com ligeira migalha de socorro
material ou com simples frase amiga, podes exercer o
ofício dos anjos.
Anima os festivais das crianças felizes, em que bebês
alegres e formosos conquistam prêmios de robustez;
todavia, sempre que as circunstâncias te favoreçam,
visita os recintos da provação, onde meninos
desfigurados e tristes te aguardam a faia de pão ou a
maçã que te sobrou à mesa, como retratos da verdadeira
felicidade.
Aprimora-te na apresentação pessoal, pois ao próprio
lírio no charco Deus concedeu direito à beleza digna
para a glória da Natureza; mas, quanto possas, comparece
nos círculos de angústia em que mães sofredoras se
agoniam entre a necessidade e o desespero,
oferecendo-lhes alguma bênção de amparo, de maneira a
enfeitar-lhes a face com o sorriso da esperança.
Busca os divertimentos sadios que te refaçam as energias
da mente e do corpo, sem prejuízo de teus deveres; no
entanto, quanto possível, procura os hospitais, no
intuito de confortar os irmãos doentes, de todas as
condições, que aí suportam aflição e doença, a fim de
que aprendas a agradecer a Deus as vantagens orgânicas
que desfrutas.
Esmera-te no estudo e no burilamento da personalidade,
tanto quanto puderes; porém, tanto quanto puderes,
igualmente, sai de ti mesmo, ao encontro do próximo em
dificuldades maiores que as nossas, atendendo ao amor
que Jesus nos ensinou... Então, converterás o teu
próprio sentimento em estrela no céu da inteligência,
porque, em verdade, Deus nos concede na cultura o
coração da escola, assim como nos oferece na caridade a
escola do coração.
Do livro Caridade, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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