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por Rogério Coelho

 


A caridade é impossível sem a fé


“(...) Fé inabalável só o é a que pode olhar frente a frente a razão, em todas as épocas da humanidade.” - 
Allan Kardec


Afirma Joanna de Ângelis que ter fé é um ato de coragem porque o ato de crer implica – inevitavelmente – o dever de transformar-se, abdicando dos velhos hábitos para impor-se disposições impostergáveis na tarefa de edificação interior.

A fé religiosa é o mais terrível adversário da inércia, da pasmaceira, da negação, da indiferença e da prosaica atitude de observador contumaz, porque induz, quem a agasalha, para uma dinâmica relevante que conduz à vera felicidade.

Conclama-nos a abençoada Mentora de Divaldo Franco a revestirmo-nos da necessária valentia para a eliminação do “homem-velho”, mediante a própria melhoria e, ao mesmo tempo em que ressarcimos dívidas remotas e próximas, contribuiremos para o mundo melhor do futuro.

Atentemos, pois, nas seguintes palavras dessa nobre Mentora: “(...) A fé nos faz imperioso convite cuja aceitação não podemos postergar. Temos de cerrar fileiras com as falanges dos que creem e lutam, dos que amam e servem, dos que, morrendo, nascem para a vida verdadeira e ditosa.

(...) Além de libertar-te das fúteis querelas e exibições que ocorrem no picadeiro do corpo físico, a fé te concederá visão reconfortante e plenitude em todos os teus dias. Valoroso, mantém-te confiante nos postulados evangélicos e permite-te, sem titubeios, a fé, com a resolução de quem está disposto a pelejar infatigável até a vitória final com Jesus”.

A Doutrina Espírita ensina-nos a ter a fé raciocinada, e, assim, consequentemente, vamos crer, porque entendemos.

Causa-nos admiração a magnitude da fé dos primeiros cristãos que, na poética linguagem de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, revela que “ébrios de amor desciam ao circo para serem devorados pelas feras famélicas”.

Até o próprio Cristo maravilhara-Se com os testemunhos da fé, conforme vemos nas narrativas de Mateus, capítulo cinco, versículos cinco a treze, quando o Centurião de Cafarnaum falou: “(...) Dize uma palavra e o meu criado ficará são”. Afirmou o Meigo Rabi nessa ocasião que “nem mesmo em Israel encontrara tamanha fé”.

Ora, Israel era o símbolo do povo escolhido, que acreditava no Deus único, portanto, a fé ali era para estadear-se com exuberância, porém, foi o Centurião, representante do orgulho de Roma que deu a mais excelente e irrefragável demonstração de fé verdadeira. Seu raciocínio era lógico: “eu tenho autoridade e soldados às minhas ordens; e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem, e ele vem; e ao meu criado: faze isto, e ele o faz”. E dentro deste raciocínio, ele sabia que Jesus tinha autoridade muito maior que a sua, portanto, bastaria que Ele ordenasse, que pronunciasse uma palavra e o criado se veria livre da doença. Vemos assim o que é a fé raciocinada e ao mesmo tempo o sentimento de humildade daquele Centurião em admitir um poder acima de sua autoridade, acima mesmo do poder de Roma...  Ele reconhecia a autoridade de Jesus, autoridade toda moral, que é a verdadeira; e humildemente chegou-se a Ele rogando-Lhe pelo criado.

A personalidade desse Centurião é fascinante: ao mesmo tempo que detinha o poder, humildemente reconhecia o poder maior. Seu coração era generoso, pois não foi pedir para um parente e sim para o seu servo.

São belíssimas e significativas as lições que podemos extrair desse singular encontro entre o Centurião e Jesus!...

Normalmente, as criaturas detentoras de autoridade são orgulhosas, vaidosas, plenas de empáfia tipicamente farisaica. O Centurião é o exemplo no qual todos devemos nos espelhar. Era o protótipo do equilíbrio que devemos ter quando estivermos investidos de autoridade e o exemplo da bondade que devemos ter para com todos indistintamente.

Onde estará hoje em dia aquele Centurião? Se há dois mil anos já era bondoso e possuía a fé raciocinada sedimentada em seu coração, mesclada com a humildade, provavelmente hoje já se encontrará em uma daquelas moradas felizes que o Pai Celestial reservou para todos nós que ainda hoje nos encontramos degredados na Terra.

Um Espírito protetor afirmou que “a caridade é impossível sem a fé... Na verdade, impulsos generosos se nos depararão mesmo entre os que nenhuma religião têm; porém, essa caridade austera, que só com abnegação se pratica, com um constante sacrifício de todo interesse egoístico, somente a fé pode inspirá-la, porquanto só ela dá se possa carregar com coragem e perseverança a cruz da vida terrena”.

O meio mais seguro e eficaz de sobrepormo-nos ao “homem-velho”, de vencermos nossas limitações e enfrentar com coragem as vicissitudes da vida será sempre aquele que for inspirado pela Caridade e sustentado pela fé raciocinada.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita