Cartas

Ano 14 - N° 679 - 19 de Julho de 2020

De: Paulo Scalabrin (São José dos Campos, SP)

Domingo, 12 de julho de 2020 às 17:19:03
Prezado irmão. Gostaria de saber a opinião do Espiritismo sobre as aparições de Maria, mãe de Jesus.

Abraço.

Paulo


Resposta do Editor
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As aparições de Espíritos são tratadas em duas obras de Allan Kardec: A Gênese, cap. XIV, e O Livro dos Médiuns, cap. II e VI. O fenômeno é muito mais comum do que se pensa e dele há registros no Antigo e no Novo Testamento, como, por exemplo, no Evangelho segundo Mateus, em que o autor narra a visita que Jesus recebeu dos Espíritos de Moisés e Elias, na véspera de sua prisão e consequente crucificação:

“Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte, e transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moisés, e um para Elias.” (Mateus 17:1-4)

Uma das aparições de Maria, mãe de Jesus, é citada e comentada por Allan Kardec no cap. II d´O Livro dos Médiuns. Trata-se da aparição que teria ocorrido no dia 19 de setembro de 1846 numa pequena montanha em La Salette, na França, na qual Nossa Senhora – segundo divulgado pela Igreja - apareceu a dois jovens pastores, Mélanie e Maximino.

O texto em que o codificador da doutrina espírita refere-se ao assunto é este:

17. Entre os deste gênero (manifestações espíritas), devem figurar na primeira linha as aparições, porque são as mais frequentes. A de Salette, sobre a qual divergem as opiniões no seio do próprio clero, nada tem para nós de insólita. Certamente não podemos afirmar que o fato se deu, porque não temos disso prova material; mas consideramo-lo possível, atendendo a que conhecemos milhares de outros análogos, recentemente ocorridos.

Damos-lhes crédito não só porque lhes verificamos a realidade, como, sobretudo, porque sabemos perfeitamente de que maneira se produzem. Quem se reportar à teoria, que adiante expomos, das aparições, reconhecerá que este fenômeno se mostra tão simples e plausível, como um sem-número de fenômenos físicos, que só parecem prodigiosos por falta de uma chave que permita explicá-los.

Quanto à personagem que se apresentou na Salette, é outra questão. Sua identidade não nos foi absolutamente demonstrada. Apenas reconhecemos que pode ter havido uma aparição; quanto ao mais, escapa à nossa competência. A esse respeito, cada um está no direito de manter suas convicções, nada tendo o Espiritismo que ver com isso. Dizemos tão somente que os fatos que o Espiritismo produz nos revelam leis novas e nos dão a explicação de um mundo de coisas que pareciam sobrenaturais. Desde que alguns dos que passavam por miraculosos encontram, assim, explicação lógica, motivo é este bastante para que ninguém se apresse a negar o que não compreende. (O Livro dos Médiuns, cap. II, item 17.)

Pensamos que o texto acima, de autoria de Kardec, pode ser aplicado a todos os outros casos em que teria havido aparição de Nossa Senhora, ou seja, o fenômeno é perfeitamente possível, mas a identidade do Espírito precisa ser, em cada caso, devidamente demonstrada.

 

De: José Maria Moraes (Recife, PE)

Quarta-feira, 15 de julho de 2020 às 20:16:24
Já li que os espíritos são criados por Deus, simples e ignorantes (sem conhecimento), e vão melhorando intelectual e moralmente com as suas sucessivas reencarnações. O homem, então, em suas primeiras encarnações foram em corpos de macacos? Quando começaram a ter consciência de si e ter o livre-arbítrio?

José Maria


Resposta do Editor
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Há entre a alma dos animais e a alma humana uma sensível e importante diferença: a alma dos animais não é capaz de gerar pensamento contínuo; a alma humana, sim, é capaz disso.

Em seu livro Evolução em dois Mundos, 2a Parte, cap. XVIII, pp. 211 e 212, André Luiz refere-se ao assunto e diz que o cão, o macaco, o gato, o elefante, o muar e o cavalo seriam os animais superiores mais amplamente dotados de riqueza mental, como introdução ao pensamento contínuo. Segundo ele, existem ideias-fragmentos de determinado sentido mais avançadas em certos animais que em outros, o que torna difícil afirmar qual, dentre eles, é o detentor de mais dilatadas ideias-fragmentos.

As almas dos animais evoluem por meio de encarnações inúmeras e experiências múltiplas e vão sendo utilizadas, gradativamente, nas espécies animais mais evoluídas. Quando chega o momento em que essa alma atingiu o ápice possível no reino animal, ela estará pronta para seu ingresso no chamado reino hominal, cuja característica, além da possibilidade de gerar pensamento contínuo, é ser dotada de livre-arbítrio, um atributo exclusivo do Espírito humano.

Apresentada por Kardec inicialmente como simples hipótese, essa teoria foi confirmada posteriormente por diversos autores, como Galileu (Espírito), Gabriel Delanne e André Luiz, respectivamente nas obras A Gênese, cap. VI, itens 14, 15 e 19, A Evolução Anímica, pp. 70 e 71, e Evolução em Dois Mundos, Primeira Parte, cap. VII, pp. 56 e 57.

Em A Gênese, última obra publicada em vida por Kardec, Galileu é taxativo: o Espírito não chega a receber a iluminação divina, que lhe dá, com o livre-arbítrio e a consciência, a noção de seus altos destinos, sem haver passado pela série divinamente fatal dos seres inferiores, entre os quais se elabora lentamente a obra da sua individualização.

 

De: Domingos Antero da Silva (Limeira, SP)

Segunda-feira, 13 de julho de 2020 às 15:48:23

No capítulo III, itens 16 a 18, de O Evangelho segundo o Espiritismo, encontramos o seguinte texto: “Nesses mundos, todavia, ainda não existe a felicidade perfeita, mas a aurora da felicidade. O homem lá é ainda de carne e, por isso, sujeito às vicissitudes de que libertos só se acham os seres completamente desmaterializados. Ainda tem de suportar provas, porém, sem as pungentes angústias da expiação”.

O que quer dizer "O homem lá ainda é de carne" se na literatura espírita lemos que a nossa passagem desta vida para a vida espiritual é um desencarne? O perispírito pode ser considerado como carne? Se sim, é correto falarmos desencarne?

Domingos


Resposta do Editor
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O texto transcrito pelo leitor é uma referência a outros planetas mais adiantados moralmente do que o planeta em que vivemos, mas onde ocorrem reencarnações, tal como se dá aqui. Neles o homem continua sendo constituído, como na Terra, de três elementos: alma, corpo material e perispírito.

É a isso que o autor do texto se referiu com a frase: “O homem lá ainda é de carne”.

Quanto aos Espíritos completamente desmaterializados (os chamados Espíritos Puros), como não mais têm de reencarnar, eles se encontram livres da encarnação, ou seja, da carne.

 

De: Cicero Wellington Brito Bezerra (São Luís, MA)

Sábado, 11 de julho de 2020 às 23:13:49

Assunto: EVOC

Prezados, paz e bem! Gostei do projeto de obras digitais gratuitas. Gostaria de saber se vocês teriam interesse por um livro de poesias. Em caso afirmativo, indicação de tamanho (número de páginas) e se é possível envio do material por e-mail.
Abraços.

Cicero Bezerra


Resposta do Editor
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Tratando-se de uma editora espírita, é evidente que a EVOC busca editar obras espíritas, seja em prosa, seja em poesia. Se a obra atende a essa premissa, será um prazer publicá-la. A remessa do original, que deve estar no formato de Word, pode ser feita por e-mail diretamente à Direção da Editora, usando o seguinte endereço: aoofilho@gmail.com

 

De: Maria Ester Silva Rodrigues Caetano (Rio de Janeiro, RJ)

Terça-feira, 14 de julho de 2020 às 13:46:51
Há problema em orar em casa pelos desencarnados? Como por exemplo, pelos familiares, amigos, angustiados, agonizantes, sofridos e etc.? Eu acho que sim, pois de alguma forma eles ficam ligados a nossa casa por ter uma "luz" que nos conecta ao desencarnado, mas ao mesmo tempo, sinto o quanto é necessário orarmos por eles. Faz diferença se for no quintal de casa, por ser a parte externa da casa, mesmo fazendo parte da casa? Agradeço antecipadamente pelo esclarecimento.

Saúde e paz.
Maria Ester


Resposta do Editor
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Orar pelas pessoas enfermas é um ato de caridade e nada há que se possa opor a isso. Essa prática é mesmo muito comum no chamado Culto do Evangelho no Lar, que, todavia, não deve transformar-se em sessão de atendimento a desencarnados, porque essa tarefa, como sabemos, deve ser realizada no ambiente de uma instituição espírita.

O receio de se influenciar não se justifica. Lembra Roque Jacintho ("Passe e passista", cap. 19) que a influenciação negativa que disso poderia advir só ocorre quando se estabelece sintonia com a zona inferior, por parte daquele que ora. Se este se encontra equilibrado, não há por que temê-la.

Se a pessoa que ora está bem, nenhuma diferença existe entre orar dentro de casa ou orar no quintal. O importante na oração são o pensamento e o sentimento que a revestem, não o local em que é feita.

 

De: Aécio Emmanuel César (Sete Lagoas, MG)

Quinta-feira, 9 de julho de 2020 às 08:41

Assunto: Viciação dos sentidos.

Você alguma vez já parou para pensar que o ato de dançar pode ser tão santificado como o ato de orar? Devemos considerar aqui que não iremos falar especificamente de danças, mas daquelas outras que envergonhariam até mesmo os animais se pudessem, por um átimo de raciocínio, assistirem a tais diversões ditas humanas.

Diante desse pensamento, vamos analisar bem o que Calderaro esclarece a André Luiz quando eles se dirigiram a um ambiente dançante onde se encontrava o amigo transviado da semana passada. Esse relato está no livro “No Mundo Maior”, no capítulo 14, intitulado “Medida Salvadora”, pela psicografia do saudoso médium Chico Xavier.

A indiferença dos homens e a leviandade das mulheres nesse lugar espantou André Luiz. E o assistido do instrutor acima relata: “Os bailarinos não bailavam sós, (...) mas correspondiam no ritmo açodado da música inferior, a ridículos gestos dos companheiros irresponsáveis que lhes eram invisíveis. Atitudes animalescas surdiam aqui e ali, e de quando em quando, gritos histéricos feriam o ar”.

De tempos em tempos notamos as diversidades de estilos musicais. Pergunto ao Leitor Amigo: Esses estilos musicais melhoraram ou pioraram com o passar dos tempos? Creio que não preciso especificar o tipo de estilo que estamos convivendo com ele atualmente, não é mesmo?

No lugar onde se encontravam, Calderaro continuou a esclarecer André Luiz: “O bailado e o prazer nessa casa significam declarado retorno aos estados primitivos do ser com iniludíveis agravantes de viciação dos sentidos, (...). “onde homens e mulheres dotados de alto raciocínio, assumiam atitudes de que muitos símios talvez se pejassem”. Profundas tais palavras, não é mesmo?

Sempre digo que uma porcentagem de seres humanos tem grande facilidade de adotar, na sua personalidade, vícios em que todos eles irão transformá-los em primitivos humanoides deslocados da realidade da vida de Homo sapiens sapiens.

Não se tem mais aquela atração rosto com rosto colado, onde casais enamorados, abraçadinhos, mal, mal, saíam do lugar quando daquelas músicas românticas. É... O mecanismo do progresso dita normas para frente e para o alto, mas tem uma gama de seres humanos que ainda não se adequaram a uma mudança em seu estilo de vida. E, quanto ao estilo de música, tornam-se, esses, em ventríloquos de entidades inferiores que saciam prazerosamente seus vícios, através dos seus vassalos, ou melhor dizendo, de suas “mulas”.

A vida realmente continua? Perguntarão muitos. E eu respondo: Sim. Mesmo que não queiram aceitar ou que ignoram tal realidade, a Vida Imortal reina no Infinito de Deus indiferente dos “será” e dos “talvez” de muitos que se acham sábios diante da ignorância que não querem aceitar.

Comigo Leitor Amigo?

Aécio César

 

De: Jornal Mundo Maior (Santa Adélia, SP)

Terça-feira, 14 de julho de 2020 às 22:00

Assunto: Nossa dádiva.

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“O sol buscava a linha do horizonte e o manto escuro da noite já se espalhava pelos campos, quando o trabalhador deixou a lavoura e tomou o caminho de volta para casa.

Caminhava a passos largos com a colheita do dia às costas, quando notou que, em sentido contrário, vinha luxuosa carruagem revestida de estrelas.

Contemplando-a fascinado, viu-a parar junto dele e, quase assustado, reconheceu a presença do Senhor do Mundo, que saiu dela e estendeu-lhe a mão a pedir-lhe esmolas...

O quê? Refletiu espantado. O Senhor da Vida a rogar auxílio a mim, que nunca passei de mísero escravo na aspereza do solo? Mas, como o Senhor continuava esperando, mergulhou a mão no alforje de trigo que trazia e entregou ao Divino Pedinte apenas um grão da preciosa carga.

O Senhor agradeceu e partiu.

Quando, porém, o pobre homem do campo voltou a si do próprio assombro, observou que doce claridade vinha do alforje poeirento... O grão de trigo, do qual fizera sua dádiva, tornara à sacola transformado em uma pedra de ouro luminescente...

Deslumbrado gritou: Louco que fui!... Por que não dei tudo o que tenho ao Senhor da Vida?

*   *   *

O apólogo retrata um pouco da atual realidade da Terra. Quando o materialismo compromete edificações veneráveis da fé, no caminho dos homens, o Cristo pede cooperação para a sementeira do Seu Evangelho, junto ao Seu rebanho sofrido.

No entanto, nós costumamos agir como o lavrador. Não estamos dispostos a ofertar a nossa dádiva em benefício do bem comum. E quando fazemos, damos apenas uma pequena migalha.

O Senhor da Vida não necessita das coisas materiais porque todas lhe pertencem, no entanto, solicita a nossa autodoação em prol da edificação de um mundo moralmente melhor.

Assim como o verme executa sua tarefa embaixo do solo, a chuva e o vento fazem seu papel no contexto da natureza. Assim como o sol, a lua e os demais astros trabalham para que haja harmonia no Universo... Assim como as abelhas e outros insetos fazem a tarefa da polinização, possibilitando a fecundação da vida... assim também o Senhor da Vida espera de nós a dádiva da polinização do Seu amor junto aos Seus filhos.

A pequena dádiva da paciência e da tolerância... A esmola convertida em salário justo, dignificando o homem... Uma migalha de afeto doada com sinceridade... O sorriso capaz de despertar a alegria em alguém.... Um minuto de atenção a um enfermo solitário... A palavra sincera capaz de esclarecer e consolar...

Uma semente de esperança plantada no coração de alguém que sofre... São nossas pequenas dádivas que se converterão em luz a iluminar nossa própria caminhada.

*   *   *

O Senhor da Vida está sempre a solicitar a nossa colaboração para que Seus objetivos nobres se concretizem na face da Terra.

Sabedores de que nossas pequenas dádivas se converterão em tesouros eternos, não as economizemos como o lavrador. Agindo assim não teremos que dizer: Louco que fui!... Por que não dei tudo o que tenho ao Senhor da Vida?” (Redação do Momento Espírita)

Atenciosamente,

Direção do Jornal Mundo Maior

 


 
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