Ainda
sobre o
acaso
Trata-se
de ponto
pacífico
em nossa
Doutrina
espírita
que os
fatos
importantes
na vida
de todos
nós,
aqueles
relacionados
às
experiências
que
precisamos
viver,
foram
estabelecidos
antes da
presente
encarnação.
Muitos
outros
que se
verificam
em nossa
vida não
foram
previstos,
mas
ocorrem
como
consequência
de
nossas
ações,
opções
etc. Sob
esse
aspecto,
os
autores
espíritas
costumam
afirmar
que o
acaso
não
existe.
Kardec,
ele
próprio
se valeu
dessa
expressão,
na
Revista
espírita,
junho de
1866,
quando
examinando
a
tentativa
frustrada
de morte
do
Imperador
da
Rússia,
por um
cidadão
que
desviou
a arma
do
assassino,
colocou
que para
nós, que
não
cremos
no
acaso,
mas que
tudo
está
submetido
a uma
direção
inteligente,
diremos
que
estava
nas
provas
do czar
correr
aquele
perigo, mas
que sua
hora não
tendo
ainda
chegado,
Kommissaroff
havia
sido
escolhido
para
impedir
a
realização
do
crime, e
que as
coisas
que
parecem
efeito
do acaso
estavam
organizadas
para
levar ao
resultado
desejado.
O que
nós
devemos
avaliar
é se
esta
expressão
- o
acaso
não
existe -
pode ser
aplicada
a todas
as
situações
da vida,
até
mesmo
aquelas
que nada
têm de
importante.
A
respeito
de uma
possível
causalidade
em
eventos
de
pequena
monta, a
codificação
apresenta
conceitos
bem
definidos,
citados
abaixo:
O Livro
dos
Espíritos,
Item 259.
[...]
não
escolhestes
e
previstes
tudo o
que vos
sucede
no
mundo,
até às
mínimas
coisas.
Escolhestes
apenas o
gênero
das
provações.
As
particularidades
correm
por
conta da
posição
em que
vos
achais;
são,
muitas
vezes,
consequências
das
vossas
próprias
ações.
[...] Os
acontecimentos
secundários
se
originam
das
circunstâncias
e da
força
mesma
das
coisas.
Previstos
só são
os fatos
principais,
os que
influem
no
destino.
Se
tomares
uma
estrada
cheia de
sulcos
profundos,
sabes
que
terás de
andar
cautelosamente,
porque
há
muitas
probabilidades
de
caíres;
ignoras,
contudo,
em que
ponto
cairás e
bem pode
suceder
que não
caias,
se fores
bastante
prudente.
Se, ao
percorreres
uma rua,
uma
telha te
cair na
cabeça,
não
creias
que
estava
escrito,
segundo
vulgarmente
se diz.
O Livro
dos
Espíritos,
Item 859-a
[...]
Não
creias,
entretanto,
que tudo
o que
sucede
esteja
escrito,
como
costumam
dizer.
Um
acontecimento
qualquer
pode ser
a
consequência
de um
ato que
praticaste
por tua
livre
vontade,
de tal
sorte
que, se
não o
houvesses
praticado,
o
acontecimento
não se
teria
dado.
Imagina
que
queimas
o dedo.
Isso
nada
mais é
senão
resultado
da tua
imprudência
e efeito
da
matéria.
Só as
grandes
dores,
os fatos
importantes
e
capazes
de
influir
no
moral,
Deus os
prevê,
porque
são
úteis à
tua
depuração
e à tua
instrução.
O Livro
dos
Espíritos Item
861
[...]
Sempre
confundis
duas
coisas
muito
distintas:
os
sucessos
materiais
da vida
e os
atos da
vida
moral. A
fatalidade,
que
algumas
vezes
há, só
existe
com
relação
àqueles
sucessos
materiais,
cuja
causa
reside
fora de
vós e
que
independem
da vossa
vontade.
Quanto
aos atos
da vida
moral,
esses
emanam
sempre
do
próprio
homem
que, por
conseguinte,
tem
sempre a
liberdade
de
escolher.
No
tocante,
pois, a
esses
atos,
nunca há
fatalidade.
Mas
vejamos
a
questão
do
acaso.
Os
dicionários
definem
acaso
como evento
imprevisível
que não
encontra
justificativa
lógica
ou
racional;
acontecimento
incerto,
não
programado.
Examino
quatro
situações:
Situação
1:
Vou a
conhecido
restaurante
e tomo
várias
taças de
vinho.
Embriagado,
retorno
para
casa
dirigindo
meu
automóvel.
Em certo
momento,
cochilo
e bato
em um
poste.
Esse
evento
foi
causal
ou
casual?
Causal!
Sua
causa:
alterações
cognitivas
decorrentes
da
embriaguez.
Kardec
diria:
causa
atual da
aflição
(E.S.E.
cap. V)
Situação
2:
Em
hipotética
existência
no final
do sec.
XIX,
irritado
com um
escravo
que
considero
preguiçoso,
dou-lhe
um chute
nas
costas.
O trauma
ocasiona
uma
fratura
vertebral,
e, em
decorrência
dela,
passa a
sentir
fortes
dores
lombares,
que o
acompanham
o resto
da vida.
Sec. XX:
aos 25
anos
tenho
uma
fortíssima
crise de
coluna
que me
deixa de
cama por
uma
semana.
A partir
daí,
passo a
sentir
dores
lombares
crônicas,
com
períodos
frequentes
de
piora.
Esse
evento
foi
causal
ou
casual?
Causal!
Sua
causa:
lesão
cármica;
resultado
de um
ato
criminoso
no
passado.
Kardec
diria:
causa
anterior
da
aflição
(E.S.E.
cap. V)
Situação
3: Combinamos
um amigo
e eu
tomar um
café na
padaria
do
bairro.
Encontramo-nos,
como
combinado,
na
terça-feira
às 20h.
Esse
encontro
foi
causal
ou
casual?
Causal!
Sua
causa:
desejo
de bater
papo,
motivando
encontro
programado.
Situação
4:
Vou à
padaria
do
bairro,
como
faço
frequentemente.
Encontro
com um
colega
de
trabalho;
digo olá
e
retorno
pra
minha
casa. O
encontro
com o
colega
foi
causal
ou
casual?
Casual,
pois não
foi
motivado
por
nenhuma
causa
lógica
ou
racional,
não
programado,
não
previsto
(vide
definições
do
dicionário).
Entendo
que nas
situações
1,2 e 3
não
houve
acaso,
pois
encontramos
para
elas uma
justificativa
lógica e
racional
(embriaguez,
ato
criminoso,
desejo
de bater
um
papo),
mas na
situação
04, ouve
acaso,
pois se
trata de
algo
inesperado,
não
provocado,
sem
justificativa
lógica e
reacional.
Concluindo:
para
certas
coisas
(sem
importância
na
existência
como um
todo), o
acaso
pode
existir! |