A mediunidade
praticada à luz do Espiritismo é perene fonte de bênçãos e harmonia
“(...) Antes
de ser médium dos fenômenos comuns, não olvide que todo aquele que dá de si
mesmo a mais singela colaboração à obra do bem é instrumento de Jesus, no
aperfeiçoamento do mundo”. -
Agar
A mediunidade
permite a comprovação de dois pontos básicos do Espiritismo: A
Comunicabilidade dos Espíritos e a Imortalidade da Alma. Nela está arraigado
o aspecto “Consolador” da Doutrina dos Espíritos, já que não há alegria
maior que possa receber um coração ulcerado pela dor da separação, do que a
comprovação da sobrevivência, além-túmulo, de um ser querido que deixara atrás
de si o vazio impreenchível da presença física.
Sem receio de
equívoco, podemos afirmar que a mediunidade é a mãe da Doutrina Espírita; e
também podemos concluir da mesma forma, que – hoje em dia – a filha (Doutrina
Espírita), já emancipada, deve cuidar com muito zelo de sua mãe (a mediunidade).
Em uníssono com o Mestre de Lyon, aduz Alberto: “(...)
a mediunidade é bênção sob qualquer aspecto considerada, porque faculta a
constatação da sobrevivência do Espírito à disjunção molecular, o que é
fundamental para um comportamento compatível com os fatores que geram
felicidade. Logo após, enseja oportunidades valiosas para o exercício da
autoiluminação, pelas instruções de que o médium se faz portador, adotando-as,
de início, para si mesmo, antes que para os outros. Por fim, podendo exercer uma
forma de caridade especial, que é a de auxiliar no esclarecimento daqueles que
se demoram na ignorância da sua realidade após a desencarnação, granjeando
amigos e irmãos excepcionais, que se lhe incorporam à afetividade. A
mediunidade, portanto, exercida com a lógica haurida na Codificação Kardequiana,
constitui valioso patrimônio para a elevação e a paz. O médium, por isso mesmo,
é donatário transitório de oportunidades ímpares para a plenitude, não se
podendo permitir a leviandade de utilizar esse nobre recurso de maneira
comprometedora, vulgar, insensata...
Joanna de Ângelis vem
nos lembrar do seguinte: “(...) com propriedade, asseverou o apóstolo Paulo que há
diversidade de dons, mas o espírito é o mesmo (Cor. 15:4-10), graças
aos quais se manifestam os fenômenos que procedem de Deus, através da
palavra de sabedoria, da
escrita, da profecia, das línguas, das curas, tudo como manifestação
do Espírito. Posteriormente, por
ocasião da Codificação do Espiritismo, Allan Kardec, estudando as
faculdades mediúnicas, demonstrou que
elas se apresentam com variedade e polimorfia. Mesmo quando se trata de
uma expressão que a tipifica em todos os indivíduos, ei-la que varia de
qualidade conforme o instrumento pelo qual se manifesta.
(...) A
mediunidade é faculdade neutra, apresentando-se tanto através de pessoas dignas
como estúrdias. Os fenômenos que produz resultam sempre das qualidades morais
dos seus portadores.
É
compreensível, portanto, que o mandato mediúnico revista-se de elevação e de
inteireza espiritual em todo aquele que deseja viver com sabedoria,
especialmente quando se encontra comprometido com a atividade espírita.
Nunca deve o
médium permitir-se a sistemática sintonia com as Entidades de conduta vulgar,
objetivando distrair e agradar ao público, tão ocioso quanto irresponsável,
sempre disposto ao campeonato da frivolidade. Jamais esquecer-se de que a
mediunidade deve ser considerada como um instrumento santo e que de maneira santa
e religiosamente deve ser utilizada.
A mediunidade é
ponte através da qual os imortais retornam à convivência com as criaturas
reencarnadas, advertindo-as, confortando-as, preparando-as para a sobrevivência
à morte.
Canalizar-lhe
as energias de maneira sábia e elevada, constitui dever impostergável de todo
aquele que, médium ostensivo ou natural, seja portador de uma ou de várias
facetas mediúnicas.
Torna-te veraz,
e os fenômenos por teu intermédio serão autênticos. Faze-te responsável e
sério, e as ocorrências mediúnicas a que deres origem merecerão credibilidade e
consideração. Vive conforme recomendam os Espíritos nobres, e aqueles que
participam das tuas experiências mediúnicas se esforçarão para viver
condignamente. Exercita a caridade e a renúncia, ajudando-te e ao teu próximo, e
os bons Espíritos te elegerão para instrumento do seu ministério de iluminação
humana... Jesus, na condição de Médium de Deus, viveu integralmente tudo quanto
nos ensinou a fim de buscarmos a glória celestial”.
Léon Denis leciona:
“nada verdadeiramente importante se adquire sem trabalho... Uma lenta e
laboriosa iniciação se impõe aos que buscam os bens superiores. Como todas as
coisas, a formação e o exercício da mediunidade encontram dificuldades,
bastantes vezes já assinaladas; convém insistirmos nisso, a fim de prevenir os
médiuns contra as falsas interpretações, contra as
Causas de
Erro e de Desânimo
Desde que, por
um trabalho preparatório, as faculdades do médium adquirem certa flexibilidade,
os resultados que se começam a obter são quase sempre devidos às relações
estabelecidas com os elementos inferiores do mundo invisível. Uma multidão de
Espíritos nos cerca, sempre ávidos de se comunicarem com os homens. Essa
multidão é - sobretudo - composta de almas pouco adiantadas, de Espíritos
levianos, algumas vezes maus, que a densidade de seus próprios fluidos conserva
presos à Terra. As inteligências elevadas, animadas de nobres aspirações,
revestidas de fluidos sutis, não permanecem escravizadas à nossa atmosfera
depois da separação carnal: remontam mais alto, a regiões que o seu grau de
adiantamento lhes indica. Daí baixam muitas vezes - é certo - para velar pelos
seres que lhes são caros; imiscuem-se conosco, mas unicamente para um fim útil e
em casos importantes, donde resulta que os principiantes quase nunca obtêm senão
comunicações sem valor, respostas chocarreiras, triviais, às vezes
inconvenientes, que os impacientam e desanimam... Já noutros casos o médium
inexperiente recebe ditados subscritos por nomes célebres, contendo revelações
apócrifas que lhe captam a confiança e o enchem de entusiasmo. O inspirador
invisível, conhecendo-lhe os lados vulneráveis, lisonjeia-lhe o amor-próprio e
as opiniões, superexcita-lhe a vaidade, cumulando-o de elogios e prometendo-lhe
maravilhas. Pouco a pouco o vai desviando de qualquer outra influência, de todo
exame esclarecido e o leva a se insular em seus trabalhos. É o começo de uma
obsessão, de um domínio exclusivista, que pode conduzir o médium a deploráveis
resultados.
Esses perigos
foram, desde os primórdios do Espiritismo, assinalados por Allan Kardec; todos
os dias, estamos ainda vendo médiuns deixarem-se levar pelas sugestões de
Espíritos embusteiros e serem vítimas de mistificações que os tornam ridículos.
Cuidados
iniciais
Muitas
decepções e dissabores seriam evitados se se compreendesse que a mediunidade
percorre fases sucessivas, e que, no período inicial de desenvolvimento, o
médium é, sobretudo assistido por Espíritos de ordem inferior, cujos fluidos,
ainda impregnados de matéria, se adaptam melhor aos seus e são apropriados a
esse trabalho de bosquejo, mais ou menos prolongado, a que toda faculdade está
sujeita.
Só mais tarde,
quando a faculdade mediúnica – suficientemente desenvolvida – adquiriu a
necessária maleabilidade, e se tornou dúctil o instrumento, é que os Espíritos
elevados podem intervir e utilizá-la para um fim moral e intelectual.
O período de
exercício, de trabalho preparatório, tão fértil muitas vezes em manifestações
grosseiras e mistificações, é, pois, uma fase normal de desenvolvimento da
mediunidade: é uma escola em que a nossa paciência e discernimento se exercitam,
em que aprendemos a nos familiarizar com o modo de agir dos habitantes do Além.
Nessa fase de prova e de estudo elementar, deve sempre o médium estar de
sobreaviso e nunca se afastar de uma prudente reserva. Cumpre-lhe evitar
cuidadosamente as questões ociosas ou interesseiras, os gracejos, tudo em suma
que reveste caráter frívolo e atrai os Espíritos levianos.
É preciso não
se deixar esmorecer pela mediocridade dos primeiros resultados, pela abstenção e
aparente indiferença dos nossos Amigos do Espaço. Médiuns principiantes, ficai
certos de que alguém vela por vós e de que a vossa perseverança é posta à prova.
Quando houverdes chegado ao ponto requerido, influências mais altas
chegarão a vós e hão de continuar a vossa educação psíquica.
Mediunidade:
Um Sagrado Dom do Céu
Não procureis
na mediunidade um objetivo de mera curiosidade ou de simples diversão;
considerai-a de preferência um dom do Céu, uma coisa sagrada, que deveis
utilizar com respeito, para o bem de vossos semelhantes. Elevai o pensamento às
Almas generosas que trabalham no progresso da humanidade; elas virão a vós e vos
hão de amparar e proteger. Graças a elas, as dificuldades do começo, as
inevitáveis decepções que experimentareis não terão desagradáveis consequências;
servirão para vos esclarecer a razão e vos desenvolver as forças fluídicas.
A boa
mediunidade se forma lentamente, no estudo calmo, silencioso, recolhido, longe
dos prazeres mundanos e do tumulto das paixões. Depois de um período de
preparação e expectativa, o médium colhe o fruto de seus perseverantes
esforços: Recebe dos Espíritos elevados a consagração de suas faculdades,
amadurecidas no santuário de sua alma, ao abrigo das sugestões do orgulho. Se
guardas em seu coração a pureza de ato e de intenção, virá, com a assistência de
seus guias, a se tornar cooperador utilíssimo na obra de regeneração que eles
vêm realizando.
Terminada a
primeira fase de desenvolvimento de suas faculdades, o importante para o médium
é obter a proteção de um Espírito bom, adiantado, que o guie, inspire e preserve
de qualquer perigo.
Na maior parte
das vezes é um parente, um amigo desaparecido que desempenha ao pé dele essas
funções. Um pai, uma mãe, uma esposa, um filho, se adquiriram a experiência e o
adiantamento necessários, podem-nos dirigir no delicado exercício da
mediunidade. Mas o seu poder é proporcionado ao grau de elevação a que chegaram,
e nem sempre a sua ternura e solicitude bastam para nos defender das investidas
dos Espíritos inferiores.
Dignos de
louvor são os médiuns que, por seu desinteresse e fé profunda, têm sabido
atrair, como uma espécie de aliados, os Espíritos de escol, e participar de sua
missão. Para fazer baixar das excelsas regiões esses Espíritos; para os decidir
a mergulhar em nossa espessa atmosfera, é preciso oferecer-lhes aptidões,
notáveis qualidades. Seu ardente desejo de trabalhar na regeneração do gênero
humano torna, entretanto, essa intervenção muito menos rara do que se poderia
imaginar.
Fim da primeira parte – continua na próxima edição.