Paulo Rogério Dalla
Coletta de Aguiar:
“Todos
podem beneficiar-se da prática meditativa"
A AME-Brasil Editora lançou nestes últimos dias de junho
o livro Meditação: conexões médico-espíritas. A
temática sobre a meditação tem sido amplamente
pesquisada e, sob a organização do médico psiquiatra
Paulo Rogério Dalla Coletta de Aguiar, o livro apresenta
várias contribuições com textos sobre os fundamentos da
meditação na ótica espírita, as bases neurofisiológicas
da meditação e as evidências científicas dos benefícios
na saúde. Com linguagem clara e acessível, ele traz
informações sobre as práticas meditativas, as adaptações
realizadas com crianças e jovens e as relações com o
Espiritismo, como o autor explica na entrevista
seguinte:
Como surgiu a ideia de organizar um livro sobre a
meditação?
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Eu tive contato com o Instituto Brahma Kumaris há muitos
anos, o que me ajudou muito em determinado
momento da vida em que passei por bastante
estresse.
Mais
recentemente, fiz alguns workshops
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sobre mindfulness, o que reavivou em
mim o interesse pela meditação. |
A ideia do livro em si surgiu de forma curiosa e conto
essa história na apresentação do livro: durante uma
meditação em meu consultório, ele surgiu semipronto em
minha cabeça. Só me restou levá-lo adiante.
Como foi estruturado o livro?
A ideia geral foi estruturá-lo em três partes: aquilo
que chamo de fundamentos básicos, ideias e informações
centrais sobre meditação; depois apresentamos algumas
práticas e, ao final, a proposta foi fazer a conexão com
os elementos transcendentes do ser humano, chegando ao
Espiritismo.
Quais as formas de meditação contempladas na obra?
A escolha foi feita basicamente por conveniência e
contato pessoal. Muitas outras formas poderiam ser
acrescentadas, mas temíamos que o livro se tornasse
demasiadamente extenso. Tratamos sobre o Mindfulness,
que não poderia ficar de fora pelo grande número de
pesquisas nessa área, assim como o Raja Yoga, uma forma
de meditação guiada, originária da Índia, e há ainda
outros dois capítulos que abordam a meditação adaptada à
mente infantil e práticas associadas à meditação que os
psicólogos utilizam na psicoterapia junguiana, bem
afeita à compreensão espiritual da alma humana.
É possível fazer uma relação entre a meditação e o
Espiritismo?
Sim. Desde o início do livro, no próprio prefácio, já se
aborda essa questão, em que apresentamos a meditação
como um recurso de higiene psíquica e de desenvolvimento
pessoal. Não se trata de incluí-la como prática formal
em centros espíritas, apenas de lembrar àqueles que
pretendem realizar esforços introspectivos e de reforma
íntima que esse recurso encontra-se em total sintonia
com a proposta espírita. Temos ao final do livro um
capítulo inteiro sobre esse tema.
A meditação é passível de ser compreendida por todas as
faixas etárias?
Sim, realizando-se naturalmente as adaptações
necessárias, seja na forma, seja no tempo, condizentes
com a mente infantil em desenvolvimento. No capítulo
sobre meditação para crianças, temos belos exemplos de
uma psicóloga com larga experiência nesse processo.
Quanto ao lugar, a meditação é aplicável na prática
clínica?
Sem dúvida, e isso já não é uma novidade. Muitos
psicólogos e psiquiatras utilizam-na em sua prática
clínica. Há todo um ramo da psicologia cognitiva,
chamado de “terceira onda”, que utiliza o conceito de mindfulness na
prática clínica. Há também os famosos cursos de oito
semanas de mindfulness, sendo o mais conhecido
aquele estruturado para redução de estresse. De modo
geral, as terapias cognitivas, a psicoterapia junguiana
e a transpessoal utilizam com maior frequência essa
técnica na clínica.
De acordo com estudos já feitos, quem pode beneficiar-se
com a meditação? Há alguma especialidade da área da
saúde que aponte esses benefícios?
Todos podem beneficiar-se da prática meditativa, estando
ou não movidos por alguma dificuldade na área da saúde.
Há muitos estudos realizados nas últimas décadas. Os de
neuroimagem são os mais impressionantes para mim. Há
profundas modificações na circuitaria cerebral, gerando
maior espessamento cortical em áreas responsáveis pelo
controle dos impulsos e pela regulação da atenção.
Determinadas zonas do córtex pré-frontal ganham destaque
nesse quesito. É interessante notar que há certas
“coincidências” nos estudos de neuroimagem entre as
alterações promovidas pela meditação e aquelas estudadas
como decorrentes de práticas religiosas/espirituais.
Quanto à aplicação clínica, podemos dizer que a
meditação se destaca na regulação das emoções e no
controle da ansiedade/estresse. Há muitas áreas em que
há resultados promissores, mas ainda carecem de maior
número de investigações.
O livro Meditação: Conexões
Médico-Espíritas está disponível no formato
eletrônico (e-book) nas livrarias virtuais (Amazon,
Google Books, Apple, Livraria Cultura).