Criança, liberdade, movimento
Quando eu ainda não sabia ler, brincava com livros e
imaginava-os cheios de vozes, contando o mundo.
Cecília Meireles
Ah, a impaciência, a pressa… Queremos que nossos filhos
se desenvolvam logo. Que aprendam palavras, números, a
função das coisas.
No dia a dia? Cercamos as crianças de brinquedos, de
telas, de inúmeras atividades, em vez de lhes dar tempo
para simplesmente brincar.
Mas uma criança precisa de muitos brinquedos?
Na realidade, a criança anseia por liberdade... Tempo
disponível para explorar o mundo através das
brincadeiras.
O meninozinho quer pular na poça d’água – três vezes?
A meninazinha insiste em subir e descer uma escada de
três degraus sete vezes. Para quem desfruta da infância,
o mundo é amplo e vastas são as opções de brincadeiras:
brincar com um balde d’água; brincar com as colheres no
chão da cozinha; brincar com as folhas do grande arbusto
que cresce solitário na praça; ajuntar pedrinhas; rir do
pássaro pousado na árvore sem saber o nome dele…
Segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, quinta-feira,
sexta-feira, sábado e domingo: a criança curiosa
encontra por si mesma opções para brincar.
E nós, os adultos? Precisamos apenas confiar que a
criança é capaz de fazer escolhas e acompanhá-la em seu
protagonismo – brincar com o cachorro, brincar com a
terra no jardim e, depois, pular amarelinha, construir
uma cabana com o cobertor vermelho, que bela invenção é
uma bola!
Toda brincadeira livremente escolhida fará bem à
criança. Pois lhe trará alegria de viver, felicidade,
entusiasmo e oportunidade de desenvolvimento.
Para nós, que temos uma criança em casa, é fundamental
recordar a frase maravilhosa de Maria Montessori:
“Deixem que as crianças sejam livres!”
Com confiança, e para a felicidade da criança, vamos
permitir que ela tenha diariamente tempo e liberdade
para eleger suas próprias brincadeiras.
Enquanto não têm foguetes
para ir à Lua
os meninos deslizam de patinete
pelas calçadas da rua. Cecília
Meireles
Notinha
Brincar livre é quando o adulto oferece essa
possibilidade à criança, sem interferir no que deve ser
escolhido/feito. O adulto permanece próximo da criança
monitorando o ambiente, acompanhando-a com uma atitude
de encorajamento, admirando com sinceridade as diversas
descobertas que ela é capaz de fazer.
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