É prudente os Espíritos que vivem
na Terra proferir julgamentos?
Por conta da atividade profissional de meu pai,
ao longo de minha vida eu tive residência em
mais de 10 cidades. Acrescente-se a isto o fato
de, nestas cidades, também mudar várias vezes de
casa.
Coloquemos aí, por baixo, que em 45 anos de vida
morei em mais de 35 casas.
Portanto, mudar, para mim, sempre foi algo
normal e presente.
O que isto traz de bom?
Facilidade de adaptação às diversas situações.
O que não é tão agradável?
A dificuldade em criar raízes e desenvolver
relacionamentos de amizade mais verticais,
profundos, pois a distância, embora não diminua
o carinho e a confiança, é, naturalmente, um
obstáculo para que se aprofundem os laços.
Não foram poucas as vezes em que, ao me
acostumar com a escola, professores e amigos,
tive de deixar esta rotina de segurança e
estabilidade para seguir novos caminhos.
Algo a reclamar?
De forma alguma, afinal, são experiências de
vida e cabe-me extrair o melhor de cada uma.
Mas por qual razão entrei neste tema?
Para mostrar que não é uma atitude saudável
julgar as pessoas e suas escolhas, facilidades e
dificuldades, porquanto desconhecemos sua vida e
o que lhes ocorreu ao longo do tempo.
O que para uns é fácil, simples, quase uma
rotina, para outros configura-se em algo dos
mais difíceis.
Agora, imagine jogar este raciocínio para a
esfera do Espírito imortal.
A coisa, então, toma proporções imensuráveis.
Quantas experiências, não?
Então, quando colocamos o tema do “não
julgamento” no corpo de doutrina do Espiritismo,
encontramos, na escala espírita, a base
doutrinária que nos diz ser inadequado julgar
pessoas ou situações pelo fato de ainda não
termos condições morais e intelectuais para
posições mais próximas da realidade.
Allan Kardec faz interessantes observações para
que possamos, em nossos estudos, termos ideia do
nível moral e intelectual dos Espíritos que
estamos lidando.
Como o próprio Kardec diz, não se trata de uma
classificação absoluta e definitiva, mas de uma
base para sabermos o “solo em que estamos
pisando".
São três ordens:
1 – Espíritos imperfeitos.
2 – Bons Espíritos.
3 – Espíritos Puros.
Por conta do espaço não aprofundarei mais nestas
ordens, que possuem, ainda, suas subdivisões,
deixando ao estudioso, ou mesmo curioso, o
trabalho da leitura integral da escala espírita.
A escala espírita ensina que o indivíduo que tem
ou já sugeriu um mau pensamento para alguém pode
ser classificado como Espírito Imperfeito.
Portanto, fica simples concluir que a esmagadora
maioria das pessoas que vivem na Terra já teve,
numa ou noutra ocasião, maus pensamentos e, por
isso, na classificação de Kardec, estão na
categoria de Espíritos Imperfeitos, logo, com
poucos conhecimentos intelectuais e baixo
desenvolvimento moral.
Já os Bons Espíritos são aqueles que, embora
ainda tenham que avançar, já não são guiados
pela matéria, não são vítimas das más paixões.
Pois bem... aí é que está o pulo do gato.... Na
classificação de Kardec consta que apenas
aqueles que já estão bem adiantados, quase
chegando a Espíritos Superiores, última classe
antes de atingir o grau máximo, que é o de
Espírito Puro, é que os Espíritos possuem
qualidades morais e intelectuais tão elevadas
que lhes propiciam julgar os homens e as coisas
com certa exatidão.
Será que é esta nossa condição?
Creio que agora fica um pouco mais claro
entendermos uma das muitas razões pelas quais
não é bacana sair por aí rotulando ou julgando
quem quer que seja.
E vamos em frente... com ou sem "mudanças", mas
em frente...