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por Marcos Paulo de Oliveira Santos

 

Caridade


Em meados de dezembro de 2019, uma pneumonia de causa não identificada foi reportada ao escritório da Organização Mundial de Saúde (OMS) na China. Provavelmente surgiu ali nova cepa de coronavírus, chamada de coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave (covid-19).

No decurso do tempo, a situação se descontrolou e a OMS decretou a pandemia. Os países, com suas especificidades, enfrentaram (e continuam a enfrentar) o imenso desafio para diminuir o número de infectados e, consequentemente, de mortos.

Os modelos epidemiológicos evidenciam que as políticas rígidas de isolamento social, de contenção comunitária ajudaram expressivamente na redução de infectados, no número de óbitos e, principalmente, não permitiram que o sistema de saúde entrasse em colapso.

Nestes dias turbulentos, nunca foi tão premente a noção e vivência da ética e, também, da responsabilidade social. Aquela pode ser compreendida não como um bloco de gesso sobre o que é "certo" ou "errado", mas, sobretudo, como um plexo axiológico que nos permite viver em sociedade e com responsabilidade. São valores calcados na ciência, nos debates democráticos, na cultura, enfim, que possibilitam um conjunto de valores exequíveis para a vivência social. É daí que emerge a outra noção de responsabilidade social, ou seja, aquilo que se realiza enquanto o cidadão tem impacto direto ou indireto sobre a vida de outras pessoas, também cidadãs. Deste modo, é tênue a linha que separa o direito de uma e outra pessoa. E, ao fim e ao cabo, estamos todos interligados nesta aldeia global, para tomar de empréstimo o conceito de McLuhan.

Não se pode olvidar também que há uma premência econômica que demanda ações que possibilitem a existência humana com dignidade. Sim, pessoas estão em condições financeiras difíceis e o número de pessoas que estão a passar fome se agiganta a passos largos.

Neste sentido, o governo brasileiro, ainda pífia e timidamente, possibilita que milhões de pessoas recebam um auxílio emergencial (ainda que muito aquém do esperado e do que poderia ser ofertado) com o escopo de diminuir as agruras das massas.

É neste estado de coisas que surgem as ações altruístas das mais variadas pessoas, dos mais diferenciados segmentos religiosos ou não.

Saltam aos olhos as ações de caridade das pessoas, para diminuir as dores físicas e morais dos menos aquinhoados.

Alimentos não perecíveis, roupas, materiais de higiene, corte de cabelo, possibilidade de se tomar banho, comezinhos do dia a dia que, para quem não possui nada, é uma fortuna!

Há muitos a fazerem caridades para as pessoas mais simples.

“Reconhecê-los-eis pelo perfume de caridade que espalham em torno de si. Nada exprime com mais exatidão o pensamento de Jesus, nada resume tão bem os deveres do homem, como essa máxima de ordem divina.” (KARDEC, p. 213)

A pandemia evidenciou muitas desigualdades sociais: o tédio das classes média/alta em ficar em casa, em isolamento. E a luta diária das massas, pobres, que precisam trabalhar para manterem o mínimo para a dignidade.

Há, ainda, aqueles “anjos anônimos” que estão a fazer a caridade silenciosa: a prece para aqueles que desencarnaram por conta do vírus; a prece pelos familiares que se desesperaram e não puderam se despedir dos entes queridos, seguindo os ritos tradicionais do velório e sepultamento.

Ou, ainda, a caridade material já exarada acima.

A caridade é a grande bandeira que diferencia os Espíritos. Ela independe de religião. Há os que a realizam, sem qualquer vínculo religioso. “Submetei todas as vossas ações ao governo da caridade e a consciência vos responderá. Não só ela evitará que pratiqueis o mal, como também fará que pratiqueis o bem, porquanto uma virtude negativa não basta: é necessária uma virtude ativa.” (KARDEC, p. 213)

Neste cenário de caos, o conhecimento da Doutrina Espírita é luz e fanal para a existência terrena. Compreende-se que é um momento de turbulência que logo irá passar. Há que se ter fé no porvir, esperança na humanidade e na ciência, e praticar a caridade para auxiliar os irmãos e irmãs mais desfavorecidos.

O Espírito Paulo diz: “Esforçai-vos, pois, para que os vossos irmãos, observando-vos, sejam induzidos a reconhecer que verdadeiro espírita e verdadeiro cristão são uma só e a mesma coisa, dado que todos quantos praticam a caridade são discípulos de Jesus, sem embargo da seita a que pertençam” (KARDEC, p. 213).

 

Referência:

KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 131. ed. Brasília: FEB, 2015.

        



 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita