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por Lillian Rosendo

 

Do noivado ao casamento, eis a Boa Nova!


Debruçada sobre a leitura do 1º capítulo da obra Boa Nova de autoria de Humberto de Campos e materializada pelos dedos benditos de Chico Xavier, transcrevo a seguir um trecho que me provocou inquietante indagação acerca do nosso relacionamento com o criador, com a espiritualidade, com Jesus e seus ensinamentos:

"Ia chegar à Terra o Sublime Emissário. Sua lição de verdade e de luz ia espalhar-se pelo mundo inteiro, como chuva de bênçãos magníficas e confortadoras. A Humanidade vivia, então, o século da Boa Nova. Era a “festa do noivado” a que Jesus se referiu no seu ensinamento imorredouro. ”¹

A verdade, é a entidade mais almejada tanto quanto a felicidade e o amor, bem como em seus mais diversos e infinitos entendimentos. Um Ser luminoso vem praticar esse amor universal que está além de nossas possibilidades. Nós aprendemos a praticar as afeições nas relações restritamente aos nossos pares atendendo as nossas convenções e necessidades, mas o “noivo” faz enlevar de forma mais suave e pacífica a alma a medida que esta compreende aumentando o seu anseio por amar.

Em minha observação tímida e incompleta percebo que o amor fica em terceiro plano, a verdade vem primeiro pelo bem-estar consciencial de acordo com a percepção sobre. Apesar da felicidade ser o grande objetivo, ela só é possível com a verdade. O amor fica relegado a uma conveniência de relacionamentos mais ou menos satisfatórios, mas incompletos por não sabermos ainda o que é amar.

A época o encontro do Cristo com os Judeus iniciara a compreensão acerca do infinito e misericordioso amor. A Boa Nova se instala. Havia olhos de ver, ouvidos de ouvir e corações para sentir.

Jesus a todo tempo manifestava humildade e partilhava seu amor infinito aos pobres de espírito, aos que choram, aos mansos, aos que têm fome e sede de justiça, aos misericordiosos, aos puros de coração, aos pacificadores, aos que eram perseguidos por serem seus seguidores², aos que estavam cansados e sobrecarregados. ³

Em um de seus encontros com a multidão enamorada, contou a parábola do Festim das núpcias. 4

O Cristo clareia o raciocínio, estimulando a compreensão, e usa como artifício suas alegorias. Os Instrutores da vida maior explica a parábola acima mencionada:

"(...) Jesus compara o Reino dos Céus, onde tudo é felicidade e alegria, a uma festa nupcial. Os primeiros convidados são os judeus, que Deus havia chamado em primeiro lugar para o conhecimento da sua lei. Os enviados do rei são os profetas, que convidaram os judeus a seguir o caminho da verdadeira felicidade, mas cujas palavras foram pouco ouvidas, cujas advertências foram desprezadas, e muitos deles foram mesmo massacrados, como os servos da parábola. Os convidados que deixam de comparecer, alegando que tinham de cuidar de seus campos e de seus negócios, representam as pessoas mundanas que, absorvidas pelas coisas terrenas, mostram-se indiferentes para as coisas celestiais".5

Este é o comprometimento extremamente sério, não apenas no sentido afetuoso, assume a responsabilidade para com a edificação moral e espiritual de seus irmãos mais novos.

A fidelidade que Jesus determina no período do noivado expõe as nuances da Boa Nova, o apelo ao comprometimento com a verdade dada a observância de suas máximas. Como proceder para a corrigenda e estar em consonância com o evangelho para concluir a União?

O Mestre planetário fez alusão à entrega, à confiança, ao compromisso, ao respeito e às muitas renúncias em prol do outro. É a reciprocidade, “Mas como é Santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda vossa maneira de viver".6

A vinda do Cristo representa o elo de união com o amor. "Deus é amor” 7

Ensinando através de sua abnegada coragem e íntima alegria, através dos episódios tortuosos de sua chegada e de todo o seu trabalho, foi semeando a bondade, a paz e a humildade. Exemplificou em apenas três anos de seu ministério algo revolucionário e original, através da renúncia de si mesmo, carregando a cruz até a sua doação total, o que fez ecoar diante dos séculos, nos dias atuais e além, seu carinhoso convite para segui-Lo.

Carregar a própria cruz no cotidiano dentro das relações, familiares, no trabalho e nas demais interações. Identificando as próprias limitações como: soberba, arrogância, maledicência, melindre e exaltação do interesse próprio, reconhecer as virtudes e responsabilidades e praticar o autoamor, da mesma forma a auto-observação, e querer dar aquela repaginada no espirito velho. Além de identificar, atuar para transformar as falhas em algo produtivo e daí superá-las, conquistando pensamentos mais justos e saudáveis, materializando-os em ações concordantes com o contrato matrimonial da Boa Nova, os votos de amor a Deus, a si e ao semelhante.

Perseverar com alegria e elegância, convictos de que ocorrerá em uma existência de cada vez o processo evolutivo e abraçar a perfeição tal como Jesus nos aconselhou através da conquista do “amai-vos uns aos outros” 8. Para concluir entrego a questão, que mesmo que não saibamos a resposta, tudo nos leva a ele e um dia seremos um com ele.

O que é amor? 

Indagação constante da forma consoante 

Se calo ele expande 

Externo não é o bastante 

Afirmo o abstrato 

Rabisco esse desconhecido 

É livre desconstruído infinito que transborda 

Acorda e me serena

Alenta a alma sedenta.

 

Referências bibliográficas

1 XAVIER, F.C. Boa Nova, ditado pelo Espírito Humberto de Campos, RJ: Ed. FEB. 1943.

2 BÍBLIA, Mateus 5: 3-16

3 BÍBLIA, Mateus 11, 28

4 BÍBLIA, Mateus 22:1-14

5 KARDEC, Allan, O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 18, item 2

6 BÍBLIA, 1 Pedro 1,15

7 BÍBLIA, 1 João 4, 8

8 BÍBLIA, João 13:34-35.



 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita