Leopoldo Machado, um dos pioneiros das
Semanas Espíritas
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Para termos ideia de quem foi Leopoldo Machado, um dos
pioneiros e talvez o
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maior incentivador das Semanas Espíritas, que surgiram
no Brasil na década de 1930, vejamos este relato que o
saudoso confrade Antenor de Souza fez em uma entrevista
que publicamos no dia 27 de junho de 2007 nesta revista: |
“Em Juiz de Fora, Leopoldo Machado tinha preparado uma
peça para o encerramento da Semana. Os atores eram os
próprios participantes do encontro. Laís, que hoje mora
em Brasília (DF), tinha ensaiado um papel importante na
peça. Quando chegou o dia da apresentação, minutos antes
do horário marcado, eu estava com o Leopoldo quando o
telefone tocou: ‘Antenor, o professor está aí?’
Respondi: ‘Está’. ‘Então, por favor, chame-o, que eu
quero falar com ele.’ Leopoldo pegou o telefone e ouviu:
‘Professor, a Lalá está batendo os pés aqui, espumando
pela boca e dizendo que não vai de maneira alguma à
reunião de hoje, porque ela não tem nada com esse
programa de hoje, que ela não quer mais mexer com
isso...’ Leopoldo lhe pediu: ‘Passe o telefone para
ela’. Em seguida, ele disse: ‘Laís? Eu quero falar é com
você, seu intruso, saia daí. Terça-feira nós
conversaremos. Agora deixe a Laís em paz, que vamos
continuar com nosso trabalho’. (N.R.: Leopoldo se
dirigiu diretamente ao Espírito que atormentava Laís,
como se percebe por suas palavras.) O Espírito era um
ex-padre (soubemos na reunião de terça-feira, em que
estivemos) que estava desesperado por causa do apogeu do
Espiritismo, por causa daquela fraternidade passando
pela Igreja de São Mateus, aquele monte de gente andando
de braços dados, andando de um lado pro outro, ali
perto...”
Não é preciso dizer que a
jovem Laís, livre do obsessor, compareceu em seguida ao
evento. Quanto à entrevista, o leitor poderá lê-la na
íntegra clicando
aqui
Leopoldo Machado nasceu no Arraial de Cepa Forte, hoje
Jandaíra, Bahia, em 30 de setembro de 1891 e desencarnou
no dia 22 de agosto de 1957, em Nova Iguaçu (RJ).
Seu ingresso nas lides espíritas deu-se em 1915; ele
contava então 24 anos de idade. José Petitinga, um dos
maiores vultos espíritas da Bahia, foi quem o
recepcionou no meio espírita.
Algum tempo depois, casou-se com Marília Ferraz de
Almeida, que é hoje mais conhecida no meio espírita como
Marília Barbosa, radicando-se na cidade de Nova Iguaçu,
Rio de Janeiro, onde deu início às tarefas que o
tornariam conhecido em todo o País.
A ele e à esposa se deve a construção do Albergue
Noturno Allan Kardec e do Lar de Jesus, destinado a
acolher meninas órfãs.
Afeito à obra da educação, também se deve a ele a
inauguração do Colégio Leopoldo, tradicional
estabelecimento de ensino, considerado então uma das
melhores organizações educacionais da Baixada
Fluminense.
Jornalista, professor e escritor, Leopoldo destacou-se
como grande pregador e polemista que divulgou a Doutrina
Espírita por todos os meios e formas, conquistando dessa
forma o respeito dos adversários do Espiritismo e a
admiração dos confrades.
Leopoldo Machado incentivou as novas gerações a pegar no
arado com a criação das Mocidades Espíritas e das
Escolas Espíritas de Evangelização para Infância.
Impulsionou as Semanas Espíritas, as Tardes Fraternas,
os Simpósios, as Mesas-Redondas e os Congressos
Espíritas.
Realizou o "milagre" de estar presente em quase todos os
movimentos espíritas confraternativos, percorrendo todo
o Brasil, exaltando o Evangelho de Jesus e a Doutrina
dos Espíritos, como sendo a volta do Cristianismo
Redivivo, no seu sentido mais puro, como era pregado na
Casa do Caminho.
Dentre vários eventos em que teve atuação destacada,
podemos citar o I Congresso de Mocidades Espíritas do
Brasil, realizado de 17 a 23 de julho de 1948, que teve
à frente duas personalidades marcantes do movimento
espírita brasileiro: Leopoldo Machado e Lins de
Vasconcellos.
Nesse mesmo ano, Leopoldo Machado tomou parte ativa no
Congresso Brasileiro de Unificação, realizado de 31 de
outubro a 5 de novembro.
Em 1949, participou do 11º Congresso Espírita
Pan-americano, realizado no Rio de Janeiro.
Logo depois, participou juntamente com Lins de
Vasconcellos, Carlos Jordão da Silva, Francisco
Spinelli, Ary Casadio e Luiz Burgos da Caravana da
Fraternidade, que teve como objetivo o fortalecimento do
acordo, conhecido como Pacto Áureo, que deu origem à
criação do Conselho Federativo Nacional.
Deve-se também a Leopoldo a realização da Primeira Festa
Nacional do Livro Espírita, em homenagem ao dia 18 de
abril.
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Autor de vários livros espíritas, como
Pigmeus contra Gigantes, Caravana da
Fraternidade, Ide e Pregai e
muitos outros, além de crônicas, peças
teatrais, biografias, |
roteiros, teses, Leopoldo compôs inúmeras
canções para a mocidade e a infância, bem
como para o movimento espírita em geral. Uma
delas é a Canção da Alegria Cristã, composta
em parceria com Oly de Castro e que é
bastante conhecida no meio espírita: |
Canção da Alegria Cristã
Somos companheiros, amigos irmãos,
Que vivem alegres pensando no bem.
A nossa alegria é de bons cristãos,
Não ofende a Jesus nem fere a ninguém.
A nossa alegria é bem do Evangelho,
Vibra e contagia da criança ao velho.
Mesmo entre perigos daremos as mãos
Como bons amigos, como bons cristãos.
Sempre ombro a ombro, sempre lado a lado,
Vamos trabalhar com muita alegria
Pelo Espiritismo mais cristianizado,
Pela implantação da paz e harmonia.
A nossa alegria é bem do Evangelho,
Vibra e contagia da criança ao velho.
Mesmo entre perigos daremos as mãos
Como bons amigos, como bons cristãos...
O leitor pode ouvi-la, na
voz de Margarete Áquila, clicando neste
link
Leopoldo Machado sempre acreditou na força da juventude,
como mola propulsora para renovação de valores do
movimento espírita, da mesma forma que acreditou nos
eventos confraternativos e, em especial, nas Semanas
Espíritas, propondo o chamado Espiritismo de vivos,
porque acreditava que
Espiritismo é alegria, é luz, é sol que, no futuro
próximo, iluminará a humanidade.
Lutou, assim, pela renovação de valores e de conceitos,
sem fugir aos ditames da Codificação Kardequiana.
Este é, em ligeiras palavras, um pálido registro de um
dos gigantes do Espiritismo no Brasil, que nos deixou
aos 65 anos, no dia 22 de agosto de 1957.