Soneto II
Mais se me afunda a chaga da amargura
Quando reflexiono, quando penso
No mar humano, encapelado e imenso,
Onde se perde a luz em noite escura…
Nesse abismo de treva a bênção pura,
Do espírito de amor ao mal infenso,
Sente o assédio do mal. É o contrassenso
Da luz unida à lama que a tortura.
Mais se me aumenta a chaga dolorida,
Escutando o soluço cavernoso
Da pobre Humanidade escravizada;
Sentindo o horror que nasce dessa vida,
Que se vive no abismo tenebroso,
Cheio do pranto da alma encarcerada!
Do livro Parnaso de Além-Túmulo, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.