A mediunidade
praticada à luz do Espiritismo é perene fonte de bênçãos e harmonia
“(...)
Antes de ser médium dos fenômenos comuns, não olvide que todo aquele que dá de
si mesmo a mais singela colaboração à obra do bem é instrumento de Jesus, no
aperfeiçoamento do mundo”. -
Agar
Centenas de
Espíritos superiores pairam acima de nós e dirigem o movimento espiritualista,
inspirando os médiuns, projetando sobre os homens de ação as vibrações de sua
vontade, a fulguração do seu próprio gênio.
Conheço vários
grupos que possuem uma assistência dessa ordem. Pela pena, pelos lábios dos
médiuns, os Espíritos-guias ditam instruções, fazem ouvir exortações; e não
obstante as imperfeições do meio e as obscuridades que lhes amortecem e velam as
irradiações do pensamento, é sempre um penetrante enlevo, um gozo d`Alma, um
gratíssimo conforto saborear a beleza de seus pensamentos escritos, escutar as
inflexões de sua palavra, que nos vem como longínquo e mavioso eco das regiões
celestes.
A descida ao
nosso mundo terrestre é um ato de abnegação e um motivo de sofrimento para o
Espírito elevado. Nunca seriam demasiados a nossa admiração e reconhecimento à
generosidade dessas Almas, que não recuam diante do contacto dos fluidos
grosseiros, à semelhança dessas nobres damas, delicadas, sensitivas, que, ao
impulso da caridade, penetram em lugares repugnantes, para levar socorros e
consolações.
(...) Em todo
ser humano existem rudimentos de mediunidade, faculdades em gérmen, que se pode
desenvolver pelo exercício. Para o maior número, um longo trabalho perseverante
é necessário. Em alguns essas faculdades se revelam desde a infância, e sem
esforço vêm a atingir, com os anos, um alto grau de perfeição. Representam em
tal caso o resultado das aquisições anteriores, o fruto os labores efetuados na
Terra ou no Espaço, fruto que conosco, ao renascer, trazemos.
Entre os
sensitivos, muitos têm a intuição de um mundo superior, extraterrestre, em que
existem, como em reserva, poderes que lhes é possível adquirir mediante íntima
comunhão e elevadas aspirações, para em seguida os manifestarem sob diversas
formas, apropriadas à sua natureza: previsões, ensinamentos, ação curativa etc.
Aplicada em tal sentido, a mediunidade torna-se uma faculdade preciosa, por meio
da qual podem ser liberalizados imensos benefícios e realizadas grandes obras.
Mundo
Espiritual: Inesgotável Manancial de Energia Alcançável pela Prece
À Humanidade
seria facultado um poderoso elemento de renovação, se todos compreendessem que
há, acima de nós, um inesgotável manancial de energia, de Vida espiritual, que
se pode atingir por gradativo adestramento, por constante orientação do
pensamento e da vontade no sentido de assimilar as suas ondas e radiações, e com
o seu auxilio desenvolver as faculdades que em nós jazem latentes. A aquisição
dessas forças nos abroquela contra o mal, nos coloca acima dos conflitos
materiais e nos torna mais firmes no cumprimento do dever. Nenhum dentre os
bens terrenos é comparável à posse desses dons. Sublimados a seu mais
alto grau, fazem os grandes missionários, os renovadores, os grandes inspirados.
Como podemos
adquirir esses poderes, essas faculdades superiores? Descerrando nossa alma,
pela vontade e pela prece, às influências do Alto. Do mesmo modo que
abrimos as portas da nossa casa, para que nela penetrem os raios do Sol, assim
também por nossos impulsos e aspirações podemos franquear aos eflúvios celestes
o nosso “ego” interior. É aí que se manifesta a ação benéfica e salutar
da prece. Pela prece humilde, breve, fervorosa, a alma se dilata e dá acesso às
irradiações do Divino Foco. A prece, para ser eficaz, não deve ser uma
recitação banal, uma fórmula decorada, senão antes uma solicitação do coração,
um ato da vontade, que atrai o fluido universal, as vibrações do dinamismo
divino. Ou deve ainda a alma projetar-se, exteriorizar-se por um vigoroso surto
e, consoante o impulso adquirido, entrar em comunicação com os mundos etéreos.
Assim, a prece
rasga uma vereda fluídica pela qual sobem as almas humanas e baixam as almas
superiores, de tal modo que uma íntima comunhão se estabeleça entre umas e
outras, e o espírito do homem seja iluminado e fortalecido pelas centelhas e
energias despedidas das Celestiais Esferas.
Em Espiritismo,
a questão de educação e adestramento dos médiuns é capital; os bons médiuns são
raros - diz-se - muitas vezes, e a ciência do invisível, privada de meios de
ação, só com muita lentidão vem a progredir.
Quantas
faculdades preciosas, todavia, não se perdem, à mingua de atenção e de cultura!
Quantas mediunidades malbaratadas em frívolas experiências, ou que, utilizadas
ao sabor do capricho, não atraem mais que perniciosas influencias e só maus
frutos produzem! Quantos médiuns inconscientes de seu ministério e do valor do
dom que lhes é outorgado, deixam inutilizadas forças capazes de contribuir para
a obra de renovação!
A mediunidade é
uma delicada flor que, para desabrochar, necessita de acuradas precauções e
assíduos cuidados; exige o método, a paciência, as altas aspirações, os
sentimentos nobres, e, sobretudo, a terna solicitude do bom Espírito que a
envolve em seu amor, em seus fluidos vivificantes. Quase sempre, porém, querem
fazê-la produzir frutos prematuros, e desde logo se estiola e fana ao contacto
dos Espíritos atrasados.
Na antiguidade,
os jovens sensitivos que revelavam aptidões especiais eram retirados do mundo,
segregados de toda influência degradante, em lugares consagrados ao culto,
rodeados de tudo o que lhes pudesse elevar o sentido do belo. Tais eram as
vestais, as druidesas, as sibilas, etc. O mesmo acontecia nas escolas de
profetas e videntes da Judéia, situadas longe do ruído das cidades. No silêncio
do deserto, na paz dos alterosos cimos, melhor podiam os iniciados atrair as
influências superiores e interrogar o Invisível. Graças a essa educação,
obtinham-se resultados que a nós nos surpreendem.
Do Cultivo
da Mediunidade nos Tempos Hodiernos
Os processos
acima descritos, são hoje inaplicáveis... As exigências sociais nem sempre
permitem ao médium dedicar-se, como conviria, ao cultivo de suas faculdades.
Sua atenção é distraída pelas mil necessidades da vida de família, suas
aspirações estorvadas pelo contacto da sociedade mais ou menos corrompida ou
frívola. Muitas vezes é ele chamado a exercer suas aptidões em círculos
impregnados de fluidos impuros, de inarmônicas vibrações, que reagem sobre o seu
organismo tão impressionável e lhe produzem desordens e perturbações.
É preciso que,
ao menos, o médium, compenetrado da utilidade e grandeza de sua função, se
aplique a aumentar seus conhecimentos e procure espiritualizar-se o mais
possível, que se reserve horas de recolhimento e tente então, pela visão
interior, alçar-se até às coisas divinas, à eterna e perfeita beleza. Quanto
mais desenvolvidos forem nele o saber, a inteligência, a moralidade, mais apto
se tornará para servir de intermediário às grandes almas do Espaço.
O importante
para o médium, dissemos mais acima, é assegurar-se uma proteção eficaz. O
auxílio do Alto é sempre proporcionado ao fim que nos propomos, aos esforços que
empregamos para merecê-lo.
Somos
auxiliados, amparados, conforme a importância das missões que nos incumbem,
tendo-se em vista o interesse geral. Essas missões são acompanhadas de provas,
de dificuldades inevitáveis, mas sempre reguladas conforme as nossas forças e
aptidões.
Desempenhadas
com dedicação, com abnegação, as nossas tarefas nos elevam na hierarquia das
almas. Negligenciadas, esquecidas, não realizadas, nos fazem estacionar na
escada do progresso. Todas acarretam responsabilidades. Desde o pai de família
que incute em seus filhinhos as noções elementares do bem, o preceptor da
mocidade, o escritor moralista, até o orador que procura arrebatar as multidões
às culminâncias do pensamento, cada um tem sua missão a preencher...
Não há mais
nobre, mais elevado cargo que ser chamado a propagar, sob a inspiração das
Potências Invisíveis, a verdade pelo mundo, a fazer ouvir aos homens o atenuado
eco dos divinos convites, incitando-os à luz e à perfeição. Tal é o papel da
alta mediunidade.
A Prática
Mediúnica Exige Responsabilidade, Disciplina e Estudo
Falamos de
responsabilidade. É necessário insistir sobre esse ponto. Muitos médiuns
procuram, no exercício de suas faculdades, satisfações de amor-próprio ou de
interesse. Descuram de fazer intervir em sua obra esse sentimento grave,
refletido, quase religioso, que é uma das condições de êxito. Esquecem muitas
vezes que a mediunidade é um dos meios de ação porque se executa o plano divino,
e que ele não tem o direito de utilizá-la ao sabor de sua fantasia.
Enquanto se não
tiverem compenetrado os médiuns da importância de sua função e da extensão de
seus deveres, haverá no exercício de suas faculdades uma fonte de abusos e de
males... Os dons psíquicos, desviados de seu eminente objetivo, utilizados para
fins de interesses medíocres, pessoais e táteis, revertem contra os seus
possuidores, atraindo-lhes, em lugar dos gênios tutelares, as potências
malfazejas do Além.
Fora das
condições de elevação de pensamento, de moralidade e desinteresse, pode a
mediunidade constituir-se um perigo; ao passo que tendo por fim firme propósito
no bem, por suas aspirações ao ideal divino, o médium se impregna de fluidos
purificados; uma atmosfera protetora se forma em torno dele, o envolve, o
preserva dos erros e das ciladas do invisível...
E se, por sua
fé e comprovado zelo, pela pureza d’Alma em que nenhum cálculo interesseiro se
insinue, obtém ele a assistência de um desses Espíritos de luz, depositários dos
segredos do Espaço, que pairam acima de nós e projetam sobre a nossa fraqueza as
suas irradiações; se esse Espírito se constitui seu protetor, seu guia, seu
amigo, graças a ele sentirá o médium uma força desconhecida penetrar-lhe todo o
ser, uma chama lhe iluminar a fronte. Todos quantos tomarem parte em seus
trabalhos, e colherem os seus resultados, sentirão reanimar-se-lhes o coração e
a inteligência às fulgurações dessa alma superior; um sopro de vida lhes
transportará o pensamento às regiões sublimes do Infinito”.
Não é sem
motivo que, de maneira poética e esclarecedora, compôs Casimiro Cunha:
“Faculdades
numerosas
Não
representam luz,
Bom médium é
todo aquele
Que anda
sempre com Jesus”.