A ideia
Meus amigos:
A ideia é um elemento vivo de curta ou longa duração que
exteriorizamos de nossa alma e que, exprimindo criação
nossa, forma acontecimentos e realizações, atitudes e
circunstâncias que nos ajudam ou desajudam, conforme a
natureza que lhe venhamos a imprimir.
Força atuante - opera em nosso caminho, enquanto lhe
asseguramos o movimento.
Raio criador - estabelece atos e fatos, em nosso campo
de ação, enquanto lhe garantimos o impulso.
Expressa flor ou espinho, pão ou pedra, asa ou algema,
que arremessamos na mente alheia e que retornarão,
inevitavelmente, até nós, trazendo-nos perfume ou chaga,
suplício ou alimento, cadeia ou liberdade.
O crime é uma ideia-flagelação que não encontrou
resistência.
A guerra de ofensiva é um conjunto de
ideias-perversidade, senhoreando milhares de
consciências.
O bem é uma ideia-luz, descerrando à vida caminhos de
elevação.
A paz coletiva é uma coleção de ideias-entendimento,
promovendo o progresso geral.
É por essa razão que o Evangelho representa uma
glorificada equipe de ideias de amor puro e fé
transformadora, que Jesus trouxe à esfera dos homens,
erguendo-os para o Reino Divino.
Na manjedoura, implanta o Mestre a ideia da humildade.
Na carpintaria nazarena, traça a ideia do trabalho.
Nas bodas de Caná, anuncia a ideia do auxílio
desinteressado à felicidade do próximo.
No socorro aos doentes, cria a ideia da solidariedade.
No sermão das bem-aventuranças, plasma a ideia de
exaltação dos valores imperecíveis do espírito sobre a
exaltação passageira da carne.
No Tabor, revela a ideia da sublimação.
No Jardim das Oliveiras, insculpe a ideia da suprema
lealdade a Deus.
Na cruz da renunciação e da morte, irradia a ideia do
sacrifício pessoal pelo bem dos outros, como bênção de
ressurreição para a imortalidade vitoriosa.
Nos mínimos lances do apostolado de Jesus, vemo-lo
associando verbo e ação no lançamento das ideias
renovadoras com que veio redimir o mundo.
E é por isso que, em nossas tarefas habituais,
precisamos selecionar em nossas manifestações as ideias
que nos possam garantir saúde e tranquilidade, melhoria
e ascensão.
Não nos esqueçamos de que nossos exemplos, nossas
maneiras, nossos gestos e o tipo de palavras que
cunhamos para uso de nossa boca, geram ideias, que, à
maneira de ondas criadoras, vão e vêm, partindo de nós
para os outros e voltando dos outros para nós, com a
qualidade de sentimento e pensamento que lhes
infundimos, levantando-nos para o triunfo, ou
impulsionando-nos para a derrota.
Evitemos o calão, a queixa, a irritação, o apontamento
insensato, a gíria deprimente e a frase pejorativa, não
apenas em nosso santuário de preces, mas em nosso
intercâmbio vulgar, porque toda expressão conduz à
inspiração e pagaremos alto preço pela autoria indireta
do mal.
Somos hoje responsáveis pela ideia do Senhor no círculo
de luta em que nos situamos. E é indispensável viver à
procura do Cristo, para que a ideia do Cristo viva em
nós.
Do livro Vozes do Grande Além, pelo
médium Francisco Cândido Xavier.
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