Danton Mello interpreta o médium José Arigó no filme
“Predestinado”
Deveria ser lançado neste mês de junho nos cinemas do
Brasil o filme Predestinado - Arigó e o Espírito do
dr. Fritz. A estreia foi, contudo, adiada em face
das medidas sanitárias tomadas no Brasil para conter a
expansão da Covid-19.
Estrelado por Danton Mello e Juliana Paes, o
longa-metragem focaliza a história do médium mineiro
José Pedro de Freitas, o José Arigó, que se tornou a
esperança de cura para milhões de pessoas nas décadas de
1950 e 1960.
Questionado pela Igreja, pelos médicos e pela Justiça,
mas reverenciado pelo povo brasileiro, estima-se que
passaram por seu centro de atendimento cerca de 4
milhões de pessoas, em busca de cura ou da compreensão
dos fenômenos de que José Arigó foi um excepcional
instrumento da espiritualidade.
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Apesar de grande prestígio junto ao povo, José Arigó não
teve vida fácil como médium. Processado pela Associação
Médica
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de Minas Gerais sob a alegação de
curandeirismo, foi condenado à prisão em
1956, mas, devido à pressão popular, acabou
sendo indultado pelo presidente Juscelino
Kubitschek. Em 1964, devido a nova
condenação, ficou preso por sete meses. (1) |
O filme, que teve locações em Congonhas, Cataguases e
Rio Novo, todas localizadas em Minas Gerais, conta, além
de Danton Mello como protagonista, com grandes nomes da
televisão e do teatro, a exemplo de Juliana Paes, que
interpreta Arlete, a esposa do médium, Marcos Caruso,
Alexandre Borges, Marco Ricca e Carlos Meceni.
Quem foi José Arigó
José Pedro de Freitas, conhecido como José Arigó ou
simplesmente Zé Arigó, nasceu em Congonhas (MG) em 18 de
outubro de 1922 e ali mesmo faleceu no dia 11 de janeiro
de 1971, antes de completar 49 anos de idade.
Desenvolveu suas atividades espirituais em Congonhas
durante cerca de vinte anos, tornando nacional e
internacionalmente conhecidas as cirurgias e curas
realizadas – por intermédio de suas faculdades
mediúnicas – pelo Espírito que se denominava Dr. Fritz,
um médico alemão falecido em 1918 durante a Primeira
Guerra Mundial.
Filho de um pequeno sitiante, Arigó pôde estudar apenas
até à terceira série do atual Ensino Fundamental, no
Grupo Escolar Barão de Congonhas. Em 1936, aos quatorze
anos de idade, ingressou na Companhia de Mineração de
Ferro e Carvão, onde trabalhou até 1942. Foi nesse
período que ganhou o apelido que o acompanharia por toda
a vida: "Arigó". Nomeado servidor do IAPTC, atual INSS,
trabalhou na função pública até o fim da vida.
Em 1946, então com vinte e quatro anos de idade,
casou-se com Arlete, sua prima em 4º grau, e dessa
união nasceram seis filhos: José Tarcísio, Haroldo, Eri,
Sidney, Leôncio Antônio e Leonardo José.
O início do trabalho mediúnico
Por volta de 1950, Arigó começou a apresentar fortes
dores de cabeça e insônia, percebendo visões – uma luz
descrita como muito brilhante – e uma voz gutural num
idioma que não compreendia, fatos que o levaram a pensar
encontrar-se à beira da loucura. A incômoda situação
perdurou por cerca de três anos, durante os quais
visitou médicos e especialistas, sem melhorias.
Certo dia – contou ele a um de seus biógrafos – a voz
que o atormentava foi percebida por Arigó como
pertencendo a um personagem robusto e calvo, vestido com
roupas antigas e um avental branco, supervisionando uma
equipe de médicos e enfermeiros em uma grande sala
cirúrgica, em torno de um paciente. Depois de semelhante
sonho ter-se repetido várias vezes, o personagem
apresentou-se como sendo Adolph Fritz, um médico alemão
desencarnado durante a Primeira Guerra Mundial
(1914-1918), sem que tivesse completado sua obra na
Terra.
Arigó não compreendia o idioma, mas entendeu
perfeitamente a mensagem: ele fora escolhido como médium
pelo Dr. Fritz para realizar a obra que o ex-médico não
pôde completar na Terra. E para isso, outros Espíritos,
médicos e enfermeiros desencarnados, os auxiliariam.
Arigó acordou desse sonho tão assustado que saiu
correndo, aos gritos, ganhando a rua. Parentes e amigos
trouxeram-no de volta ao lar, onde chorou copiosamente.
Procurados, os médicos procederam a exames clínicos e
psicológicos, sem encontrar nada de anormal, embora as
dores de cabeça e os pesadelos continuassem. Até mesmo o
padre da cidade tentou auxiliar, efetuando algumas
sessões de exorcismo, mas sem sucesso.
Como ocorreu a primeira cura
Desesperado, sem encontrar uma saída, certo dia ele
resolveu experimentar atendendo ao pedido do sonho.
Encontrando um amigo aleijado, obrigado ao uso de
muletas para andar, Arigó ordenou-lhe de súbito que
largasse as muletas. E, arrancando-as com as próprias
mãos, ordenou em seguida ao amigo que caminhasse, o que
ele fez, continuando a fazê-lo desse dia em diante.
A partir de então, uma força que Arigó reputava como
"estranha" passou a utilizar-se de suas mãos rudes para
manejar instrumentos também rudes, em delicados
procedimentos cirúrgicos, no atendimento a enfermos e
aflitos.
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Incorporado pelo Dr. Fritz, Arigó utilizava-se de facas
e canivetes para extrair em
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rápidos procedimentos quistos e tumores. |
As incisões eram pequenas, se
comparadas aos procedimentos cirúrgicos praticados à
época, muitas vezes menores que o material por elas
extraído. Por vezes, durante a intervenção, Arigó ditava
uma receita, datilografada por um de seus assistentes,
para ser entregue ao paciente.
Falecimento
José Arigó faleceu em decorrência de um acidente na
rodovia BR-040. Conforme escrito no boletim de
ocorrência, quando dirigia na citada rodovia, às 12h23
de 11 de janeiro de 1971, ele perdeu a direção do seu
carro, após ter sofrido um mal súbito. O veículo invadiu
a contramão e colidiu com uma viatura do Departamento
Nacional de Estradas de Rodagem (DNER).
Sobre a vida e a obra de José Arigó, existe no Brasil
farta literatura. Basta para isso ligeira consulta à
internet.
Nesse sentido, o filme “Predestinado” servirá, com
certeza, como uma agradável introdução, que o leitor
pode aquilatar assistindo ao trailer que os
produtores do longa-metragem disponibilizaram no YouTube.
Para acessá-lo, clique aqui: trailer
do filme
(1) Os
pormenores relativos à segunda condenação podem ser
vistos pelo leitor na matéria “Zé Arigó na prisão”,
publicado na revista O Cruzeiro, em 12 de
dezembro de 1964. Para acessá-la, clique
aqui