Gladis Pedersen de Oliveira (foto), natural
de Porto Alegre (RS), onde reside, é a nossa
entrevistada de hoje. Formada em Pedagogia, com
pós-graduação em Ciências da Educação e Logoterapia, já exerceu inúmeros cargos de
direção em instituições espíritas, inclusive a
presidência da Federação Espírita do Rio Grande
do Sul (FERGS).
Autora de vários livros, é atualmente
evangelizadora na Escola de Educação Infantil
Casa do Pequenino do I.E. Dias da Cruz e
trabalhadora do Departamento Espiritual do
Hospital Espírita de Porto Alegre, da S.E.
Portal da Luz, de Rondinha, Arroio do Sal e S.E.
Allan Kardec, de Torres.
Na presente entrevista, ela nos fala, entre
outros assuntos, sobre seus livros e sua atuação
no setor da evangelização das crianças e dos
jovens, que ela considera de vital importância
no mundo em que vivemos.
Quando teve contato com o Espiritismo?
Desde a infância. Na juventude, em 1964 comecei
os estudos sérios da Doutrina na S.E. Allan
Kardec, de Porto Alegre. Nessa ocasião ocorreu a
manifestação da mediunidade, que ficou ostensiva
na adolescência. Quando cheguei bastante
perturbada à S.E. Allan Kardec, fui atendida
pelo presidente na época, Waldemar Bozetti. A
ele e aos trabalhadores da Casa devo a minha
formação correta em relação aos conhecimentos da
Doutrina Espírita.
Qual foi o primeiro livro que você escreveu?
O primeiro livro foi A Missão e os
Missionários, em 2009, obra que resgata a
história da implantação da Evangelização
Espírita Infantojuvenil pela Federação Espírita
Brasileira (FEB) e a trajetória da professora
Cecilia Rocha, pioneira nesta área, no Brasil,
bem como a implantação do Estudo Sistematizado
da Doutrina Espírita, pela FEB. A evangelização
das novas gerações foi sempre a minha
preocupação primeira. Como atuava na FERGS e na
FEB nesta área, tinha acesso às informações e
ligação direta com Cecilia Rocha, que me passou
toda a documentação necessária para a
organização do livro e as experiências pessoais
dela em todo esse processo. No lançamento do
livro em Porto Alegre, contamos com a presença
de Cecilia Rocha, que estava feliz porque a
história da implantação destas atividades estava
agora preservada. O livro está esgotado, mas
estamos organizando a segunda edição, que será
ampliada.
Fale-nos sobre suas outras obras. Quantas e
quais são?
São várias, além de muitos artigos em revistas e
jornais espíritas. Em 2013 publicamos, pela
editora Olsen, o livro A Literatura e a Magia
da Arte de Contar Histórias, no qual
tratamos da importância da linguagem simbólica
da Literatura como um precioso recurso didático
que, além de recrear e informar, educa, extrai
os potenciais divinos que jazem na mente
infantil e juvenil. Jesus contava parábolas que
se eternizaram, Hans Christian Andersen deixou
um rastro de luz com seus contos.
Em 2015 lançamos pela Editora Olsen o livro Educação
– A Arte de Manejar o Caráter, obra
inspirada pela proposta educativa da Doutrina
Espírita exposta em O Livro dos Espíritos, O
Evangelho segundo o Espiritismo, na Revista
Espírita, de Allan Kardec, nos Textos
Pedagógicos de Hippolyte Léon Denizard Rivail,
nas obras de Léon Denis e na literatura
mediúnica que aborda a questão da educação,
aliadas aos conhecimentos adquiridos na nossa
formação acadêmica e experiência como educadora
e evangelizadora.
A seguir, publicamos, pela editora Olsen, Cartilha
para os Pais, em parceria com Maria Georgina
Valente e Marilene Huff, sobre a educação moral,
emocional, espiritual e a construção do caráter
dos filhos. A Cartilha para os Jovens surgiu
em 2016, pela editora Olsen e já está publicada
em espanhol, lançada em 2019, no Congresso
espírita sul americano realizado em Santa Cruz
de La Sierra, Bolívia.
O livro ilustrado infantil Sapiente, o Sapo
Sabido, que trata da questão da preservação
ambiental, a ecologia, foi lançado pela Editora
Olsen em 2015. Em 2018 surgiu A Vida por um
Fio – Suicídio: Causas e Consequências,
tendo em vista que o suicídio, atualmente
considerado uma epidemia mundial, é um mal que
precisa tornar-se visível.
Além dessas obras, organizamos e publicamos,
pela Editora Francisco Spinelli, da FERGS, os
volumes 1, 2, 3 e 4 da coleção Conte Mais e
16 livros ilustrados infantojuvenis oriundos da
mesma coleção.
Sobre os livros infantis, como lhe veio a
inspiração?
Naturalmente recebemos inspiração dos mentores
ligados ao trabalho da Evangelização e todo o
trabalho é feito com muito critério, respeito,
seguindo as orientações da equipe espiritual
liderada por Dinah Fagundes Rocha, que é a
responsável pela criação das histórias
resgatadas pelo projeto Conte Mais, que
coordenamos a partir do ano de 2000 até 2009.
Percebemos também o amparo da equipe espiritual
de Hans Christian Andersen, entre outros.
Em que consiste a coleção Conte Mais?
A coleção Conte Mais, nos quatro volumes
da obra, reúne mais de duas centenas de
histórias que foram resgatadas sob a nossa
coordenação. É fruto de produção literária
coletiva que teve início em 1948, com o objetivo
de criar histórias de cunho moral edificante
para ilustrarem os planos de aula da
evangelização. O grupo teve a coordenação da
professora Dinah Fagundes Rocha, por muitos
anos. Tivemos a oportunidade de participar dele,
a partir de meados da década de 1960. O trabalho
de criação das histórias foi bastante
meticuloso; levava-se em conta o tema moral da
aula, seus objetivos, a faixa etária do
educando, seu desenvolvimento psicológico,
interesse e capacidade de compreensão, bem como
as questões da técnica literária. Recebia-se
grande apoio espiritual. Foi feita extensa
pesquisa na literatura infantojuvenil existente.
A história deste trabalho está registrada em
nosso livro A Literatura e a Magia da Arte de
Contar Histórias, capítulos VIII e IX.
Quando do lançamento do volume 1, ocasião em que
foi inaugurada a Editora Francisco Spinelli, da
FERGS, a espiritualidade manifestou-se
explicando que a implantação do Projeto Conte
Mais, para ser concluído, percorreria um
espaço de trinta anos, isto em 2003. Os livros
encontram-se à disposição na livraria da FERGS.
Nas obras da codificação, existe alguma
orientação de Allan Kardec sobre a educação
espírita para as crianças?
Sim. Vamos encontrar nas obras básicas O
Livro dos Espíritos, O Evangelho segundo o
Espiritismo e A Gênese orientações
claras sobre a importância da fase infantil e
juvenil do espírito reencarnado como a época
mais propícia ao aprendizado do bem para a
educação dessa alma.
Existem muitas editoras lançando livros diversos
sem a devida análise do seu conteúdo. Como, em
relação a isso, as federações espíritas devem
atuar?
Percebemos que algumas federações estão mais
preocupadas em lançar uma enxurrada de livros,
com clube de livros, etc., com vistas ao lucro
financeiro, sem maior preocupação com o conteúdo
doutrinário da obra. O que importa, para elas, é
infelizmente a venda do produto, mesmo que se
trate de livros mediúnicos apócrifos, romances
somente para deleite e distração, não
estimulando a leitura edificante das obras
básicas de Allan Kardec e dos autores
consagrados, fiéis ao postulado kardequiano.
Qual tem sido a atuação das federativas
espíritas com relação ao setor de infância de
juventude?
Desde o lançamento da Campanha Permanente da
Evangelização por parte da FEB, as federativas
estaduais passaram a reconhecer a grandiosidade
dessa tarefa e envolveram-se em dinamizá-la nos
seus estados. Quanto à FERGS, não podemos emitir
opinião mais atualizada sobre a questão, pois
estamos afastadas da atividade federativa nessa
área desde 2009, quando se encerrou nossa gestão
administrativa à frente da federativa.
Qual a importância da evangelização no centro
espírita?
É de vital importância a evangelização da
infância e juventude no centro espírita. Esse
espaço deve estar aberto para receber o espírito
reencarnado na melhor fase de sua capacidade de
absorver o ensinamento do bem, do estímulo ao
desabrochar das suas potencialidades divinas,
mostrando-lhe o caminho de volta para Deus,
esclarecendo-o sobre o verdadeiro sentido da
vida.
Como deve preparar-se a pessoa que deseja
evangelizadora?
A preparação pode ser feita nos Encontros, nos
cursos de formação, com abordagens específicas
sobre as características comportamentais do
evangelizando, aspectos básicos sobre didática,
recursos e técnicas pedagógicas e conhecimento
doutrinário. Hoje temos a facilidade da
internet, que oferece uma gama de informações
sobre essa questão, fato que não dispensa o
encontro presencial, a troca de informações e
experiências.
Algo mais que queira acrescentar?
Agradeço a oportunidade oferecida pela Revista
Eletrônica “O Consolador”. Deixo registrada a
nossa preocupação em relação à educação das
crianças e jovens, que merecem de nossa parte
toda a dedicação possível, levando em conta o
período favorável que eles vivem no momento para
serem estimulados a desenvolverem todo o
potencial divino que possuem no âmago de si.
Suas palavras finais.
No momento estamos envolvidas com educadores
espíritas de vários pontos do Brasil com vistas
a ser organizada uma associação que nos reúna
para fortalecer os propósitos da educação
espírita em prol da infância e juventude
brasileiras.
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