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por Lillian Rosendo

 

Lar Jesus Cristo para as almas materialistas


Estamos em meados do ano 2020, temos uma morada planetária que dispõe de recursos naturais que possibilitam nosso bem-estar, a nossa vida, mas até quando? Desenvolvimento sustentável e consumo consciente podem estar em consonância, ou é um paradoxo? A sustentabilidade supre as necessidades da geração atual e garante suprir as necessidades das gerações porvindouras. O que temos de concreto para crer que existem ações que garantem esta continuidade? Consumo consciente é realmente consciente? 

São questões para resolvermos rápido pois sabemos que temos o dever de preservar os recursos naturais do lar que nos serve de morada transitória para o nosso aperfeiçoamento moral, conforme nos explica a Doutrina espírita: “Nossas diferentes existências corpóreas se passam todas na Terra? — Não, mas nos diferentes mundos. As deste globo não são as primeiras nem as últimas, mas as mais materiais e distanciadas da perfeição”. E complementa na questão seguinte: “Pode reviver muitas vezes num mesmo globo, se não estiver bastante adiantada para passar a um mundo superior”. ¹

Poderemos reencarnar no Planeta e encontraremos o que entregamos. Há quem defenda que as ações individuais são ínfimas comparando com as grandes indústrias e empresas, mas contamos com a assertiva do apóstolo Paulo: “Deus retribuirá cada um segundo suas obras”. ²    

Jesus é o grande arquiteto e construiu esse Orbe magnificente com o apoio de seus operários espirituais,dotou-o de recursos vários dos quais a humanidade se serve desde os tempos imemoriais, ocorre que estamos caminhando há algum tempo para o colapso de tais recursos e nenhum de nós pode justificar ignorância dos fatos, pois temos informações por meios sociais, educativos e midiáticos de tudo o que vem ocorrendo com a nossa casa doada por Cristo.

Estamos consumindo mais de 30% dos recursos naturais do que a capacidade de renovação da Terra; se continuarmos assim, em menos de 50 anos teremos a metade do que precisaremos, de nossas necessidades de água, energia e alimentos. 4

O consumismo se reflete no uso de descartáveis, de água e de energia, a forma como separamos o lixo orgânico e reciclável e das reais necessidades de aquisição, o que nos remete a uma questão de Allan Kardec: “Que pensar do homem que procura nos excessos de toda espécie um refinamento dos seus gozos” e a resposta: “Pobre criatura, que devemos lastimar e não invejar, porque  está  bem próxima da morte!”.

Kardec quer entender que tipo de morte e pergunta, na alínea a, da questão, se ela está próxima da morte física ou moral, e a explicação é: “De uma e de outra” 5

Assistimos impotentes à poluição do ar, do solo, dos rios e oceanos. Angustiados, às queimadas nas florestas, ao corte ilegal das árvores (a Amazônia está agonizando), à caça e à pesca predatória, ao aniquilamento de ecossistemas - que é um agravo do direito de destruição sobre os animais, regulado pela necessidade de prover a alimentação e segurança. Quando esse limite é ultrapassado, violamos a Lei Natural. Os animais, irmãos menores, destroem apenas o que necessitam, nós, com o nosso livre-arbítrio, destruímos sem necessidade, como nos explicam os Espíritos na codificação. 6

Há quem argumente fundamentado nos ensinos espíritas que processos de renovação são regidos pela Lei de destruição: tudo se destrói para renascer, e regenerar é uma transformação, entretanto, neste mesmo embasamento, a destruição fora do tempo entrava o desenvolvimento do princípio inteligente, direito recebido por Deus para viver e se reproduzir. 7

Sejamos exemplos no ambiente doméstico/social, para que contaminemos as crianças e aqueles que nos cercam; por menores que sejam as ações, elas refletem. É o mínimo que podemos fazer para sermos gratos e reconhecidos por esse bem imenso, a morada que Jesus Cristo nos reservou.

É o legado, se tivermos a grata alegria de voltar a morar em uma das “muitas moradas da casa do Pai” 8. Para não trazermos prejuízos para os próximos habitantes, precisamos agir conscientemente para com os recursos naturais finitos, atentos às escolhas e à procedência do que consumimos, uma vez que somos responsáveis pelos impactos. Nós, que tendemos para o mesmo fim, salvaguardados pela Igualdade Natural, agraciados com o brilho do Sol.

 

Referências bibliográficas:

1. Kardec, A. O Livro dos Espíritos. Encarnação nos diferentes mundos. Q. 173.

2. BÍBLIA, Paulo. Carta aos Romanos, 2: 6.

3. XAVIER, F. C. A Caminho da Luz. Espírito Emmanuel. RJ. FEB, 1938.

4. BRASIL, MMA. O que é consumo consciente? Disponível em: <clique aqui> Acesso em 10 jun. 2020.

5. Kardec, A. O Livro dos Espíritos. Gozo dos bens da Terra. Q. 714 e 714ª.

6. Kardec, A. O Livro dos Espíritos. Da Lei de Destruição. Q. 734 e 735.

7. Kardec, A. O Livro dos Espíritos. Da Lei de Destruição. Q. 728 e 729.

8. BÍBLIA, João 14: 1. “Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai”.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita