Do
noivado
ao
casamento,
eis a
Boa
Nova!
Debruçada sobre a leitura do 1º capítulo da obra Boa
Nova de autoria de Humberto de Campos e
materializada pelos dedos benditos de Chico Xavier,
transcrevo a seguir um trecho que me provocou
inquietante indagação acerca do nosso relacionamento com
o criador, com a espiritualidade, com Jesus e seus
ensinamentos:
"Ia chegar à Terra o Sublime Emissário. Sua lição de
verdade e de luz ia espalhar-se pelo mundo inteiro, como
chuva de bênçãos magníficas e confortadoras. A
Humanidade vivia, então, o século da Boa Nova. Era a
“festa do noivado” a que Jesus se referiu no seu
ensinamento imorredouro. ”¹
A verdade, é a entidade mais almejada tanto quanto a
felicidade e o amor, bem como em seus mais diversos e
infinitos entendimentos. Um Ser luminoso vem praticar
esse amor universal que está além de nossas
possibilidades. Nós aprendemos a praticar as afeições
nas relações restritamente aos nossos pares atendendo as
nossas convenções e necessidades, mas o “noivo” faz
enlevar de forma mais suave e pacífica a alma a medida
que esta compreende aumentando o seu anseio por amar.
Em minha observação tímida e incompleta percebo que o
amor fica em terceiro plano, a verdade vem primeiro pelo
bem-estar consciencial de acordo com a percepção sobre.
Apesar da felicidade ser o grande objetivo, ela só é
possível com a verdade. O amor fica relegado a uma
conveniência de relacionamentos mais ou menos
satisfatórios, mas incompletos por não sabermos ainda o
que é amar.
A época o encontro do Cristo com os Judeus iniciara a
compreensão acerca do infinito e misericordioso amor. A
Boa Nova se instala. Havia olhos de ver, ouvidos de
ouvir e corações para sentir.
Jesus a todo tempo manifestava humildade e partilhava
seu amor infinito aos pobres de espírito, aos que
choram, aos mansos, aos que têm fome e sede de justiça,
aos misericordiosos, aos puros de coração, aos
pacificadores, aos que eram perseguidos por serem seus
seguidores², aos que estavam cansados e sobrecarregados.
³
Em um de seus encontros com a multidão enamorada, contou
a parábola do Festim das núpcias. 4
O Cristo clareia o raciocínio, estimulando a
compreensão, e usa como artifício suas alegorias. Os
Instrutores da vida maior explica a parábola acima
mencionada:
"(...) Jesus compara o Reino dos Céus, onde tudo é
felicidade e alegria, a uma festa nupcial. Os primeiros
convidados são os judeus, que Deus havia chamado em
primeiro lugar para o conhecimento da sua lei. Os
enviados do rei são os profetas, que convidaram os
judeus a seguir o caminho da verdadeira felicidade, mas
cujas palavras foram pouco ouvidas, cujas advertências
foram desprezadas, e muitos deles foram mesmo
massacrados, como os servos da parábola. Os convidados
que deixam de comparecer, alegando que tinham de cuidar
de seus campos e de seus negócios, representam as
pessoas mundanas que, absorvidas pelas coisas terrenas,
mostram-se indiferentes para as coisas celestiais".5
Este é o comprometimento extremamente sério, não apenas
no sentido afetuoso, assume a responsabilidade para com
a edificação moral e espiritual de seus irmãos mais
novos.
A fidelidade que Jesus determina no período do noivado
expõe as nuances da Boa Nova, o apelo ao comprometimento
com a verdade dada a observância de suas máximas. Como
proceder para a corrigenda e estar em consonância com o
evangelho para concluir a União?
O Mestre planetário fez alusão à entrega, à confiança,
ao compromisso, ao respeito e às muitas renúncias em
prol do outro. É a reciprocidade, “Mas como é Santo
aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda
vossa maneira de viver".6
A vinda do Cristo representa o elo de união com o amor.
"Deus é amor” 7
Ensinando através de sua abnegada coragem e íntima
alegria, através dos episódios tortuosos de sua chegada
e de todo o seu trabalho, foi semeando a bondade, a paz
e a humildade. Exemplificou em apenas três anos de seu
ministério algo revolucionário e original, através da
renúncia de si mesmo, carregando a cruz até a sua doação
total, o que fez ecoar diante dos séculos, nos dias
atuais e além, seu carinhoso convite para segui-Lo.
Carregar a própria cruz no cotidiano dentro das
relações, familiares, no trabalho e nas demais
interações. Identificando as próprias limitações como:
soberba, arrogância, maledicência, melindre e exaltação
do interesse próprio, reconhecer as virtudes e
responsabilidades e praticar o autoamor, da mesma forma
a auto-observação, e querer dar aquela repaginada no
espirito velho. Além de identificar, atuar para
transformar as falhas em algo produtivo e daí
superá-las, conquistando pensamentos mais justos e
saudáveis, materializando-os em ações concordantes com o
contrato matrimonial da Boa Nova, os votos de amor a
Deus, a si e ao semelhante.
Perseverar com alegria e elegância, convictos de que
ocorrerá em uma existência de cada vez o processo
evolutivo e abraçar a perfeição tal como Jesus nos
aconselhou através da conquista do “amai-vos uns aos
outros” 8. Para concluir entrego a questão,
que mesmo que não saibamos a resposta, tudo nos leva a
ele e um dia seremos um com ele.
O que é amor?
Indagação constante da forma consoante
Se calo ele expande
Externo não é o bastante
Afirmo o abstrato
Rabisco esse desconhecido
É livre desconstruído infinito que transborda
Acorda e me serena
Alenta a alma sedenta.
Referências bibliográficas
1 XAVIER, F.C. Boa Nova, ditado pelo Espírito
Humberto de Campos, RJ: Ed. FEB. 1943.
2 BÍBLIA, Mateus 5: 3-16
3 BÍBLIA, Mateus 11, 28
4 BÍBLIA, Mateus 22:1-14
5 KARDEC,
Allan, O Evangelho segundo o Espiritismo, cap.
18, item 2
6 BÍBLIA, 1 Pedro 1,15
7 BÍBLIA, 1 João 4, 8
8 BÍBLIA, João 13:34-35.