Pais muito exigentes?
A saúde da criança durante toda a vida vai depender de
como nos portamos em sua proximidade. As tendências que
a criança desenvolve dependem de como nos comportamos
perto dela.
Rudolf Steiner
Muita gente (ainda) valoriza resultados e, por isso, há
pais que se fiam no costume de exigirem excessivamente
dos filhos – e desde a primeira infância.
A demanda por excelência cria, na realidade, a
oportunidade de a criança crescer perfeccionista,
autoexigente. Além disso, diante do fracasso, o
indivíduo perfeccionista tende a responder de forma mais
dura emocionalmente. Ele sente mais culpa, mais
vergonha. E também sente mais raiva e desconfiança.
O perfeccionismo é uma idealização, porque não somos
perfeitos. Ou seja, podemos ser excelentes em algumas
coisas, mas em outras, não. Um bom desempenho em
matemática, contudo um esforço aprender as regras da
gramática ou mesmo uma razoável compreensão dos temas de
geografia. E ainda assim não somos menos!
Crianças que são muito exigidas pelos pais tendem a
procrastinar ou a desistir das coisas – e por medo de
errar. Além disso, ousam pouco, pois o hábito de ter
tudo sob controle lhes furta, de outro lado, a liberdade
criativa.
É obvio que a crítica é bem-vinda no cenário da
educação. Mas desde que sejam críticas feitas com afeto
e bom senso, sem esquecer o responsável pela criança de
realçar também suas qualidades e esforço cotidiano.
Pais que dão valor ao negativo e criticam a criança em
demasia são tão nocivos quanto aqueles que elogiam sem
critério ou que superprotegem os filhos, evitando que
experimentem experiências relacionadas à frustração – e
que são vitais na formação de qualquer ser humano.
Como tudo na vida, cobrança em excesso não é pedagógica
e acaba por desqualificar um ser humano que necessita,
em seus anos iniciais, de amor, carinho, atenção e
respeito.
Notinhas
Pesquisas recentes revelam que a autocrítica, muito
presente no perfeccionista, pode desencadear sintomas
depressivos, que, por sua vez, agravam o senso
autocrítico (ciclo de angústia). Também foi constatado
que a autocompaixão – virtude que falta aos
perfeccionistas – é uma das formas de proteção mais
poderosas contra a depressão e a ansiedade. Já a
autocrítica, na qual os perfeccionistas são tão bons,
pode levar à depressão. Ademais, o perfeccionismo pode
levar a pessoa a se tornar um workaholic (viciado
em trabalho) e, por isso, muito inconsciente a respeito
da necessidade de pausas para relaxar – e que são
importantes para o funcionamento saudável do cérebro e
organismo.
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